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EXPOSIÇÃO SOBRE ANNE FRANK EM PONTE DA BARCA


Foto: Blogue do Minho

O átrio dos Paços do Concelho em Ponte da Barca recebeu a Exposição “Anne Frank: Uma História para hoje”. A exposição, composta por 34 painéis, que tinha como lema “Aprender com o passado e Ensinar para o Futuro”, traçou um paralelo entre o relato do maior de todos os pogroms, o Holocausto, e a história da família de Otto Frank, pai da autora do diário mais famoso de todos os tempos.

Como parte da programação, foi exibido o filme “Que a tua lembrança seja amor”. Produzido pela Escola Internacional para Estudos do Holocausto, do Yad Vashem de Israel, o filme é um documentário sobre a vida de Ovadia Baruch, um dos sobreviventes do Holocausto.


Foto: Blogue do Minho

Ponte da Barca fica junto a Ponte de Lima, uma região onde a presença judaica foi significativa, sendo que o auge aconteceu durante os séculos XIV e XV quando a Judiaria de Ponte de Lima tinha uma vida muito dinâmica.

O concelho de Ponte da Barca recebeu foral de D. Teresa no ano de 1125. O foral era o documento real que estabelecia um concelho e regulava a sua administração, deveres e privilégios. Na prática, era a certidão de nascimento de uma vila, razão pela qual, oficialmente, Ponte da Barca completará 893 anos em 2018.

Situada na região do Alto Minho, até meados do século XV a vila era servida por uma barca que fazia a travessia do Rio Lima. Em 1450 foi construída uma ponte e a vila passou a se chamar São João de Ponte da Barca.

Como fica na rota do Caminho de Santiago de Compostela, a ponte era utilizada pelos peregrinos na sua caminhada em direção à Espanha. E dadas as circunstâncias da época, a ponte foi também ponto de passagem dos judeus que faziam o caminho inverso.

Em março de 1492 começou na Espanha uma das mais severas perseguições aos judeus, quando os Reis Católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, promulgaram o Decreto de Alhambra, também conhecido como Édito de Granada ou Édito de Expulsão.

Como o local aprazível e àquela altura não havia pressão por parte do catolicismo português, muitos dos judeus acabaram por se estabelecerem na região.

Passados apenas 4 anos, em novembro de 1496, o rei português D. Manuel I se casou com D. Isabel I de Espanha e, como resultado de um acordo nupcial imposto pela consorte espanhola, logo no mês seguinte D. Manuel decretou a ordem de expulsão dos judeus de Portugal.

Começava a tragédia também do outro lado da ponte, tragédia esta que se estendeu ao longo de séculos, com avanços e recuos, culminando no surgimento, já no século XX, do movimento nazista na Alemanha.

E foi justamente esta tragédia que foi relembrada, para nunca mais ser esquecida, na exposição realizada na quase milenar Ponte da Barca.


Foto: Blogue do Minho

ANDS | BLOGUE DO MINHO (FOTOS)

1 Comments

  1. Como sempre as vossas reportagens sao excelentes. Muito obrigada por cada uma delas. Vossa dedicacao em pesquisar a historia judaica no nosso Portugal e de um valor incalculavel. Parabens. Rag Sameach Purim.

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