PARTICIPAÇÃO DO PRIMEIRO MINISTRO BENJAMIN NETANYAHU NO FORUM SABAN DO CENTRO DE POLÍTICAS PARA O ORIENTE MÉDIO
O Centro para a Política do Oriente Médio (antigo Centro Saban para Política do Oriente Médio) é um centro de pesquisas focado no envolvimento dos Estados Unidos nas questões do Oriente Médio. Foi fundado em Maio de 2002 e procura reunir as mentes políticas mais experientes e conhecedoras da realidade da região. As discussões até aqui realizadas têm fornecido, aos responsáveis políticos e ao público em geral, um aprofundamento das questões e análises amplas dos assuntos que interessam à paz na região. A missão do centro é “traçar o caminho político, econômico e social para um Oriente Médio em paz consigo mesmo e com o mundo”. Respeitado e ouvido tanto por autoridades do Oriente Médio quanto da América, o centro foi fundado pelo empresário e filantropo Haim Saban, um judeu egípcio que reside atualmente nos Estados Unidos.
VOCÊ NÃO PODE SER LÍDER DO POVO JUDEU E NÃO TER ESPERANÇA
Íntegra do discurso do Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu neste domingo, 6 de Dezembro.
“Quero agradecer a meu amigo Haim [Saban] por me dar a oportunidade de lhes falar. Isto acontece num momento em que os Estados Unidos enfrentam um ataque terrível e selvagem na cidade de San Bernardino, e eu gostaria de apresentar as condolências do povo de Israel para as famílias, as famílias atingidas, e, claro, enviar votos de uma rápida recuperação aos feridos.
Os terroristas estão atacando na Califórnia, em Israel e até mesmo em Paris. Eles estão atacando valores importantíssimos para nós – liberdade, tolerância, diversidade. Todas as coisas que, aos nossos olhos, definem o valor da vida e da sociedade, para eles são maldições e é por isso que eles buscam nos atacar. Eu acho também que isso é o que nos faz fortes. Eles pensam que nossa sociedade é hedonista e fraca; mas na verdade somos fortes, resistente, justamente por termos valores que eles desprezam tanto.
E estes valores que unem o Estado de Israel com os Estados Unidos, o povo americano com o povo de Israel, são fortes. E é esta identidade de valores que estão sob ataques tão ferozes nos dias de hoje. Eu acho que ninguém deve subestimar a capacidade de resistência e de poder das nossas sociedades. Ninguém deve subestimar os Estados Unidos. Eles foram, continuam a ser e sempre serão líderes do mundo, precisamente porque aquilo que eles têm enraizado nos seus valores fazem deles uma grande sociedade.
E estes são os mesmos valores pelos quais vivemos, e é por isso ninguém deve subestimar Israel, e ninguém deve subestimar a força da nossa aliança. Ela é forte e vai ser ainda mais forte nos próximos anos. E eu aprecio a disposição do presidente de firmar um novo acordo entre Israel e os Estados Unidos, um memorando de entendimento de dez anos para reforçar a cooperação israelo-americana e fortalecer a segurança de Israel com o apoio americano. Acho que todo mundo em Israel reconhece isso, a começar por mim.
Enfrentamos hoje dois desafios que eu gostaria de discutir brevemente com vocês. Um deles o desafio global de combater o terrorismo islâmico, uma praga que assola não só no Oriente Médio, mas cada vez mais a Europa, os Estados Unidos, a Ásia, todos os lugares, [até mesmo] a África. E o segundo é o problema específico do conflito palestino-israelense, que eu gostaria de abordar.
Do ponto de vista global, eu tenho que dizer que muitos afirmavam que o centro dos conflitos no Oriente Médio, e de lá o resto do mundo, estavam enraizados no conflito israelo-palestiniano. Isso nunca foi verdade e agora está comprovado [que era um argumento] falso. E o que nós vemos é a velha ordem e o islamismo militante, seja dos xiitas liderados pelo Irã ou dos sunitas liderados pelo ISIS, correndo para preencher o vazio deixado pelo colapso do Império Otomano. Agora, essas duas forças estão em conflito, uma contra o outra, porque cada um quer ter o domínio do mundo islâmico. Eles têm a esperança de estabelecer este domínio primeiro no Oriente Médio e depois, em seus projetos loucos, no resto do mundo, e esta é uma batalha de militantes islâmicos contra outros muçulmanos e contra quem quer que seja.
Isso está claramente demonstrado no caso do ISIS, que não mede suas palavras, e é encoberto pelo Irã, que tem ambições iguais. O perigo que enfrentamos torna-se mais sério quando o Islã militante una-se a um Estado soberano, porque um Estado pode receber dinheiro, pode ter receitas do petróleo, pode ter poder para desenvolver armas ou adquirir armas – armas químicas no caso do ISIS e outras armas sofisticadas – e, claro, conseguir armas nucleares, submarinos ou satélites e diversos outros tipos de foguetes e mísseis de precisão, [e este estado soberano] no caso é o Irã.
Estas batalhas, estas forças, estão lutando entre si agora na Síria, e nossa posição [posição de Israel] tem sido – a minha posição tem sido de não intervir, porque uma Síria dominada pelo ISIS é ruim e e uma Síria dominada pelo Irã também é ruim. Eu acho que a nossa política tem sido, portanto, de não tentar fortalecer um em detrimento do outro, mas enfraquecer ambos. Mas em qualquer caso, minha política tem sido a de não-intervenção, com duas exceções: A primeira delas é humanitária. Fomos um dos primeiros países a oferecer ajuda humanitária à Síria. Nós montamos um hospital de campanha junto à nossa fronteira [com a Síria] no Golã onde recebemos milhares de sírios que vieram ser atendidos espantados. Eles foram sempre ensinados a pensar que Israel e os israelenses eram demônios, mas agora os viam como anjos a tratá-los. E a segunda coisa que eu decidi fazer foi deixar claro que Israel não tolerará o uso do território sírio como corredor para que armas letais cheguem ao Hezbollah, de modo que isso abra uma frente de guerra contra nós no Líbano, ou que usem a território sírio para ataques contra Israel ou que possam permitir que o Irã consiga construir uma segunda frente militar ou de terror contra nós [nas Colinas do] Golã ou em qualquer outro lugar da Síria.
Estes são os princípios claros que defendemos. Eu digo também ao Presidente [Vladimir] Putin da Rússia, que estes são princípios que nós vamos continuar a defender e que faz sentido que a Rússia e Israel [trabalhem na] resolução de conflitos. Nós fizemos isso, assim como os Estados Unidos vêm fazendo, mas é muito importante para mim salientar que a política israelense vai continuar a seguir as linhas que acabo de enumerar.
Se eu olhar para o mundo em geral, o centro dos conflitos no Oriente Médio, onde há uma batalha entre o pensamento medieval e a modernidade, é a [mesma] batalha que está sendo travada agora em todo o mundo. E os países avançados do mundo, os países civilizados do mundo, têm que estar unidos para conter e, finalmente, derrotar o islamismo militante. No fundo, os seres humanos querem ter liberdade e eu acho que o desejo e a tecnologia da liberdade, a disseminação de informações, acabará por derrotar o islamismo militante da mesma forma que derrotou outra parceria ideológica assassina que tentou dominar o mundo: o Nazismo.
No caso do Nazismo, este ceifou 60 milhões de vidas e matou um terço do nosso povo antes de ser derrotado, e nós não podemos permitir que isso volte a acontecer novamente. Eu acho que isso não vai acontecer de novo. Primeiro, porque temos os antecedentes históricos; e segundo, porque temos o Estado de Israel e o povo judeu. Nós não vamos permitir que qualquer uma dessas forças medievais violentas ameacem nosso país e ameaçam nosso povo.
No que diz respeito ao conflito palestino-israelense, eu acho que há um outro mal-entendido. Há muito tempo as pessoas vêm dizendo que o centro deste conflito foi a tomada de territórios por parte de Israel na guerra de 1967. Essa é uma questão que precisa ser tratada em qualquer processo de paz, como no caso da questão dos assentamentos, mas não é o centro do conflito. Em Gaza, [depois que Israel entregou territórios] nada mudou. Na verdade, ao invés de obtermos paz, nós demos territórios e recebemos 15.000 foguetes sobre nossas cabeças. Nós retiramos todos os assentamentos; nós desenterramos nossos mortos de suas sepulturas; e com isso conseguimos paz? Não! Temos agora o pior terror possível!
Isso aconteceu anteriormente também, quando deixamos o Líbano as pessoas diziam: “Bem, se vocês deixarem o Líbano, o Hezbollah, em seguida, fará as pazes com vocês.” O fato é que temos 15.000 foguetes vindos de lá também. E mesmo assim as pessoas dizem natualmente, olha, [vocês devem fazer o mesmo] se vocês quiserem resolver o conflito cara-a-cara os palestinos na Judéia e Samaria, na Cisjordânia, mas como podemos garantir que isso não tornará a acontecer? Bem, a fim de garantir que não volte a acontecer, temos que tratar a causa da raiz do problema. Por que este conflito não é resolvido há cem anos? Porque não foram resolvidos mesmo depois que sucessivos primeiros-ministros israelenses, seis ao todo, após os Acordos de Oslo, se ofereceram para fazer a paz. Ofereceram aos palestinos a possibilidade de construírem um Estado ao lado do Estado de Israel – e os palestinos nunca estiveram dispostos a cruzar essa ponte conceitual, essa ponte emocional, de desistir do sonho não de ter um estado ao lado de Israel, mas um estado em vez de Israel.
E é por isso que eles persistentemente recusam – não apenas o Hamas em Gaza, mas também a Autoridade Palestina – eles se recusam a aceitar que, em um acordo de paz final, eles devem reconhecer o Estado judeu, eles devem reconhecer um Estado-nação para o povo judeu. Eles pedem que reconheçamos um Estado-nação para o povo palestino, mas se recusam a conceder esse mesmo direito a nós. Eu já disse e continuo a dizer, que em última análise a única solução viável não é um Estado unitário, mas um Estado palestino, desmilitarizado, que reconheça o Estado judeu. Essa é a solução. Mas os palestinos têm de reconhecer o Estado judeu o que persistentemente se recusam a fazê-lo. Eles se recusam a reconhecer um Estado-nação do povo judeu em qualquer fronteira. Isso foi e continua a ser o centro do conflito. Não este ou aquele gesto ou a ausência deste ou daquele gesto, mas a incapacidade ou relutância da liderança palestina para dar o passo necessário.
Vocês podem ter uma ideia disso ao ouvir o que [o presidente da Autoridade Palestina] Abu Mazen falou sobre a “ocupação de terras palestinas nos últimos 67 anos”. Vocês ouviram isso? Ocupação de terras palestinas? Durante os últimos 67 anos? Sessenta e sete anos atrás era 1948. Foi quando o Estado de Israel foi estabelecido. Será que Abu Mazen quer dizer que Tel Aviv é um território palestino ocupado? Que Haifa é? Ou Beer Sheba? Ele se recusa a admitir que as fronteiras que eles desejam, as fronteiras definitivas que desejam, são bem maiores. Eles se recusam a reconhecer que não terão mais direito sobre o território do Estado judeu, que eles não vão tentar de alguma forma para inundá-lo com os descendentes dos refugiados.
Menciono este ponto sobre o reconhecimento mútuo nacional porque é tão fundamental, e como eles repetem tanto isso, como um mantra, que o centro do conflito, sempre no singular, o centro do conflito no Oriente Médio é um conflito palestino-israelense, que acabou por tornar-se infantil e irrelevante. A mesma coisa que eu estou dizendo acontece com o argumento de que o centro do conflito são os assentamentos ou os territórios. Eles são sim um problema a ser resolvido, mas não são o centro do conflito.
Eu acho importante, se queremos resolver esse problema, exigir da liderança palestina o reconhecimento do Estado judeu. Ainda teremos muitas, muitas questões para resolver, mas comecemos com o reconhecimento do direito do povo judeu de ter um Estado próprio! Este é o fundamento da paz e a ausência desse reconhecimento é o verdadeiro obstáculo.
Eu não vou perder a esperança. Você não pode ser líder do povo judeu e não ter esperança, porque temos superado tantas dificuldade nos últimos milhares de anos e nos últimos cem anos. Temos marcas no nosso caminho de volta a uma existência soberana. Nós construímos um estado notável! Somos líderes mundiais em tecnologia, agricultura, irrigação, informática, medicina – em tantas áreas. E temos acordos de paz com dois países: a Jordânia e o Egito. E, como a imagem que descrevi sobre a ameaça dos militantes islâmicos para a sociedade árabe e muçulmana vem aumentando, estamos fazendo incursões e diversos contatos com países árabes e não árabes, como alguns países da Ásia, China, Índia, Japão; dezenas de países africanos; países da América Latina. É animador! É animador ver como Israel está sendo recebido e como as pessoas estão mudando a imagem que têm de Israel. Como eles mudam sua visão do conflito essencial entre uma visão moderna e a visão medieval que agora está se espalhando por todo o mundo.
Mas eu sei, com toda a franqueza, que embora tenhamos contato com dezenas e dezenas de países, inclusive da nossa própria região, eu ainda sei que nosso melhor amigo é os Estados Unidos da América. Esta é uma parceria de valores sólidos. É a parceria mais profunda que existe. Democratas, republicanos, independentes – nós valorizamos o seu apoio. Nós valorizamos isso e acreditamos que esta parceria entre Israel e os Estados Unidos é o eixo em torno do qual muitas outras parcerias podem ser construídas na nossa região e fora dela, para o bem de toda a humanidade.”
NDS | GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO
Profundo, tocante e verdadeiro! Essa bandeira é nossa também, BENJAMIN NETANYAHU, pois “O MAIOR AMIGO” QUE TEMOS é YHVH, O DEUS DE ABRAÃO, DE ISAQUE E DE ISRAEL!