AUTORIDADE ISRAELENSE DE ANTIGUIDADES NÃO ESCONDE DESCOBERTA
A estudante Dor Yagev, da Upper Galilee Leadership Academy, estava no seu primeiro dia de voluntariado nas escavações que decorrem na cidade de Kafar Kana, um sítio arqueológico próximo de Nazaré, no norte de Israel, quando encontrou uma moeda de ouro com cerca de 1.200 anos.
A estudante estava a fazer uma atividade extra-curricular quando fez a descoberta durante a atividade de separação de terra. Quanto ao local da escavação, embora não seja consenso entre os historiadores, há uma boa possibilidade de Kafar Kana ser a cidade bíblica de Caná da Galileia, local onde Jesus Cristo fez seu primeiro milagre, transformando água em vinho, durante uma festa de casamento (João 2:1-11).
Em relação à descoberta, a entusiasmada estudante Dor Yagev comentou: “Ao fazer a coleta do solo com a colher, vi uma moeda brilhante e quando percebi o que era, comecei a gritar e todos ficaram entusiasmados.”
Segundo os pesquisadores da Autoridade Israelense de Antiguidades, a moeda provavelmente foi cunhada no início do período islâmico, algo entre os anos de 776 e 777 d.C., ou seja, quase um século depois da invenção do Islamismo. A moeda, com inscrições em árabe, faz referência a Maomé.
Além da raríssima moeda de ouro, os estudantes da classe de Dor Yagev também acabaram por encontrar diversas outras moedas de prata no local. Achados arqueológicos fazem parte do cotidiano da Terra Santa. Não estamos exagerando se dissermos que todos os dias se descobre algo significativo em algum ponto do minúsculo Estado de Israel.
Mas a história desta moeda traz embutida em si uma importante particularidade, um detalhe que muitas vezes pode passar despercebido aos olhos de quem acompanha notícias sobre descobertas arqueológicas em Israel. O detalhe é que esta moeda não só confirma a presença islâmica em solo israelense, como as autoridades judaicas deram plena visibilidade à descoberta.
É obvio que esta é uma atitude esperada em qualquer processo de escavação arqueológica do mundo. Se escavarem as areias do Egito e lá encontrarem mais informações sobre as dinastias dos faraós, os estudiosos se debruçarão sobre a descoberta para entender melhor aquele período. Se encontrarem vestígios galês em algum buraco de Paris ou provas da presença lusitana em algum castro português, logo as universidades tratarão de incluir esta informação nas suas bases de dados e a região será exaustivamente reexplorada.
Imagem rara de Caná da Galileia em finais do Século XIX
Mas esta não é a realidade de todo o Estado de Israel. Os arqueólogos, por exemplo, não têm liberdade para trabalhar em cidades da Judeia ou da Samaria, e nem podem sequer se aproximar do Monte do Templo. Atualmente sob temporário domínio árabe, os arqueólogos têm o acesso extremamente dificultado a estas regiões.
Ao contrário da Autoridade Israelense de Antiguidades, que dá visibilidade a todos os achados arqueológicos, a Autoridades Palestina teme qualquer escavação em solo israelense, pois sabe que a cada furo virão à tona provas incontestes da presença judaica na Terra Santa ao longo de milênios.
Imagens do local das escavações com anotações técnico-arqueológicas
Quanto à descoberta de Kafar Kana, o pesquisador da Autoridade Israelense de Arqueologia, Robert Cole fez questão de dar a devida importância à descoberta de Dor Yagev: “A excitação não ficou restrita apenas aos estudantes, ela contagiou também os arqueólogos, já que é bastante incomum encontrar uma moeda de ouro durante as escavações” concluiu o pesquisador.
Para a professora de história Sylvia Aisliin, que acompanhava o grupo, trabalhar como voluntário numa escavação “é uma experiência de vida”. Aisliin disse ainda que “é muito importante que as crianças sejam expostas ao trabalho arqueológico, pois elas são curiosas e querem aprender mais sobre o passado.” E isso é bom para elucidar fatos históricos, é bom para a verdade.
(Na imagem à esquerda pode-se ver fragmentos de cerâmicas encontradas nas escavações de Kafar Kana com os respectivos encaixes no jarros e vasos a que eles pertenceram, de acordo com projeções dos arqueólogos.)
Nos próximos meses de junho e julho um grupo de três dezenas de brasileiros estarão em Israel participando de um curso de Arqueologia Bíblica. Seria maravilhoso se algum estudante tivesse a mesma sorte que teve Dor Yagev. Notícias de Sião estará acompanhando todo o trajeto dos alunos e partilhará informações diárias aqui neste site. Em 2018 haverá mais uma turma. Quem sabe você não venha a fazer parte dela.
ANDS | EXTRA
Muito interessante!
quando ela achou a moeda?
Foi publicado no dia 25 de fevereiro, mas quando ela achou???????