CONHEÇA MAIS SOBRE UM DOS GRANDES LÍDERES DA HISTÓRIA DE ISRAEL – PARTE III
Ao contrário de outras lideranças, que tudo fazem para coibir a ação da imprensa, o judeu Shimon Peres desenvolveu o hábito de Postar, Curtir e Compartilhar muito antes que outro judeu, Mark Zuckerberg, inventasse o popularíssimo Facebook.
Doze artigos ao longo de 12 meses para celebrar os 90 anos de Shimon Peres.
SHIMON PERES E A MÍDIA
Em Fevereiro de 2012 o presidente de Israel, Shimon Peres entrou no Facebook. No dia 8 de Março postou o vídeo “Be my friend for peace”, que já foi compartilhado mais de 700 vezes, e não mais parou de interagir com seus amigos virtuais. Se o Judeu é o Povo do Livro (book), também deve ser o Povo do Face-Book, disse numa entrevista. E sorrindo completou, “você tem que falar a língua dos jovens”.
Shimon Peres nunca subestimou o poder da comunicação, mas o despertar para a importância da mídia surgiu depois da publicação de um longo artigo no semanário Bamahane, no final dos anos 50. Na revista, órgão oficial das Forças de Defesa de Israel, o jornalista Youssef Levite tecia rasgados elogios ao então Diretor Geral do Ministério da Defesa, fato que desagradou ao icônico primeiro-ministro David Ben-Gurion. Ético, Ben-Gurion achou inadequado que uma publicação governamental usasse cinco páginas simplesmente para louvar o trabalho de um funcionário público. Peres concordou, mas percebeu que o fato de ser funcionário público limitaria a forma de lidar com as questões do Estado. A 22 de Junho de 1959, demitiu-se do ministério e começou oficialmente a carreira política. Tinha trinta e cinco anos.
Mesmo antes de dedicar-se à política, Shimon Peres tornara-se uma estrela em Israel. Era dado aos discursos e escrevia com maestria para diversas publicações. Já naquela época aflorava em si o estadista que veio a se tornar, pois aquilo que falava extrapolava os meros pronunciamentos de um funcionário público revestindo-se de um caráter analítico dos problemas, sucessos e perspectivas do jovem Estado hebreu.
A segurança com que Peres tratava dos mais diferentes assuntos não só fez dele um profícuo funcionário público como gerou um clima de ciúmes numa época de grandes lideranças, que contavam com nomes do naipe de Moshe Dayan, Yitzahak Rabin e Golda Meir entre outros. Na sua biografia, Michael Bar-Zohar diz que “muitas pessoas ficavam impressionadas com as aparições públicas de Peres, mas a geração mais velha e os rivais políticos reagiram com explosões de ira e inveja”. Quando um jornal radical chamado Haolam Hazeh fez um trocadilho infame com o sobrenome original de Shimon, que era Persky, parece que lhe surgiu a consciência de que deveria tratar a imprensa de modo diferenciado. O jornal o chamou de “Shimon Pirsomet”, ou seja “Shimon Publicidade” e ele decidiu não retaliar. Mais do que isso, descobriu que a mídia deveria ser aliada e não controlada.
Mais de 20 anos depois, quando foi eleito primeiro-ministro em 1984, Peres convidou os diretores dos principais jornais israelenses para uma “reunião informal”. Ao todo, foram cinco jornalistas do Davar, do Haaretz, do Yediot Ahronot, do Maariv e do The Jerusalem Post. Na sala de transição, que funcionava numa suite do lendário Hotel Rei David, em Jerusalém, Peres recebeu os jornalistas descalço, serviu-lhes pessoalmente whisky e teve uma longa conversa sobre sua política governamental.
Depois disso, uma vez por mês, reiterava o convite para o grupo que passou a ser conhecido como “Os Cinco” e com eles “comportava-se da forma mais desinibida que se pode imaginar e falava como uma pessoa que se sentia muito à vontade”, segundo relatou anos depois o jornalista David Landau, do Haaretz. Falando de tudo um pouco, Peres transformou aqueles encontros num verdadeiro fórum para consulta e formação de novas ideias.
Ao contrário de outras lideranças, que tudo fazem para coibir a ação da imprensa, o judeu Shimon Peres desenvolveu o hábito de Postar, Curtir e Compartilhar muito antes que outro judeu, Mark Zuckerberg, inventasse o popularíssimo Facebook.
Quando perguntado sobre sua ligação com o grupo dos Cinco, Shimon Peres não fez cerimônia: “Era constantemente atacado. Jornais como Lamerbav e Haolam Hazeh prejudicavam-me o tempo todo. Tive de me defender”.
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