ÁRABE MATA ÁRABE, MAS O CULPADO É…

Nesta quarta-feira, 12, dez ministros do Hizbollah renunciaram aos cargos que tinham no Governo de Coalizão do Líbano. Imediatamente todos os seus aliados fizeram o mesmo, deixando isolado o partido do primeiro-ministro Saad Hariri.
Até aqui estamos diante de uma notícia corriqueira, afinal de contas, todos os dias acontecem mudanças no tabuleiro do xadrez político mundial. Onde quer que haja governo haverá mudanças, seja a nação uma democracia, uma ditadura ou um reino.
Só que a nota acima têm desdobramentos e implicações incomuns. A começar pelas razões do pedido de demissão coletivo: Os ministros deixam o governo em represália ao julgamento dos responsáveis pelo assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri ocorrido em Fevereiro de 2005. Rafic Hariri era pai do atual primeiro ministro e seu assassinato foi atribuído, desde o início, a um complô sírio-libanês (2). Inclusive a executiva libanesa Rana Abdul-Rahim Koleilat, (3) supostamente ligada ao assassinato, fugiu para o Brasil onde acabou presa em Março de 2006 por outras razões. Em São Paulo ela aguarda decisão da justiça brasileira quanto à extradição ou não para o seu país.
Nos anos que se seguiram, uma onda de assassinatos varreu o Líbano levando a Organização das Nações Unidas (ONU) a criar um grupo especial para investigar os fatos. E é justamente este grupo que apresenta agora, no início de 2011, os resultados da investigação. Sabendo o que espera os militantes acusados no complô, o grupo terrorista Hizbollah fez todas as manobras possíveis ara evitar o julgamento.
Nos bastidores, Síria e Arábia Saudita fizeram esforços para forjar um acordo político a respeito do tribunal da ONU que deverá julgar os suspeitos. Foi aí então que, reconhecendo a derrota que se avizinha, o grupo resolveu não perder a causa de todo Na nota divulgada por ocasião da renúncia, os ministros auto-demitidos negaram uma vez mais qualquer responsabilidade na morte de Hariri e disseram que o tribunal da ONU é um… PROJETO ISRAELENSE!
Sim, parece loucura, mas é justamente isso o que vocês leram. Na briga dos “brimos”, sobrou para os judeus. Um dos ministros ligados ao Hizbollah, Gebran Bassil, justificou o pedido de renúncia coletivo dizendo que o primeiro-ministro Saad Hariri “rejeitou as exigências de convocar uma sessão de emergência do gabinete para discutir a hipótese, pleiteada pelo Hizbollah, de que o Líbano pare de cooperar com o tribunal especial”. Depois de acusar uma suposta ingerência israelita, Gebran Bassil disse: “O período de graça terminou, e o estágio de espera que vivemos sem resultado terminou”.
Traduzindo: Perdemos a causa, mas continuamos a luta. Voltemos nossas atenções agora para nosso verdadeiro inimigo: Israel. O que o estado judeu tem a ver com esta história toda? Nada. Mas basta dizer para a turba sectária islâmica que a culpa é de Israel que assim será.
CURIOSIDADE
Nesta pendenga toda, os assassinos contam com o beneplácito da toda-poderosa Liga Árabe, um grupo de 26 países que têm por objetivo “reforçar e coordenar os laços econômicos, sociais, políticos e culturais” entre os árabes. E não é só isso. A Liga Árabe também zela pelo bom ambiente, “mediando as disputas entre eles”. Dois países não árabes entraram recentemente na Liga: A Venezuela, de Hugo Chávez, e o Brasil, de Luís Inácio…