O JULGAMENTO DO SÉCULO
Juízes ouvem Robert H. Jackson no Tribunal de Nuremberg
Para Adolf Hitler, Nuremberg era “a capital simbólica do III Reich”. E por este simbolismo, ao terminar a Segunda Guerra Mundial, os representantes dos governos vencedores escolheram esta cidade para a realização do julgamento dos criminosos de guerra. E foi assim então que em Nuremberg, de 20 de novembro de 1945 a 1º de outubro de 1946, aconteceu aquele que passou para a história como “O Julgamento do Século”.
Para o povo judeu, o Julgamento de Nuremberg revestiu-se de uma importância especial, pois pela primeira vez os representantes oficiais das forças aliadas apresentaram ao mundo uma farta documentação sobre a perseguição e o massacre que os judeus sofrerem ao longo da guerra. O que se viu e ouviu em Nuremberg abalou o mundo e mostrou os horrores daquilo que hoje se convencionou denominar Holocausto, mas que os judeus chamam de “Shoah”.
Quando o julgamento começou, perante o Tribunal, composto por juízes dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética, estavam presentes 21 dos 24 indiciados.
Os quatro ausentes foram o Barão Gustav Krupp, que encontrava-se incapaz; Robert Ley, líder da Frente Trabalhista, pois cometera suicídio e Martin Bormann, secretário pessoal de Adolf Hitler, cujo paradeiro nunca foi explicado, e que acabou sendo julgado in absentia.
Os assassinos no momento em que ouviam a leitura da sentença
A lamentar-se apenas o fato de que a acusação mais significativa foi deixada num segundo plano, pois para que os réus fossem alcançados por um veredicto amplo, a acusação evitou abordar frontalmente a estratégia alemã de aniquilamento, a famigerada “Solução Final da Questão Judaica”.
O Tribunal de Nuremberg se reuniu por 403 sessões, nas quais foram ouvidas mais de uma centena de testemunhos e examinados milhares de documentos. O grande destaque do julgamento ficou para o promotor Robert H. Jackson, um brilhante integrante da Suprema Corte dos Estados Unidos e homem de confiança do presidente Franklin Delano Roosevelt.
O mais surpreendente é que Robert Jackson era um jurista autodidata, que recebeu uma educação modesta e não tinha nenhum diploma universitário.
No seu pronunciamento final, Robert H. Jackson concluiu: “Nós acusamos que todas as atrocidades contra os judeus foram a manifestação e a culminação do plano nazista, no qual, a cada um dos réus cabe sua parte. Embora alguns tenham agora reconhecido que esses crimes de fato ocorreram, nenhum deles se opôs à política do extermínio, nem a tentou revogar ou modificar. Foi a determinação de extinguir os judeus que cimentou sua conspiração em comum”.
O veredito de Nuremberg foi lido no dia 30 de setembro de 1946, há exatos 71 anos.
A manchete do Suddeutsche Zeitung anuncia a sentença do Julgamento do Século
AS CONDENAÇÕES
Albert Speer, Líder nazista, arquiteto do regime e Ministro de Armamentos: 20 anos de prisão.
Alfred Jodl, Chefe de Operações do OKW (Alto Comando das Forças Armadas): Morte por enforcamento.
Alfred Rosenberg, Ideólogo do racismo e Ministro do Reich para os Territórios Ocupados do Leste: Morte por enforcamento.
Arthur Seyss-Inquart, Líder da anexação da Áustria e Gauleiter dos Países Baixos: Morte por enforcamento.
Baldur von Schirach, Líder da Juventude Hitleriana: 20 anos de prisão.
Erich Raeder, Comandante-chefe da Kriegsmarine: Prisão perpétua.
Ernst Kaltenbrunner, Chefe do RSHA e membro vivo de maior escalão da Schutzstaffel: Morte por enforcamento.
Franz von Papen, Ministro e vice-chanceler: Absolvido.
Fritz Sauckel, Diretor do programa de trabalho escravo: Morte por enforcamento.
Gustav Krupp, industrial que usufruiu de trabalho escravo: Acusações canceladas por saúde debilitada.
Hans Frank, Governador-geral da Polônia: Morte por enforcamento.
Hans Fritzsche, ajudante de Joseph Goebbels no Ministério da Propaganda: Absolvido.
Hermann Göring, Comandante da Luftwaffe, Presidente do Reichstag e Ministro da Prússia: Morte por enforcamento. Suicidou-se antes de ser enforcado.
Hjalmar Schacht, Presidente do Reichsbank: Absolvido.
Joachim von Ribbentrop, Ministro das Relações Exteriores: Morte por enforcamento.
Julius Streicher, Chefe do periódico anti-semita Der Stürmer: Morte por enforcamento.
Karl Dönitz,Presidente da Alemanha e comandante da Kriegsmarine: 10 anos de prisão.
Konstantin von Neurath, Ministro das Relações Exteriores, Protetor da Boêmia e Morávia: 15 anos de prisão.
Martin Bormann, Vice-líder do Partido Nazista e secretário particular do Führer: Morte por enforcamento.
Robert Ley, Chefe do Corpo Alemão de Trabalho: Suicidou-se na prisão.
Rudolf Hess, Vice-líder do Partido Nazista: Prisão perpétua.
Walther Funk, Ministro de Economia: Prisão perpétua.
Wilhelm Frick, Ministro do Interior, autorizou as Leis de Nuremberg: Morte por enforcamento.
Wilhelm Keitel, Chefe do OKW: Morte por enforcamento.
ANDS