
ISRAEL EM FESTA COMEMORA OS 150 ANOS DO NASCIMENTO DE UM MITO
Durante anos quem chegava ao meu escritório, anexo a sala de visitas da minha casa em Fortaleza, podia ver simetricamente dispostos na parede três quadros com velhas fotografias. Uma, clássica, mostrava o momento em que David Ben Gurion lia a Declaração da Independência do Moderno Estado de Israel. O outro, meio desbotado, mostrava um instantâneo tirado em Tel Aviv poucos minutos depois do rádio anunciar o final da votação da Resolução 186 da ONU, que decidiu pela partilha da então denominada Palestina. O povo, extasiado, comemorava nas ruas o surgimento do Estado de Israel. A terceira fotografia, no centro das outras duas, mostrava um homem debruçado sobre a sacada de um hotel na Basileia. De olhar penetrante e barba hirta, o homem era Theodor Herzl.
Mantive os quadros por anos, a despeito de estarem desbotados e arranhados. Tinha diversos motivos para isso. O primeiro – e mais importante – é que aqueles quadros resumiam minha postura francamente sionista em relação a Israel e seu povo. O segundo motivo, é que eu havia ganhado aqueles quadros de um sobrevivente do Holocausto. A simbologia dupla fazia com que aqueles quadros se mantivessem lá por anos, como se meu escritório fosse um solene museu de três únicas peças.
Anos se passaram e eu estou hoje em Israel! E quis O ETERNO, em SUA infinita misericórdia, que eu estivesse aqui no momento em que esta Nação comemora os 150 anos de nascimento daquele que ousou sonhar a restauração da Terra de Israel.
A edição de hoje do jornal Haaretz (A Terra) trouxe um caderno especial contando a vida e a obra deste herói de proporções bíblicas do Estado de Israel. A capa do suplemento é de uma estética tão bela que assim que cheguei em casa eu a emoldurei e a coloquei sobre minha mesa.
Anos depois, cá está a figura serena de Theodor Herzl a emoldurar uma vez mais meu escritório. Só que hoje eu me sinto como que fazendo parte do milagre preconizado por este jornalista judeu que morreu tão jovem. Hoje eu moro na Terra que ele, um dia, ousou sonhar que o seu povo reconquistaria.