CONHEÇA MAIS SOBRE UM DOS GRANDES LÍDERES DA HISTÓRIA DE ISRAEL – PARTE IV
“Os primeiros livros que li não eram livros – eram as Escrituras. Era a santidade, e não as histórias infantis, que preenchia o meu jovem coração.”
Doze artigos ao longo de 12 meses para celebrar os 90 anos de Shimon Peres.
UM HOMEM DE LIVROS PARA O POVO DO LIVRO
A história dos livros passa por Israel, afinal de contas o primeiro livro foi escrito em Israel numa época em que nem havia formas mecânicas de multiplicá-los. Entretanto, assim que esta possibilidade surgiu, imediatamente o primeiro livro a ser impresso também tinha sido escrito por judeus. Naquela oportunidade as condições eram tão precárias que a edição única contou com apenas 180 exemplares publicados dos quais restam 48 nos dias de hoje.
A ligação de Israel com as letras é tão forte que o principal museu do país tem um edifício inteiramente dedicado ao mais precioso dos seus livros, a Bíblia. O Heikhal HaSefer, ou Santuário do Livro, é um exemplo concreto da dedicação que o “Povo do Livro” tem pelo Livro que registra a sua própria história.
Recentemente, o Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, publicou na sua página do Facebook uma foto onde aparece ao lado de Shimon Peres (foto acima), discutindo questões ligadas à Economia e Segurança do Estado Judeu. Como pano de fundo vemos a preciosa biblioteca pessoal do lendário Presidente de Israel.
Que Shimon Peres ama os livros não há a menor dúvida, mas quando o vemos falar deste amor saltamos da esfera da simples constatação para mergulharmos no coração de um homem que aprendeu a ser grande à partir dos livros que leu.
SHIMON E O AMOR PELOS LIVROS, POR ELE MESMO.
“O meu amor pelos livros é um amor pela sabedoria. Viajo pelos livros para mundos longínquos, reais e imaginários. Ali, encontro personagens maravilhosas, que D’us abençoou com um espírito encantador e cativante. Adoro um livro, mais ainda do que o teatro, o cinema ou um disco de música. Quando começo a lê-lo, decido fazê-lo como meu próprio mestre, que não presta contas a ninguém. Liberto-me de qualquer tipo de submissão, incluindo a submissão àquilo que o próprio livro conta.
“Pego num livro, digo adeus ao mundo, e nomeio-me produtor, diretor, ator, um novo homem. Permito que a primeira página faça soar a primeira nota, e que verifique se o som está afinado. Então, começo a desenhar na minha mente as personagens, os sabores , os odores os diálogos, os acontecimentos e as emoções, as vitórias e as derrotas…
“Na companhia dos livros, sinto que posso andar nu por aí, sem camisa, sem ser interrompido e encher a minha barriga e a minha imaginação com os frutos das árvores do conhecimento, do gosto e da fantasia.
“[Algumas vezes chego mesmo] a corrigir a mensagem do livro. Discuto com a história, por vezes sou capturado pela sua lógica, e por vezes rejeito as suas frases. E melhoro, como homem livre, tudo o que precisa de ser melhorado.”
Mas, como todo bom leitor, são as memórias da infância que ocupam um lugar de destaque no gosto literário do velho líder. A mãe, Sarah Meltzer Persky era voluntária na biblioteca pública da sua cidade, Vishneva e tinha por hábito trazer livros para o filho discutindo os conteúdos e instigando-o a lê-los. Embora fosse a mãe a responsável por disponibilizar os livros, foi do avô que herdou o gosto real pela leitura. Na sua obra “Esboço da Juventude”, um livro de prosa publicado no início dos anos 80, Shimon Peres confidenciou que foi o avô, Zvi Meltzer, quem verdadeiramente o iniciou no mundo das leituras.
Leitor contumaz, Meltzer tinha sempre ao alcance das mãos clássicos da cultura universal. Foi assim que Shimon Peres, aos 9 anos, já lia romances russos de Dostoyevsky, Gogol e Tolstoi além de ler autores judeus não tão conhecidos como Mapu, Peretz, Shalom Aleichem e Mendele-Mokher. A forma como Dostoyevsky escrevia sobre a morte tocou-o de forma particular,merecendo de Peres a seguinte observação: “Nos livros de Dostoyevsky, a morte parecia-me ser eterna e terrível, tal como o próprio D’us. Passei noites de ansiedade, profundamente imerso nas páginas de Dostoyevsky”.
O avô não era, entretanto, apenas um homem culto, que lia boa literatura e tocava violino, Zvi Meltzer tinha sido diplomado numa famosa escola judaica, a Yeshiva Volozhin, e, é claro, compartilhava a fé com o neto preferido.
Neste quarto texto em homenagem aos 90 anos de Shimon Peres, terminamos o artigo com uma frase do Presidente de Israel relembrando esta época:
“Quando eu era criança, era um grande crente. Estava convencido da existência de D’us, temia a Sua ira, sentia a sua poderosa e invisível presença. Orava por Ele e por todos nós, com um entusiasmo inquieto. Os primeiros livros que li não eram livros – eram as Escrituras. Era a santidade, e não as histórias infantis, que preenchia o meu jovem coração. Não praticava esportes, não estava consciente da beleza da natureza, não era atraído pelo júbilo das crianças.”
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