ALEMÃES PROVAM O SABOR DO DRAMA ISRAELENSE
O homem gritava Allahu Akabar enquanto esfaqueava, mas a polícia alemã evita dizer que trata-se de um ataque com motivação religiosos.
Uma pessoa foi morta e outras quatro ficaram feridas quando um homem armado com faca avançou sobre um grupo de alemães na manhã de hoje na estação ferroviária de Grafing (S-Bahn), em Munique. O homem, que foi contido pela polícia, gritava “Allahu Akbar” enquanto desferia golpes de forma indiscriminada em que encontrasse pela frente.
O ataque aconteceu por volta das 5 horas da madrugada, no horário local, ou seja, o alvo do terrorista eram civis a caminho do trabalho.
Um dos feridos, que encontrava-se em estado mais grave, acabou por falecer. Segundo as primeiras informações tanto o morto quanto os demais feridos são do sexo masculino. O terrorista foi detido imediatamente após o incidente.
As primeiras informações dão conta que trata-se de um cidadão alemão, de 27 anos de idade, que usou uma faca de 10 centímetros para cometer o crime. Embora gritasse a icônica expressão “Allahu Akbar” , a imprensa local, numa atitude “politicamente correta”, evita tratá-lo como muçulmano.
Até este momento as informações são escassas, porque as autoridades alemãs não distribuíram nenhum comunicado para a imprensa, algo incomum em situações como esta. Aparentemente a intenção é descolar o ataque de qualquer vínculo religioso. A única informação dada pela polícia – e mesmo assim numa conversa informal – é que “o atacante tinha motivos políticos”.
Neste momento a estação está fechada. “A estação é cena de crime, portanto precisa de ser tratada pelos técnicos”, disse um porta-voz da polícia ao jornal Sueddeutsche Zeitung.
Hans-Georg Maassen, o diretor da agência de informação alemã, informou que na última semana o Estado Islâmico tem utilizado uma estratégia bipolar: planeja grandes ataques organizados, mas incita também aos atos individuais por parte dos seus militantes. Maassen relembrou o caso de uma jovem muçulmana de 15 anos que foi presa por ter atacado um policial alemão com uma faca, na estação de trens de Hanover, em Fevereiro. A jovem terrorista alegou ter agido em nome do Estado Islâmico.
A Alemanha prova assim o gosto amargo da tensão que por vezes permeia as ruas de Jerusalém. Nos últimos meses, foram verificados vários ataques com armas brancas em Israel, sendo que hoje ocorreu mais um, em Jerusalém. Duas mulheres foram esfaqueadas num ataque que a polícia acredita ter “motivações nacionalistas”.
Não tenham dúvidas de que o esfaqueamento e morte de um alemão gerará mais comoção do que os ataques que ocorrem quase que diariamente em Israel. Apenas nos dois primeiros meses de 2016 aconteceram 26 ataques terroristas na Terra Santa, sendo que 20 envolveram esfaqueamentos.
UM SÉCULO DEPOIS OS ALEMÃES ENCONTRAM O VERDADEIRO INIMIGO
Cartoon do início do século passado acusa os judeus de terem esfaqueado a Alemanha pelas costas
O dia 11 de Novembro de 1918 marcou a rendição da Alemanha e o fim da Primeira Guerra Mundial. A Alemanha enfrentava uma séria crise econômica e os problemas sociais espalhavam-se por um país em ruínas.
Dois dos generais envolvidos no conflito, Paul von Hindenburg e Erich Ludendorff, pediram aos políticos para iniciarem negociações de paz com os aliados. Hindenburg e Ludendorff queriam desviar o foco das atenções para evitar serem responsabilizados pela derrota.
Todos os partidos políticos acusavam-se mutuamente. Os generais apontavam para o fato de que no início do seu último grande esforço para vencer a guerra eles tinham sido bem sucedidos, mas um grupo inescrupuloso de alemães, com interesses financeiros, os teria traído. Os próprios soldados, que sentiam que a vitória estava perto, voltaram para casa com a certeza de que a derrota foi articulada pelo famigerado “Dolchloss Legende”.
O argumento foi usado para convencer a população alemã que o seu exército tinha sido “apunhalado pelas costas” justamente quando eles estavam prestes a derrotar os Aliados. A denúncia passou para a história com o nome de “Dolchloss Legende”. E imaginem só quem fazia parte deste suposto “grupo de interesse”? Claro, os judeus!
Na verdade os alemães perderam a guerra por causa da megalomania dos seus dirigentes. Em 1914, os judeus da Alemanha representava menos de 1% da população e cerca de 100.000 deles serviram no exército durante a Primeira Guerra Mundial. Segundo os historiadores, deram exemplo de patriotismo.
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