“O livro de Esther nos ensina que Amalek não é um antissemita comum, mas aquele que tem um ódio irracional e infundado contra o Povo Judeu. Mas, hoje temos razão para estarmos confiantes e otimistas. Diferentemente do que no passado, hoje contamos com milhões de amigos cristãos pelo mundo – no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na África – que apoiam o Estado de Israel com grande convicção. Como crentes em D’us e em nossas Sagradas Escrituras, eles, também, conhecem Amalek. Eles acreditam que aqueles que ameaçam Israel são emissários do Mal, cujo propósito é frustrar a vinda do Messias” (Revista Morasha, Dezembro de 2012).
E LÁ SE VAI MAIS UM HAMAN, MAIS UM AMALEK.
É licito alegrar-se com a morte de alguém? Fui questionado quanto a isso no dia em que morreu o terrorista Bin Laden, pois alegrei-me. Não cheguei a comemorar, como fez uma multidão em Times Square, mas alegrei-me. Morreu agora Hugo Chavez e não vou comemorar. Aliás, nem sei se estou alegre, mas triste com certeza não, pois a morte desse senhor não me diz nada. No sábado passado estive no aniversário de um colega de escola do meu filho, onde conversei com uma venezuelana, e esta lamentava profundamente o estado em que se encontra o seu país. Também no café, por onde costumo passar em algumas manhãs, os donos, que foram emigrantes na venezuela, não estavam nem um pouco abalados. Quem viveu a – e na – Venezuela, antes e pós Chavez, tem razões de sobra para respirar aliviado.
Mas, voltando à pergunta inicial: É licito alegrar-se com a morte de alguém? Bem, creio que só aqueles que foram diretamente atingidos por alguma adversidade podem responder com precisão a este questionamento. Entretanto, há no calendário judaico uma festa onde as pessoas não só comemoram como trocam presentes entre si. É o Purim. Nesta festa, os judeus comemoram a vitória do seu povo sobre seu maior inimigo, Amaleque. Símbolo do mal no mundo, Amaleque foi personificado por Haman, cuja morte é “celebrada” no Purim.
Mas, antes que esta introdução faça a alegria dos antissemitas de plantão, seria bom conhecermos um pouco da história para entender o regozijo dos judeus nesta data. Para isso, vou tomar emprestado partes de um texto publicado na última edição da maravilhosa revista Morasha, que diz assim:
DERROTANDO AMALEK
Através das gerações, nós, judeus, tivemos uma longa lista de inimigos. Os antigos egípcios nos escravizaram, os babilônios destruíram nosso Templo, os greco-sírios empenharam-se em substituir o judaísmo pelo helenismo e os romanos destruíram o Segundo Templo, exilando-nos de nosso lar ancestral e eterno, a Terra de Israel. Mas, dentre todos os nossos inimigos, um deles é incomparável e se sobressai em sua malignidade – aquele cujo ódio pelo Povo Judeu não encontrou paralelos. Seu nome é Amalek.
A Torá, cuja autoria é Divina e que nos ensina a reverenciar a vida, a amar nossos semelhantes e a não odiar nossos inimigos – nem mesmo os egípcios que cruelmente nos escravizaram – é categórica e implacável em se tratando de Amalek. “Lembra-te do que te fez Amalek em teu caminho de saída do Egito. Quando te encontrou no caminho e extirpou todos os que retardavam atrás de ti e tu estavas cansado e exausto e (Amalek) não temeu a D’us. Portanto, quando, o Eterno, teu D’us, te der descanso de todos os teus inimigos em volta de ti, na terra que o Eterno, teu D’us, te está dando por herança para possuí-la, apagarás a memória de Amalek de debaixo dos céus, não te esqueças” (Deuteronômio 25:17-19).
Amalek é identificado com a destruição em virtude do grau de ódio que nutre pelo nosso povo. Diferentemente de outros que nos perseguiram por razões políticas, econômicas, ideológicas ou religiosas, Amalek nos odeia sem motivos. Seu ódio é irracional e sem fundamento, e extremamente poderoso. Amalek odeia os judeus simples e exclusivamente pelo fato de serem judeus. A ele não importa se os judeus vivem em sua terra, Israel, ou não; se são religiosos ou não; se são capitalistas ou socialistas; liberais ou conservadores. Para ele, todos os judeus são iguais: um fenômeno indesejável que precisa ser extirpado da face da Terra. (…)
O Povo Judeu é intrinsecamente um povo que tem fé. Somos o povo que legou o monoteísmo aos demais povos. A Torá outorgada por D’us no Sinai a nossos antepassados é a base do cristianismo e do islamismo, e serve como pilar para o código ético e moral adotado em praticamente todo o mundo. O judaísmo ensina que há um único D’us, a quem todos prestamos contas. A Torá ensina que o mundo não é uma selva e que o homem é responsavél por seus atos. O judaísmo é a busca da Verdade e da bondade, e, por conseguinte, rejeita a falsidade e a maldade.
Amalek, por outro lado, personifica a antítese do Povo Judeu. É uma criatura totalmente destituída de fé: nem em idolatria acredita. Seu objetivo básico é a negação do direito de Israel à existência. Amalek é a base das forças do mal neste mundo. Tira suas forças da dúvida, heresia, caos, escuridão, sofrimento e morte. Portanto, não surpreende que a maior ameaça à sua existência – e, por conseguinte, seu maior inimigo – seja o povo que tem por missão “consertar o mundo subordinado ao Reinado de D’us”. Quando a Torá afirma que “D’us estará em guerra contra Amalek em todas as gerações” [Êxodo 17:16], está se referindo à guerra da fé contra a heresia, dos que empunham a luz contra os disseminadores da escuridão. Essa guerra ocorre em todas as gerações e vigorará enquanto a humanidade permitir que Amalek viva e floresça.
Amalek não tem país, bandeira ou idioma. Assume identidades múltiplas. Enquanto o Povo Judeu é transparente e se faz ver enquanto povo, Amalek oculta sua identidade. Surge em épocas diferentes em diferentes lugares e é mestre na arte do disfarce. Apesar de sua heresia, às vezes, até se transveste com trajes religiosos. Como, então, identificá-lo? O livro de Esther nos dá a resposta.
Na história de Purim, lemos acerca do ódio que Haman nutria pelo Povo Judeu. Um episódio que se inicia com um conflito pessoal – a recusa de Mordechai de se curvar perante Haman – resulta em um decreto de genocídio contra todos os judeus – homens, mulheres e crianças. Ainda que Haman se sentisse insultado, não fazia sentido incluir todo o “povo de Mordechai” em sua vingança. Obviamente, usou Mordechai como pretexto para executar seus planos genocidas contra os judeus. Isso não surpreende já que ele era descendente direto de Amalek.
O argumento de Haman, que foi ecoado pelos antissemitas através dos tempos – “Há um determinado povo, espalhado e disperso entre os demais… cujas leis são diferentes dos outros povos; eles não obedecem às leis do soberano” – não estava realmente incorreto. Para nós, judeus, há apenas um único Rei verdadeiro no mundo, e esse Rei é D’us. Nossa lealdade se dirige, antes de mais nada, ao Rei do Universo, não a um soberano de carne e osso. (…)
O livro de Esther nos ensina que Amalek não é um antissemita comum, mas aquele que tem um ódio irracional e infundado contra o Povo Judeu. A atitude indiferente do Rei Achashverosh diante dos planos maldosos de Haman nos perturba; mas sua mudança de atitude, motivada por seu amor pela Rainha Esther, revela que ele próprio não era membro da nação de Amalek. Haman, por sua vez, é obcecado pela aniquilação do Povo Judeu. Está disposto até a se autodestruir, se necessário for, para prejudicar os judeus. Nada o dissuadirá de sua intenção – nem ameaças nem subornos. É por essa razão que a Torá nos ordena aniquilar Amalek – porque ele não desistirá de suas atitudes diabólicas.
AMALEK E A ORIGEM DO MAL
Há um livro intitulado Conversas com Hitler, escrito por um antigo membro do Partido Nazista e amigo de Hitler. Em um dos diálogos registrados no livro, os dois conversam sobre os judeus e o autor diz a Hitler: “Cá entre nós… Nós dois sabemos que todas as imputações contra os judeus são falsas. Por que, então, você os odeia?” Ao que Hitler respondeu: “Não posso perdoar os judeus por terem inventado a moralidade”.
A afirmação de Hitler é imprecisa. É D’us e não os judeus a Origem da moralidade. É Ele quem determina o que é moral ou imoral, bom ou mal, certo ou errado. Mas os judeus foram, de fato, escolhidos por Ele para serem Seus porta-vozes. A afirmação de Hitler é imprecisa, mas especialmente reveladora por deixar clara a natureza de Amalek, e – ainda mais importante – por revelar a maneira como este vê o Povo Judeu. Hitler, que personifica Amalek ainda mais integralmente do que Haman, nutria um ódio pelos judeus que continua a intrigar muitos. (…) Ele odiava o Povo Judeu acima de tudo porque nossa existência e essência representam tudo o que ele desprezava. (…) Como Amalek não consegue lutar contra o Eterno, ele vai atrás de Seus filhos. Sua vontade é banir D’us do mundo, mas como isso é obviamente impossível, ele se conforma com a opção mais próxima: extirpar Seus representantes da Terra. (…)
A maioria das pessoas peca por não conseguir resistir a uma tentação, por causa de noções errôneas ou por estarem tomados por um espírito de insensatez – e não por encontrarem prazer no mal. Amalek, por sua vez, se deleita com a maldade. E odeia pelo prazer de odiar, assim como pratica o mal por ser o mal. Com efeito, é definido como sendo o próprio mal, que nós, judeus, somos obrigados a erradicar do mundo. Hitler proclamou que… “A luta pelo domínio do mundo será travada inteiramente entre nós, entre alemães e judeus. Todo o restante é fachada e ilusão”. Superficialmente, trata-se de uma estranha afirmação: os judeus que, à época, viviam na Diáspora, eram um povo indefeso, sem uma terra e sem exército, e obviamente, sem qualquer poder político. Prova disso é que nem conseguiram influenciar os países aliados a socorrê-los durante o Holocausto. (…)
AMALEK EM NOSSOS DIAS
Israel nasceu das cinzas do Holocausto. O Estado Judeu foi fundado para que nunca mais fiquemos à mercê de Amalek. Não somos mais apenas um povo de fé, de acadêmicos e de Prêmios Nobel, mas também dos melhores soldados, pilotos e do melhor serviço de Inteligência do mundo. Estamos, pois, confiantes de que, com a ajuda de D’us, temos força suficiente para defender nosso povo de todos quantos nos quiserem fazer mal.
Temos ainda outra razão para estar confiantes e otimistas. Diferentemente do que no passado, hoje contamos com milhões de amigos cristãos pelo mundo – no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na África – que apoiam o Estado de Israel com grande convicção. Como crentes em D’us e em nossas Sagradas Escrituras, eles, também, conhecem Amalek. Eles acreditam que aqueles que ameaçam Israel são emissários do Mal, cujo propósito é frustrar a vinda do Messias.
Uma das razões para Amalek ter tanto ódio de Israel é por saber que, mais cedo ou mais tarde, Israel o vencerá. A história do mundo tem somente um Autor, e Ele determinou que essa história termine com o protagonista derrotando o antagonista. Durante milhares de anos, Amalek conseguiu infligir sofrimento e danos no mundo, mas seus dias estão contados. No momento, faz rufar os tambores de Guerra, por não perceber que o fim de seus dias está próximo. Amalek pode acreditar que seu maior oponente é o primeiro ministro de Israel, mas não percebe que D’us tem uma surpresa que o espera: o descendente do Rei David, que vencerá o Mal e inaugurará uma era de paz para toda a humanidade.
Nós, o Povo Judeu, suportamos muito sofrimento, há milênios. Mas os dias de escuridão estão por terminar. Breve chegará o dia em que o mal será permanentemente removido do mundo – quando a humanidade não conhecerá a guerra, o sofrimento e a morte. Como nos relata o livri de Esther, os judeus, após a queda de Amalek, desfrutaram “luz, felicidade, júbilo e glória”. Que essa era de paz e júbilo duradouros, para todos os seres humanos, venha em breve, muito em breve, em nossos dias.
Fonte: Revista Morasha, Ano XX – Dezembro de 2012, pp 26-31 (excertos).
PARA COMPREENDER MELHOR ESTA MATÉRIA
O Antissemitismo Chavista, o Neonazismo saliente de Chávez.
O maior inimigo da Venezuela é o Sionismo.
Jornal chavista diz: Se os Judeus chegarem ao poder, estamos f…
Ahmadinejad diz que Chávez morreu por doença suspeita.
Olá amigo, ótimo texto, me tirou muitas dúvidas! Eu escutava “de Amalek até Haman” na música do Hosh Hashaná do Latma, e como não sou religioso, não descobri o que era, nem com o Google. De qualquer forma, parabéns por ter essa consciência de grupo e união. O povo judeu sobreviveu a milênios de ódio e sobreviverá a muitos mais. Porém, não são só os religiosos que apoiam os judeus e Israel, participo de muitas comunidades e percebo que o pessoal das comunidades de ateísmo e ciências são, em sua maioria, simpatizantes dos judeus. Já as comunidades com o pessoal de “esquerda”, em grande parte maconheiros, vivem com a falácia do “superpoder judeu”. Admiro muito seu povo e ainda irei visitar Israel quando tiver condições, mas de qualquer forma, como Latma disse nessa música, “fomos salvos enquanto deles não resta nem o pó”. Abraço, tudo de bom!
Grande abraço para você também “chaver” (“amigo”) Toleman. Suas palavras são mais do que apropriadas e apontam para o fato de que este blog atinge seus objetivos. Desde o início nos propusemos a mostrar que Israel é muito mais do que as pessoas estão acostumadas a ver, ouvir ou ler; e você é uma prova dessa conscientização. Pelo que escreveu, percebe-se que já tinha essa visão antes mesmo de tornar-se nosso leitor, o que mostra também que é um bom amigo de Israel. Mesmo não sendo religioso, saiba que há uma “berakhá”, ou seja, uma “bênção”, para os que assim procedem: “Abençoarei os que te abençoarem!” – Bereshit (Gênesis) 12:3a.