O ROTEIRO DE NOSSAS VIDAS NÃO ESTÁ EM NOSSAS MÃOS
– Ao pensar que as palavras que escrevo em um post podem ser as últimas em minha vida, procuro ser cuidadoso em tudo o que publico.
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A primeira vez que pensei seriamente sobre a relevância daquilo que escrevo nos blogs e redes sociais foi quando li o tweet do filho de um dançarino famoso. Morto a tiros ao sair de um show, foi por meio do Twitter que o pai expressou seus sentimentos. Primeiro de dúvida quanto à veracidade da tragédia, depois num grito de dor pela perda. O pai ferido compartilhou também o último post que o filho lhe dirigiu através do microblog: “Bom dia [pai]… Deus está contigo.”
Cerca de um mês depois, nova tragédia, nova confidência, novo choque. Uma jovem jornalista morreu num acidente de trânsito e um dos seus últimos comentários era uma espécie de balanço do ano que terminava: “Em 2011 eu ri, bebi, cresci, evoluí, me iludi, curti, aprendi, saí, me diverti, mas não morri… Eu chorei, beijei, sonhei, errei, me decepcionei, zuei, realizei… Briguei, apaixonei, mudei, dancei, aproveitei, lembrei, fui lembrada, conheci novos amigos e, enfim, vivi!”
Na virada do ano, mais uma morte, mais um jornalista, mais um post. Daniel Piza, colunista do jornal O Estado de São Paulo, partiu. E eternizadas ficaram as últimas palavras no seu blog: “Inté. Parada de fim de ano. Volto no dia 11. Feliz 2012 para todos nós”.
Quando soube da morte de Piza postei, eu mesmo, um comentário no meu Facebook: “Diversas vezes fui advertido quanto ao uso da expressão ‘Se D’us quiser´. Quando digo isso, volta e meia aparece alguém me repreendendo enfaticamente: ‘Seja positivo, Roberto, é claro que ELE quer!’ Quem garante!? Também fico intrigado com a segurança com que os apresentadores dos telejornais se despedem dos seus telespectadores dizendo confiantemente: ‘Boa noite e até amanhã’. Quem garante!?”
Foi com essas reflexões que entrei no ano de 2012, tendo em mente um pensamento recorrente que volta e meia me vem à cabeça quando escrevo: E se este for o meu último post? … Portador de um leve problema cardíaco e dependente que sou de alguns comprimidos diários, sinto-me às vezes tentado a pensar assim.
Cinco dias antes de morrer, o jornalista do Estadão, que também era autor de 15 livros, postou um artigo que bem poderia ter sido o último. Com o título “De presentes e ausências”, trata-se de um belo texto sobre o Natal. Em determinado momento Piza diz: “Ver o sorriso de filhos e sobrinhos é boa maneira de encerrar o ano, como o fecho de capítulo de um livro que ainda não terminou, e mesmo que não chegue a redimir o capítulo ruim. Perdi minha mãe e, apesar das falas pseudo consoladoras do tipo ‘É a vida’ (não, é a morte mesmo) e ‘Tudo vai ficar bem’ (defina ‘bem’), a dor ganha intervalos, mas a ausência fica.”
Este deveria ter sido seu último post, teria sido icônico. Mas não, como o roteiro de nossas vidas não está em nossas mãos, o que ficou para a posteridade foi o lacônico “Inté”.
Muitas vezes fico extremamente triste ao ler os posts de alguns dos meus amigos no Facebook. Quanta superficialidade. Outras vezes eu mesmo me pego sendo superficial também, afinal de contas, sussurra-me uma voz, “o Face não é para ser sempre sério”.
É claro que a vida não é para ser levada sempre à ferro e fogo. Entretanto, pense na última coisa que você escreveu no seu blog, tuitou para os amigos ou postou no Facebook … (pausa) … Lembrou? A verdade é que se você morrer – e esta é a única certeza que se tem na vida – e o comentário que você postou tiver sido banal, terá sido ele o seu último post. E serão aquelas palavras as que marcarão a sua despedida.
Desde pequeno fui atraído pelas frases de impacto proferidas por famosos ao morrer. Comecei esta minha fixação quando, entre os 9 e 1o anos, assistia uma telenovela na extinta TV Excelsior, de São Paulo. Chamava-se Dez Vidas e foi apresentada entre 1969 e 1970, tendo no elenco diversos jovens que no futuro seriam a cara da TV brasileira. Regina Duarte, Leila Diniz, Nathália Timberg, Stênio Garcia e Osmar Prado entre outros. O roteiro falava da Inconfidência Mineira e o título vinha de uma frase atribuída a Tiradentes, interpretado pelo ator Carlos Zara. Diz a História que ao chegar no Largo da Lampadosa, onde foi enforcado, Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, teria dito sobre sua condenação por defender a pátria: “Se dez vidas eu tivesse, dez vidas eu daria.”
Esta frase, repetida de forma emocionada por Carlos Zara, marcou minha infância. E hoje, ao imaginar que as palavras que eu escrevo em um post podem ser as últimas em minha vida, procuro ser cuidadoso em tudo o que publico. Claro que continuo sendo uma pessoa descontraída e provavelmente vou continuar compartilhando amenidades, mas, atento à brevidade da vida, sou hoje muito mais criterioso naquilo que escrevo e faço o possível para não desperdiçar meu tempo com textos fúteis.
PARA PENSAR
Havia um homem cuja terra era muito produtiva. Ele discutia consigo mesmo: “O que devo fazer? Não tenho espaço suficiente para minha colheita”. Então ele disse: “Isto é o que farei: derrubarei meus celeiros, construirei outros maiores e estocarei todo o trigo e meus outros bens ali. Então direi a mim mesmo: que homem de sorte você é! Tem uma grande quantidade de bens guardados para durar muitos anos. Descanse, coma, beba, divirta-se!”. Mas D’us lhe dirá: “Tolo, nesta mesma noite morrerás! E o que tens preparado, para quem será?”.
FONTE: Lucas 12.16-20, in B’rit Hadashah na tradução de David H. Stern. Jerusalém, Pesach de 5.758.
Atos dos Apóstolos 17:28
porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração.
Graças nós tidamos o Deus de Abraão Isaque e Jaco. e verdade as vezas nos esquecermos que não somos erternos mas temos está firme esperança e certeza estamos nas mãos de Deus e elE vela por aqueles que o amão na vida ou na morte que o Senhor Jesus esteja com nosco so Deus pode nos da Paz quando pensamos nesta certeza que e amorte elE e a nossa vida Deus abençoe querido irmão ate o próximo post se Deus asim nos permitir.
Esse post me fez pensar bastante, tomara q não seja o seu último
Muito bom artigo para refletirmos sobre tudo o que postamos, Roberto. Nossas últimas palavras realmente sempre marcam, assim como os sentimentos verdadeiros que deixamos para nossos entes queridos.