JUDEUS ISRAELENSES ESTÃO A SOCORRER PESSOAS NECESSITADAS DE QUALQUER LUGAR OU ATÉ MESMO DE LUGAR NENHUM
Surpresos, os refugiados custavam a crer que os homens que se lançaram ao mar para salvá-los e a médica que lhes atendia eram judeus.
Voluntária judia resgata criança árabe de barco naufragado
A CRISE DOS REFUGIADOS E UM SOCORRO PARA MUITOS IMPENSÁVEL
2015 foi um dos anos mais mortíferos entre as populações migratórias de todo o mundo. Nos 9 primeiros meses do ano, e só nas águas geladas do Mar Mediterrâneo, 2.760 pessoas perderam a vida. As notícias de tão frequentes tornaram-se banais. A imagem de pais desesperados e crianças mortas renderam momentâneas comoções.
A imagem mais emblemática desta crise veio literalmente à tona na quarta-feira, 2 de Setembro, quando o corpo sem vida do pequeno Aylan Kurdi, uma criança síria de 3 anos, deu na costa grega e de lá a imagem espalhou-se pelas manchetes dos jornais e perfis de mídias sociais de todo o mundo.
Agora, próximo do Natal e das festas de final de ano, o mundo praticamente nem lembra mais destes desgraçados. Mas existe um grupo que não se esqueceu e que está, no momento em que você lê esta reportagem, a cuidar de refugiados em alguma parte da Europa ou a socorrer desamparados de outras tragédias. É o grupo israelense IsraAID.
Fundada em 2001 com o objetivo de fazer a ligação entre organizações internacionais humanitárias e as agências judaicas com o mesmo fim, algumas delas mais que centenárias, a IsraAID especializou-se a prestar socorros imediatos após a eclosão de grandes desastres.
O objetivo da organização é “melhorar e expandir as atividades de assistência humanitária internacionais a partir de Israel e através da cooperação entre organizações de ajuda israelenses”.
O grupo é formado por profissionais israelenses capacitados a prestar apoio médico e psicossocial às vítimas, independentemente do seu credo ou etnia.
Em 2004 um tsunami atingiu a costa do Sri Lanka, Israel enviou 150 médicos do exército e equipes de busca e salvamento para atender as vítimas mas, surpreendentemente, o governo recusou a ajuda por questões ideológicas.
Israel então ofereceu um avião carregado com 82 toneladas de suprimentos de emergência, incluindo cobertores, alimentos, água, comida para bebês e mais de nove toneladas de medicamentos, e o governo autorizou que uma pequena equipe fosse encarregada da distribuição. A coordenação ficou a cargo de profissionais da IsraAID.
Judeus distribuem alimentos e remédios doados por israelenses a árabes necessitados do Iraque
Três anos depois, médicos e enfermeiros do IsraAID atravessaram o Atlântico para prestar cuidados médicos a populações peruanas que foram vítimas de um grande terremoto.
No mesmo ano, 2007, vamos encontrar voluntários israelenses da IsraAID na fronteira do Quênia, a socorrer refugiados muçulmanos da Somália. No ano seguinte, a IsraAID é vista, juntamente com a B’nai B’rith International, a distribuir refeições a 35.000 georgianos refugiados de guerra.
Ainda em 2008, um ciclone atinge o Myanmar e uma equipe de busca e resgate composta de 10 médicos e enfermeiros da IsraAID levam suprimentos, eletrodomésticos e filtros de água doados pelo governo de Israel para as populações atingidas.
Quando em 2009 dois tufões devastadores atingiram as Filipinas, novamente a IsraAID entrou em ação marcando presença com médicos, enfermeiros e paramédicos naquela que ficou conhecida como Operation Blessing International.
O Haiti foi sacudido por um terremoto em 2010 e a IsraAID enviou uma equipe de 15 profissionais altamente qualificados para missões de busca e resgate. Como o principal hospital da capital Port-au-Prince entrou em colapso, o trabalho da IsraAID foi fundamental nas ações médicas que foram desenvolvidas em uma clínica improvisada num estádio de futebol.
Meses depois da tragédia, a IsraAID abriu um centro de educação infantil no campo de refugiados de Pétionville, que é o maior campo de refugiados na área de Port-au-Prince. A organização aproveitou as tendas que foram deixadas pelas Forças de Defesa de Israel, que também estiveram presentes no socorro aos atingidos pelo terremoto. As tendas anteriormente tinham sido usadas como hospital de campanha para os médicos e enfermeiros do Exército de Israel.
Quando o Governo do Sudão do Sul criou em 2012 o Ministério do Desenvolvimento Social, a IsraAID voluntariou-se para prestar serviços sociais à população depois de décadas de guerra.
Embora as ações da IsraAID concentrem-se mais em países desfavorecidos, está na sua gênese o apoiar qualquer país em caso de tragédias, e foi o que aconteceu em Julho de 2014 quando profissionais da IsraAID deslocaram-se para o estado norteamericano de Washington que enfrentava naquela altura o maior incêndio na história.
Médica judia israelense dá atendimento à crianças árabes resgatadas
A ISRAAID E A CRISE DOS REFUGIADOS NA EUROPA
A IsraAID foi uma das primeiras agências humanitárias a oferecer socorro para os refugiados que buscam a Europa fugindo de guerras, principalmente da guerra civil que assola a Síria desde 2011. Sua primeira ação ocorreu no atendimento a mais de 11.000 refugiados que cruzaram a fronteira da Sérvia para a Croácia.
A medida em que o trabalho da IsraAID vai sendo reconhecido, a aceitação do voluntariado judaico-israelense vai-se afirmando e mais organismos judaicos tem-se juntado a este esforço humanitário.
“Depois [de terem sobrevivido] ao Holocausto na Europa há 70 anos, os judeus tem a responsabilidade não só de envolverem-se nestes socorros como de tornarem-se líderes na área”, afirmou Shachar Zahavi, fundador da IsraAID. “Nós sabemos, mais do que qualquer outro povo, o que aconteceu quando países não aceitaram os refugiados judeus que fugiam das atrocidades”, disse Zahavi.
O fundador da organização tem apelado para que mais instituições envolvam-se neste importante desafio, e seus apelos tem encontrado eco e resposta junto a diversas organizações judaicas.
“Gostaríamos de motivar os judeus europeus a participarem de alguma missão de ajuda humanitária judaico-israelense”, disse Zahavi. “Estamos falando de yazidis, cristãos, muçulmanos, africanos – uma enorme quantidade de pessoas que atravessam as fronteiras vindas de países em estado de guerra em busca de refúgio”, concluiu o fundador e atual diretor da IsraAID.
No passado mês de Setembro, uma equipe da IsraAID estava numa praia grega dando atendimento aos refugiados que chegavam quando o motor de um dos barcos explodiu. A embarcação, repleta de refugiados, tombou. O acidente aconteceu já próximo à praia e diante dos olhares atônitos das dezenas de jornalistas e equipes de socorro que lá se encontravam.
Enquanto a maioria das pessoas apenas observavam o desespero dos refugiados – agora náufragos – a equipe da IsraAID lançou-se nas águas geladas ajudando a resgatar mulheres, crianças e bebês que não teriam hipóteses de se salvar.
Junto aos socorristas estava Lior Sperandeo, um cineasta de Tel Aviv, que acompanha os voluntários da IsraAID desde o terremoto no Nepal, no dia 25 de Abril passado. A experiência de registrar as ações dos voluntários da IsraAID e a reação da população levou o cineasta a iniciar um projeto de conscientização denominado “People of” (Pessoas de).
Naquela oportunidade, Sperandeo realizou o filme People of Nepal e depois dois outros, People of Mumbai e People of Senegal.
Ao filmar as ações na praia grega e ao olhar para aquela mescla de povo sem pátria, Sperandeo já sabia que nome dar ao seu novo filme: People of Nowhere, ou seja, Pessoas de Lugar Nenhum.
Neste domingo, 13, a jornalista Rachely Rachewsky Scapa, apresentadora do programa A Voz de Israel, da Rádio Hadashot mi Israel, comentou a repercussão do filme e a experiência do cineasta: “Lior falou da surpresa dos refugiados ao perceberem que a médica que lhes assistia era judia e que os socorristas que lançaram-se nas águas eram judeus. A visão que eles tinham dos judeus era completamente oposta daquilo que estavam assistindo”.
Tal como Rachewsky Scapa, também conheço Lior Sperandeo, um judeu messiânico que através dos seus belos filmes tem contribuído para dar visibilidade ao maravilhoso trabalho da IsraAID.
O Projeto People Of mostra que o povo judeu é bem mais do que aquilo que as pessoas estão acostumadas a ver, ouvir ou ler sobre eles. E este tem sido também o desafio do programa A Voz de Israel e do Blog Notícias de Sião.
Iris Adler, médica judia de 32 anos, resgata crianças árabes das águas do Mediterrâneo – Foto Lior Sperandeo
PEOPLE OF NOWHERE O FILME
Assista agora ao filme produzido pelo cineasta Lior Sperandeo.Os demais filmes podem ser visualizados no web site liorsperandeo.com.
Bom dia meu caro. Esta tudo certo para estar com a caravana de Janeiro com Pr. Nogueira. A matéria está excelente. Posso publicar no Cafetorah?
Evidentemente. Claro que podes.
Israel é realmente um povo especial. Que D’us os abençoe!
Verdadeiramente, é de emocionar a carreira contemporânea de Israel relativo ao auxílio em situações como as descritas acima e também a ocultação das ações da IsraAID. Agradeço pela matéria pois jamais havia visto em mídia nacional e internacional.