FESTA DAS LUZES NA CIDADE DAS LUZES
Hanukkah é uma festa que celebra a liberdade de expressão, uma festa que demonstra a superioridade da luz sobre as trevas, da força do que é certo sobre o poder dos que estão errados, da esperança sobre o medo.
Judeus franceses dão início às celebrações do Hanukkah no ano judaico de 5776
Menos de 1 mês depois de enfrentar uma das maiores ondas de atentados terroristas da sua história recente, 6.000 pessoas se reuniram junto à emblemática Torre Eiffel para assistirem ao acendimento da primeira vela de uma imensa hanukkiah. Estava dado início às celebrações do Hanukkah 2015 em Paris.
Nos dias que antecederam a esta solenidade, e em meio a preocupações com a segurança, cogitou-se cancelar a tradicional cerimônia, não só em Paris como em diversas outras cidades francesas.
Um dos organizadores justificou a necessidade de não se deixar levar pelo temor e persistir na prática das comemorações, dizendo que o Hanukkah representa o oposto de tudo o que Paris viveu na fatídica noite de 13 de Novembro de 2015.
“Hanukkah é uma festa que celebra a liberdade de expressão, tanto individual quanto coletiva, uma festa que demonstra a superioridade da luz sobre as trevas, da força do que é certo sobre o poder dos que estão errados, da esperança sobre o medo”, disse um dos judeus franceses responsáveis pela organização da cerimônia.
Junto à hanukkiah estavam milhares de judeus e não judeus, autoridades governamentais e cidadãos, religiosos ou não, e o rabino-chefe da Comunidade Judaica Chabad na França, Haim Korsia, que acendeu a primeira vela.
As imagens foram transmitidas ao vivo para telões estrategicamente colocados nas cidades israelenses de Jerusalém e Netanya, onde a comunidade de expatriados franceses é representativa, seguindo-se depois cerimônias idênticas às de Paris.
A Torre Eiffel é um dos 100 locais em toda a França que irá ostentar nos próximos dias o candelabro símbolo da festa judaica também conhecida como Festa da Dedicação ou Festival das Luzes.
Mesmo sob tensão, os judeus franceses não deixaram de celebrar a vitória da luz sobre as trevas.
Diversas outras cidades do mundo farão o mesmo. De Paris a Nova York, de Moscou a São Paulo ou de Lisboa a Sidney, milhões de hanukkiot estarão brilhando nos próximos dias.
E NOTÍCIAS DE SIÃO aproveita o ensejo para desejar a todos os seus amigos e leitores um Feliz – e livre – Hanukkah!
ROBERTO KEDOSHIM
Jornalista e Editor
VERÔNICA KEDOSHIM
Pesquisadora e Revisora
O NATAL E O HANUKKAH
Não há registros de que a igreja cristã primitiva comemorasse o nascimento de Jesus. Não há registros de que a família de Jesus comemorasse o nascimento de Jesus. Mas, mesmo assim nos dias de hoje uma parcela significativa de cristãos comemoram o nascimento de Jesus, comemoração esta que recebeu o nome de Natal.
O objetivo deste texto não é desestimular as comemorações natalinas entre cristãos, nem tampouco levá-los a comemorar o Hanukkah. Como é tradição do nosso blogue, o objetivo da matéria é lançar luzes sobre tudo aquilo que se refere a Israel e ao seu povo.
Desta forma, vamos apresentar aqui um apanhado histórico de ambas as festas de forma que possamos verificar as similaridades e as diferenças entre elas.
O primeiro registro de uma Festa de Natal entre cristãos aparece num calendário ilustrado do Império Romano chamado “Chronographus Anni CCCLIV” (“Cronógrafo do ano 354“) e apontava como data da sua comemoração o dia 25 de Dezembro daquele ano.
Curiosamente, este é o dia em que os romanos festejavam um dos seus três principais deuses, o Deus Sol, que em latim era chamado de Dies Natalis Solis Invicti.
Os romanos, que haviam sido cristianizados por decreto desde o ano 313, apropriaram-se da expressão e passaram a comemorar o nascimento de Jesus chamando a festa de Natal.
Não há registros de que a família de Jesus ou seus primeiros seguidores tenham comemorado o Natal, mas como a igreja cristã primitiva era majoritariamente formada por judeus, e como Jesus e estes judeus estavam mergulhados na cultura do seu povo, é de se imaginar que eles além das festas bíblicas comemorassem também as festas tradicionais judaicas.
Uma das festas não bíblicas mais populares entre os judeus era – e ainda é – o Hanukkah. Conhecida como a “Festa da Dedicação”, ela aparece inclusive nos evangelhos, pois João apontou no seu livro que no dia desta festa Jesus estava presente no Templo (João 10:22,23).
A história de Hanukkah começa no ano 167 a.C., quando Antíoco Epifânio esmagou uma revolta dos judeus de Jerusalém e profanou o Templo erguendo nele um altar para Zeus.
Com o objetivo de debochar do Deus de Israel, Epifânio usou este altar para fazer sacrifícios com animais impuros e como toque final na profanação, regou o altar com o sangue de um porco.
Depois disso – e ainda – Epifânio proibiu aos judeus a leitura da Torá condenando à morte quem desrespeitasse a ordem.
Depois da humilhação, surgiu um grupo de guerreiros judeus na cidade de Modi’in, da família dos Hasmoneus, que travaram uma feroz batalha contra as tropas de Antíoco, libertando Jerusalém e purificando o Templo.
A família tinha por sobrenome Macabeu e o líder do grupo, um jovem chamado Judas Macabeu, reconstruiu o altar profanado e fez nele um sacrifício santo ao Senhor.
A Festa da Dedicação, também conhecida como Festa das Luzes, ou Hanukkah, relembra desde então este episódio marcante da história dos judeus.
A probabilidade de que a igreja cristã primitiva celebrasse esta festa é quase que incontestável pelos estudiosos. Não há incompatibilidade entre a maioria das festas cívicas judaicas com as práticas cristãs deste ou daquele tempo.
O calendário vigente na época em que foi publicado o Chronographus Anni CCCLIV era o Calendário Juliano. E neste calendário a festa ao Deus Sol acontecia normalmente próximo às comemorações do Hanukkah judaico. Não é difícil, portanto, inferir que muitos dos romanos que haviam sido “cristianizados” através de um decreto do Imperador Constantino Magno 40 anos antes, vincularam as comemorações ao seu deus ao nascimento de Jesus. Foi assim que surgiu a Festa de Natal.
No Século XVI o Papa Gregório XIII ajustou os calendários, que passou de Juliano a Gregoriano, mas os judeus sempre mantiveram o seu próprio calendário. Enquanto nós no Ocidente estamos no ano 2.015, em Israel vive-se os primeiros meses do ano 5.776.
Agradecido pelas informações sobre o Natal e Hanukkah. Esta realidade eu não conhecia.
Entendemos como cristãos que estes fatos acontecidos na historia não devem interferir em nossa expressão de profundo amor ao Senhor Jesus Cristo. É fato que ele veio ao mundo, e nasceu como um de nós. Se não temos uma data certa do seu nascimento, isso nao nos impede de celebrar. Afinal de contas, já tanto se tem feito para obscurecer sua vinda ao mundo; até mesmo um “bom velhinho” foi posto na tentativa de usurpar o brilho da sua gloria na manjedoura. Se esquecermos do seu nascimento, fatalmente acabaremos nos esquecendo da sua morte, que, em memória dele nos ordenou celebrar até que venha. A lembrança do dia natalicio faz parte do calendário de qualquer humano que tem um coração.