PAPA FRANCISCO. DE ASSIS OU DE XAVIER? DEPENDE.
Uma coisa para a qual pouca gente atentou é que a Igreja Católica tem dois santos ilustres com o nome de Francisco. Um é o Francisco de Assis e o outro é o Francisco de Xavier. Qual deles o novo Papa homenageou ao escolher seu nome pontifício?

DOIS FILHOS CHAMADOS FRANCISCO
Quando Jorge Mario Bergoglio anunciou que usaria a alcunha de Francisco, um frenesi tomou conta da Praça de São Pedro. Automaticamente as atenções se voltaram para o mais famoso dos Franciscos: o de Assis. Mas, será que foi o “santo” protetor dos animais o homenageado por Bergoglio? Tenho minhas dúvidas.
Se for o de Assis, a lógica da escolha me leva a pensar que o Papa despojará o Vaticano dos seus riquíssimos tesouros doando parte deles aos pobres. Pelo menos foi isso o que a História diz que fez o Francisco de Assis. Agora, se o Papa homenageou o outro Francisco, podem esperar que vem bomba por aí.
A outra coisa que vem sendo também muito comentada é o fato do Papa pertencer à Companhia de Jesus, ou seja, é um Jesuíta. Nos últimos dias milhares de brasileiros envolveram-se numa campanha contra a indicação do Deputado Marcos Feliciano para a presidência da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara. Acusam-no de intolerante e racista. Mas, quem tiver a paciência de debruçar-se sobre a história dos Jesuítas, descobrirá que as opiniões do Sr. Marcos Feliciano não são nada se comparadas com as ações concretas da ordem a que o Papa pertence.
A Companhia de Jesus foi durante mais de dois séculos uma das mais influentes ordens da Igreja Católica e para muitos historiadores, se quisermos compreender o catolicismo é imprescindível conhecer o papel da Companhia de Jesus, pois ela foi responsável pelo doutrinamento da maioria das colônias ibéricas, além de ter sido uma das maiores forças do Concílio de Trento e do Tribunal do Santo Ofício.
O Concílio de Trento foi a resposta – duríssima – da Igreja Católica à Reforma Protestante e a Inquisição Romana a responsável pela violenta perseguição aos judeus e foi nesse período que a Companhia de Jesus adotou o Estatuto de Limpeza de Sangue, não só na Ordem como em seus colégios e universidades. O Estatuto de Limpeza de Sangue era uma série medidas e mecanismos que visavam impediam a participação de judeus em instituições católicas. Segundo este Estatuto, os judeus convertidos à força, chamados de cristãos-novos, tinham o sangue infectado, de modo que contamnariam também as instituições católicas se delas fizessem parte. Nos dias de hoje ainda há historiadores católicos que que minimizam os nefastos princípios deste Estatuto dizendo que tratava-se de “uma prática que não visava a pureza genética, uma pureza biológica da raça, portanto um eugenismo, mas um mecanismo para tratar um problema de natureza ideológica e religiosa que tinha consequências a nível da estrutura social e da organização das instituições e poderes. A limpeza de sangue guardava os corpos dirigentes de contaminações não desejadas e dificultava os processos de ascensão social e promoção de outros grupos, como a burguesia nascente”.
Se do ponto de vista administrativo a Ordem Religiosa do atual Papa criou mecanismos para afastar os judeus da estrutura organizacional das suas instituições, no campo do proselitismo sua atuação foi mais violenta ainda. Os historiadores ressaltam que quando o método catequético falhava, o que ocorreu muitas vezes, os jesuítas não relutaram em solicitar e defender o uso da força. Nomes famosos como José de Anchieta e Manuel da Nóbrega defenderam abertamente o uso da violência para, como eles diziam, “sujeitar” os gentios. O padre José de Anchieta pediu ao rei de Portugal para “mandar para aqui uma força armada e numerosos exércitos, que dêem cabo de todos os malvados que resistem à pregação do Evangelho e os sujeitem ao jugo da escravidão”. E em nome de uma dita “lei natural”, estranha ao mundo indígena, o padre Manuel da Nóbrega foi favorável à escravização dos nativos recalcitrantes: “Se deve sujeitar o gentio e fazê-lo viver como criaturas que são racionais, fazendo-lhe guardar a lei natural”. A força militar foi posto em prática oficial e regularmente através da conhecida “guerra justa”, e os jesuítas sempre estiveram presentes nesses campos de batalha.
Para aqueles que quiserem expandir seus conhecimentos nesta área, sugiro a leitura de um interessante trabalho do historiador Dr. Robson Luiz Lima Santos, do Departamento de História da Universidade de São Paulo, intitulado “Intolerância e Racismo na Companhia de Jesus”.
Francisco de Assis ou Francisco de Xavier? Só o tempo e os atos do novo Papa poderão nos responder a quem Bergoglio quis homenagear. Se abrir mão de alguns dos tesouros do Vaticano, será franciscano de Assis, se endurecer com os reformistas, será franciscano de Xavier.
Ah, só mais um pequeno detalhe para fazer vocês pensarem um pouco: O Francisco de Xavier é co-fundador da Companhia de Jesus. Hum, será que isso quer dizer alguma coisa?

Acabei de estudar A HISTORIA DA IGREJA-DO PENTECOSTES À REFORMA e esta sua explanação vem acrescer ao meu aprendizado de modo muito peculiar. Obrigada por você se deixar ser usado por Deus e que Ele continue guiando-o em tudo o que fizer! Fique na paz do Príncipe da Paz!
Eu, pessoalmente, não vejo São Francisco de Assis como símbolo de pobreza. Penso que optaram por isso para esconder sua verdadeira missão: a fraternidade entre todas as espécies. Para a igreja,seria bem melhor um padre mantendo os fieis na pobreza, do que um padre dizendo que somos irmãos do sol, da lua, dos bichos, das árvores. Como continuar a exploração da natureza? Porem, é fato que firmaram nisso. Durante muitos anos fui à missa no dia 4 de Outubro para ver o que falariam na homilia. Só na pobreza franciscana. Para quem é rico, é bom falar que os outros devem permanecer pobres. Os pobres bem que querem melhorar de vida. A única vez que ouvi um padre falando numa missa sobre o lado ecológico, digamos assim, de Francisco, foi a meu pedido. E houve relutância em aceitar. Isso significa que a igreja quer mesmo passar essa imagem de Francisco de Assis. E pelo que li, apesar de Francisco Xavier ter sido Jesuíta, o novo papa teria dito que queria uma igreja voltada para os pobres. A sugestão teria vindo de um cardeal brasileiro. Está no Jornal Hoje em Dia. Sendo assim, o Francisco do papa, é mesmo o de Assis. Tomara que sim. Duas de suas atitudes recentes demonstram isso: a bênção ao cachorro guia, e a recusa de usar vestimentas com peles de animais.
Os olhos do Eterno D’us estão sobre todas as coisas Roberto. Tenho certeza que tudo será conhecido. Obrigada por mais uma excelente trabalho. Abraços a todos vocês!!!
Fica dificil achar qualquer coisa sobre a “dinâmica” dos processos de ensinamentos católicos por parte dos jesuítas, mas são informações interessantes e valem a pena serem verificadas, afinal, todo mundo sabe que a Igreja Católica varreu muita sujeira pra debaixo do tapete.
Dizem que nada se cria, tudo se copia, antigos parâmetros podem ganhar atualmente uma releitura.