Para os russos as coisas são mais ou menos assim: Apoiamos tudo aquilo que tem a cara do Mal, desconfiamos daquilo que possa estar do lado do Bem e seremos contra qualquer coisa que diz respeito aos hebreus.
A VIDA DE UM MUÇULMANO É IMPORTANTE? DEPENDE.
Encontrei no sebo um livro russo sobre abelhas que é muito interessante. Evocando lembranças dos tempos em que eu era apicultor, adquiri a publicação, que se mostrou uma preciosidade assim que comecei a lê-la.
Escrito e publicado na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, “As Abelhas e o Homem”, de N. P. Ioirich é um exemplo clássico de manipulação ideológica.
O primeiro capítulo, nas sua 16 páginas, traz um minucioso relato intitulado “As abelhas ao longo dos séculos”, onde Ioirich descreve a presença da abelha e do mel na vida e na história dos mais diferentes povos. Dos gregos aos fenícios, dos babilônios aos assírios, dos citas aos romanos, dos hindus aos russos, são citadas descobertas, rabiscos em cavernas, estátuas e esculturas, papiros e pergaminhos, mas nada, uma linha sequer, nada fala do povo hebreu ou da Bíblia Sagrada.
Misturados às boas práticas apícolas, a propaganda ideológica está presente em quase todos os capítulois. Lemos que “a grande revolução socialista abriu amplas perpectivas para o desenvolvimento da apicultura”, que “Lênin aprovou um projeto de resolução” salientando a importância da apicultura “naquela época difícil mas heróica” e que o líder bolchevique, “para além de dirigir os assuntos militares, dedicou muito tempo aos problemas da jovem república soviética”. Esta, por sua vez, “estava empenhada numa encaniçada luta contra seus numerosos inimigos”.
Em um livro que se propõe a falar da relação do Homem com as abelhas, o que encontramos é um festival de ideologias esquerdistas que perpassa toda a obra. Em relação à Terra de Israel ser conhecida como “a Terra que mana leite e mel”, nenhuma referência. Quanto ao fato do livro sagrado dos hebreus, a Bíblia, falar dezenas de vezes a respeito do mel, do seu valor, da sua importância e das suas propriedades, nenhuma menção. Nada.
Aparentemente, as minhas observações a respeito de um velho livro comprado por 3 Euros num sebo, não tem nada a ver com os acontecimentos desta quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012, feriado russo do “Dia do Defensor da Mãe Pátria”. E de fato não tem.
Mas, quando olhamos para além do “aparentemente”, percebemos claras linhas unindo o longínquo ano de 1962, data em que o livro de Ioirich foi escrito, ao atual ano de 2012. Estamos assistindo, nos dias de hoje, um verdadeiro ressurgimento do pensamento soviético que vigorava na época da antiga URSS.
Este ressurgimento deixa claro que as atitude dos modernos dirigentes russos em relação à política internacional, segue uma linha histórica irreversível. Para os russos as coisas são mais ou menos assim: Apoiamos tudo aquilo que tem claramente a cara do Mal, desconfiamos de tudo que possa parecer estar ao lado do Bem e seremos contra tudo aquilo que fiver qualquer menção ao Livro (Bíblia) ou ao Povo do Livro (Israel).
Sei que minha dedução tem um quê de maniqueísmo – assumo que sou maniqueísta – e traz de volta o espectro da Guerra Fria, mas não é justamente isso que estamos assistindo?
No momento em que escrevo este post, as geladas ruas de Moscou estão tomadas por uma multidão que empunha bandeiras russas, misturadas à antigos símbolos soviéticos, como o ursinho Misha. O renascer do mascote das Olímpiadas de 1980 vem à tona como um saudoso e ostensivo apoio à candidatura do ex homem forte da KGB, Vladímir Vladímirovitch Putin.
Ao contrário do que muitos possam imaginar, as eleições russas são uma importante peça no xadrez político mundial. E mesmo que não tenha acontecido nenhum distúrbio até agora, o sangue está escorrendo pelas ruas e os corpos são contados aos milhares. Não, não são corpos de russos nem as ruas banhadas de sangue estão aqui, próximas da Europa. Os corpos são de muçulmanos e as ruas são da Síria, onde apenas no dia de ontem foram mortos mais de 80 pessoas, sendo que dois destes mortos eram jornalistas internacionais.
Como os mortos não são seus, os russos não estão nem um pouco preocupados. Tampouco ligam para a incoerência da política externa dos seus representantes. Para os diplomatas russos, os muçulmanos mortos pelo regime de Bashar al-Assad valem menos do que aqueles que possam vir a ser mortos num ataque de Israel ao Irã.
Como assim!? Ora, enquanto a diplomacia russa trava qualquer tentativa do ocidente de interferir junto ao Governo de Damasco, mesmos diplomatas se empenham em demonstrar ao mundo que uma ação de Israel contra o Irã contribuiria para a morte de inocentes. Ou seja, os muçulmanos que morrem aos milhares na Síria não têm valor nenhum para os russos, mas os muçulmanos que poderão perder a vida em decorrência dos bombardeios israelenses são preciosíssimos.
PARA ENTENDER AS DIFERENÇAS
Na quarta-feira, 22, a agência nuclear da Organização das Nações Unidas informou que desistiu de dialogar com o regime de Teerã. Logo após o anúncio, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Gennady Gatilov, saiu em defesa dos iranianos dizendo que “qualquer possível cenário militar contra o Irã será catastrófico para a região e para todo o sistema das relações internacionais”.
Gatilov não estava só e seu discurso fez ecoar as palavras do aiatolá Ali Khamenei, que apressou-se a comentar que “as pressões, sanções e assassinatos [de iranianos] dará nenhum fruto”. Para o líder espiritual iraniano a pressão internacional não passa de uma campanha do satânico Ocidente contra os nobres valores religiosos muçulmanos. “Com a ajuda de Allah, e sem prestar atenção a propaganda, o programa nuclear do Irã deve continuar firme e sério. Nenhum obstáculo pode parar nosso projeto nuclear”, concluiu Khamenei.
Por seu lado, a diplomacia russa se diz preocupada em preservar a vida de iranianos inocentes e apela para que os israelenses sejam “sensatos”.
Aparentemente preocupada com a segurança e o bem estar dos muçulmanos iranianos, a diplomacia russa não mostra o mesmo empenho no sentido de estancar o banho de sangue muçulmano dos sírios que estão tombando nas ruas de Homs.
Quando o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu para votar uma moção de censura contra o governo sírio, os russos exerceram seu poder de veto. Neste momento, os embaixadores de Moscou não mostraram nenhuma compaixão para com as mais de 7.600 pessoas que já morreram desde o início da revolta.
Alguém poderia atribuir tal silêncio aos “interesses econômicos e estratégicos” da Rússia na Região. Esta é uma idéia totalmente equivocada. A Síria não é uma aliada estratégica de Moscou desde o final da Guerra Fria. Quando o apoio começou, há 40 anos, tinha lá sua importância, mas hoje não faz mais sentido. Os russos têm apenas uma modesta instalação de reabastecimento naval localizada em Tartus, que nem base militar é, e Damasco é apenas o sétimo maior cliente de armas de Moscou.
Mas, mesmo não tendo importância econômica nem estratégica, nos últimos meses duas das mais altas autoridades internacionais russas, o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e o diretor de inteligência estrangeira, Mikhail Fradkov, visitaram Damasco. Por que?
Na verdade, a diplomacia russa conta com o forte sentimento anti-americano ainda reinante no seu país, para reeleger Vladímir Putin nas próximas eleições. E foram justamente as lembranças nostálgicas da antiga União Soviética, o fator motivante que levou milhares de russos a deixarem suas casas e caminharem pelas ruas geladas de Moscou nesta quinta-feira.
Para os marqueteiros da campanha de Putin, “peitar” os americanos, mesmo que à custa de milhares de vidas dos muçulmanos sírios, é apenas uma estratégia de campanha. Rende votos e isso é o que importa.
Putin será reeleito, Ahmadinejad continuará tentando produzir sua bomba, mais alguns milhares de sírios serão mortos e Israel continuará no seu lugar. Nada disso é novo na história da História, são apenas fatos que ciclicamente vão se repetindo.
O autor do livro “As Abelhas e o Homem”, mencionado no início deste artigo, chama-se Naum Petrovich Ioirich. Naum é um nome hebraico cujo significado – Nachun – é “consolação”. Coincidentemente, por volta do ano 650 a.C viveu um outro Naum, que era profeta, originário de Elcos (Cafarnaum), razão pela qual era conhecido como o Elcosita.
Este Naum também escreveu um livro e nele profetizou contra os povos que habitavam a mesma região onde hoje está a Síria. Síria cujos filhos são mortos sem provocar compaixão nos embaixadores russos. Síria, cujos vizinhos no passado viviam na Pérsia, que é o atual Irã, cujos filhos os embaixadores russos dizem querer proteger.
Antipatizantes de Israel, os russos de hoje ainda pensam como Naum Ioirich. Da mesma forma que o escritor soviético suprimiu Deus da sua obra, os embaixadores russos não vêm nenhuma razão para darem crédito ao Deus dos Hebreus nem às palavras do seu Livro Sagrado.
Pobres coitados, deveriam estar atentos ao que escreveu Naum, o Elcosita, a respeito dos inimigos de Israel:
“Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos Exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leõezinhos, e arrancarei da terra a tua presa, e não se ouvirá mais a voz dos teus embaixadores”. Naum, 2.13
Fantástico o texto e as comparações.
Amém!
Excelente texto Roberto; ainda bem que temos uma referencia informativa como o vosso blog. Deus te abençoe!
“O SENHOR, pois, é aquele que vai adiante de ti; ele será contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes.” (Deut. 31:8)
Shalon!
Excelente texto, gostei muito mesmo.
como posso ter resposta a algumas perguntas sobre Israel ou juda de acordo com as escrituras e os dias de hoje politico e geofico. se me for permitido, gostaria de entender.
muito obrigado
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