O OBJETIVO É SEMEAR O MEDO
Numa produção muito bem feita, o Estado Islamico divulgou ontem um vídeo onde glorifica os terroristas responsáveis pelo massacre de Las Ramblas e ameaça a Espanha com novos ataques.
É a primeira vez que um vídeo do Estado Islâmico foi produzido em espanhol. Além de exaltar a atitude de Younes Abouyaaqoub, o autor do ataque terrorista em Barcelona, o jihadista que aparece no vídeo deixa claro que o objetivo deles é retomar o Califado de Andaluz.
Al Andalus foi nome dado à Península Ibérica no século VIII quando estava sob o domínio do Califado Omíada — o segundo califado islâmico estabelecido após a morte de Maomé.
Isto significa que os moradores de parte da península ibérica devem se preparar para dias difíceis. De Barcelona para baixo, pelo lado espanhol, e do Porto para baixo, no lado português a vigilância deve ser redobrada. O objetivo deles, fica claro no vídeo, é instalar o medo e semear o pânico.
Um dos dois jihadistas identifica-se como Abu Lais Al Qurdubi e apela a quem não possa viajar até ao Estado Islâmico que façam jihad — que significa “luta” — onde estiverem, porque “a jihad não tem fronteiras”. “Allah ficará satisfeito convosco”, acrescenta ainda dizendo com a permissão de Allah, “Al Andalus voltará a ser o que era, a terra do califado”.
A mensagem tem como alvo, como sempre, os infiéis, apontando o dedo especificamente para os cristãos. “Aos cristãos espanhóis: não se esqueçam do sangue derramado dos muçulmanos da Inquisição espanhola. Vamos vingar o vosso massacre e o que estão a fazer agora com o Estado Islâmico”, diz Abu Lais Al Qurdubi.
Ao longo do vídeo, as declarações dos dois jihadistas vão sendo intercaladas com imagens de notícias internacionais sobre o ataque em Barcelona e também imagens do rei Felipe VI de Espanha e do presidente Mariano Rajoy.
“Que Allah aceite o sacrifício dos nossos irmãos em Barcelona. A nossa guerra convosco irá durar até o fim do mundo”, diz o segundo homem, identificado como Abu Salman al Andalusi.
No final do vídeo, aparece um cartaz em árabe que diz: “A primeira gazw”, isto é, a primeira incursão militar na Espanha.
Judeus espanhóis julgados pela Inquisição Católica
UMA INQUSIÇÃO CATÓLICA E NÃO CRISTÃ
Para efeitos históricos é bom explicar que dos quase 50 mil processos instaurados pela Santa Inquisição pouco mais de 10 mil, ou seja algo em torno de 20%, eram muçulmanos. Nos restantes 80% havia de tudo um pouco, sendo que os mais atingidos foram os judeus e os protestantes, que eram verdadeiramente cristãos.
Entre 1560 e 1700, a Santa Inquisição Católica Espanhola levou a julgamento 49.092 pessoas. As acusações incluíam: A prática do judaísmo (5.007); o protestantismo (3.499); o iluminismo (149); a crença em superstições (3.750); pensamentos heréticos (14.319); bigamia (2.790); solicitações ao tribunal (1.241); infrações ao Santo Ofício (3.954) e diversas outras acusações (2.575).
O VÍDEO-AMEAÇA DO ESTADO ISLÂMICO
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