Os ataques da manhã deste sábado em Israel podem ser considerados mais covardes do que um dos mais covardes ataques de todos os tempos, os ataques do Yom Kippur de 1973, e já tem um nome: A Guerra de Simchat Torah. Porém, esta guerra é mais covarde do que a Guerra do Yom Kippur.
Há 50 anos, no dia 6 de outubro de 1973, uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, lançaram ataques contra as forças israelenses no Sinai e nas colinas de Golã, territórios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967. Os ataques ocorreram exatamente no dia do Yom Kippur, o Dia do Perdão, um dia em que os judeus ficam recolhidos em suas casas. Até aquele dia, até mesmo os soldados “baixavam a guarda”, fato que nunca mais aconteceu. Foi um ataque covarde.
O ataque desta manhã pode ser considerado mais covarde ainda, pois na data de hoje os judeus iniciam o dia mais festivo de todo o ano, o dia de Simchat Torah.
Simchat Torah é uma festa muito alegre – uma das datas mais felizes do calendário judaico – na qual se canta e dança com os Sifrei Torah – os rolos da Torah. Para os judeus, é um dia em que ele se alegram por DEUS lhes ter dado os 5 primeiros livros da Bíblia.
Os judeus costumam dizer que em Simchat Torah, “eles se alegram com a Torah e a Torah se alegra com eles”.
Neste dia, os rolos da Torah são retirados da Arca Sagrada que existe em cada sinagoga, e os membros da congregação dançam, seguindo o rabino que segura os rolos, ao redor da Bimah – o púlpito elevado na sinagoga onde as Escrituras são lidas.
As danças com os Sifrei Torah ao redor da Bimah são chamadas de Hakafot, que significa “andar em círculos”.
Em Simchat Torah, é costume fazer sete Hakafot ao redor da Bimah. Algumas comunidades até dançam com os rolos da Torá nas ruas. Em algumas sinagogas, é costume que, nessa festa, todos os homens presentes recebam uma Aliah – isto é, sejam chamados para ler a Torah.
Nesse dia, também é comum a sinagoga se encher de jovens e crianças, todos desejosos de celebrar e dançar com a Torah
Seria difícil encontrar um paralelo, em toda a história da humanidade, de um povo capaz de celebrar com tanta alegria, mesmo durante as épocas em que foram submetidos a sofrimentos indescritíveis.
Elie Wiesel, sobrevivente do Holocausto, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, escreveu: “O Gaon de Vilna disse que Ve-Samachta BeChaguecha, ‘Você deve se alegrar em sua festa’ [baseado em Deuteronômio 16:14], é o mandamento mais difícil de se cumprir. Eu nunca consegui entender essa observação intrigante. Foi apenas durante a guerra que eu a entendi. Aqueles judeus que, no curso de sua jornada para o fim da esperança, ainda conseguiram dançar em Simchat Torah; aqueles judeus que estudaram o Talmud de cor enquanto carregavam pedras nas costas; aqueles judeus que continuaram sussurrando as Zemirot shel Shabat (Canções de Shabat) durante a execução de trabalhos forçados… Ve-Samachta BeChaguecha era um mandamento impossível de cumprir – mas eles o cumpriram”.
Neste Simchat Torah de 2023, o povo de Israel foi novamente covardemente atacado. Todos os temores, dos tempos mais negros da história do povo judeu, estão de volta. Mas, ao mesmo tempo, as palavras de um famoso rabino chamado Jonathan Sacks, estão mais do que atuais. Este rabino, que também era um lord inglês, comentou certa vez: “Um povo que pode andar pelo vale das sombras da morte e ainda se alegrar, é um povo que não pode ser derrotado por nenhuma força ou nenhum medo”.
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