AS PROVAS DE TEL LAKHISH
Santuário descoberto em Israel confirma relatos bíblicos da época do Rei Ezequias
Arqueólogos israelenses encontraram vestígios de um santuário e de uma porta de cidade que comprovam que a história da Bíblia sobre a destruição de falsos ídolos, por parte do Rei Ezequias da Judeia, é verdadeira.
A descoberta do chamado “portão-santuário” na antiga cidade de Tel Lakhish (Laquis), em Israel, está sendo encarada como uma confirmação do relato bíblico sobre o Rei Ezequias que reinou na Judeia no Século VIII a.C..
O relato refere-se ao que foi o 12º rei da Judeia, que decidiu abolir os falsos ídolos e assim, “retirou os altares pagãos, destruiu as pedras sagradas e quebrou as colunas sagradas da deusa Asherah”, conforme está escrito na Bíblia.
Laquis foi uma cidade situada na planície marítima da Filístia, fato registrado no livro de Josué (10:3, 5; 12:11). Do ponto de vista arqueológico, a referência mais antiga aparece nas famosas Cartas de Tel Amarna, onde é citada como Lakisha-Lakiša.
As Cartas de Tel Amarna é a designação dada a um conjunto de tabuinhas em escrita cuneiforme que foram encontradas na cidade homônima, sendo que esta era uma das várias capitais do Antigo Egito. As tabuinhas (figura ao lado) faziam parte do arquivo de correspondências do Egito com os reis e governadores de Canaã.
Os israelenses, sob liderança de Josué, capturaram Laquis, destruindo a cidade junto com outros Reis cananeus (Josué. 10:31-33). Mais tarde o território foi concedido à tribo de Judá (15: 39).
Durante o reinado de Roboão, Laquis tornou-se uma fortaleza militar (II Crônicas 11:5-12). Algum tempo depois, o rei Amazias foi a Laquis para escapar de seus conspiradores, mas foi encontrado e assassinado (2 Reis 14:19; 2 Crônicas 25:27).
As escavações de agora estão a ser realizadas sob supervisão da Autoridade de Antiguidades de Israel, IAA, e mostraram que “os relatos que [até então] conhecíamos como contos bíblicos, são fatos históricos e arqueológicos”, realça o ministro do governo israelense para os Assuntos de Jerusalém, Ze’ev Elkin.
O diretor da pesquisa arqueológica, Sa’ar Ganor, conta num comunicado sobre a descoberta publicado no site da IAA que as pessoas das classes altas desta cidade da Judeia, incluindo os anciãos, juízes, governadores e Reis, se sentavam nos bancos perto do portão da cidade e “esses bancos foram encontrados na escavação”.
Ainda exultante pela descoberta, Sa’ar Ganor disse numa entrevista à revista Live Science: “Os degraus para o Santo dos Santos (porta-santuário) foram construídos na forma de uma escadaria que subiam para uma grande sala onde havia um banco sobre o qual se deixavam as oferendas. Havia uma abertura no canto desta sala e, para nosso grande entusiasmo, encontramos lá dois altares de quatro chifres e dezenas de objetos em cerâmica, tais como candeeiros, tigelas e bancadas”.
O arqueólogo destacou que “os chifres no altar foram intencionalmente cortados”, concluindo que todos estes sinais são provavelmente, evidências da reforma religiosa empreendidas pelo Rei Ezequias, através da qual a adoração religiosa foi centralizada em Jerusalém e os lugares altos de culto construídos fora da capital foram destruídos”.
PROFANAÇÃO PROPOSITAL
Vaso sanitário não utilizado serviu como profanação simulada
Foi ainda encontrado um vaso sanitário de pedra instalado num canto do Santo dos Santos. Segundo os pesquisadores, esta descoberta leva a crer que se tratava de uma profanação intencional do lugar sagrado, da mesma forma que encontramos descrito na Bíblia.
As pesquisas laboratoriais realizadas confirmam que o vaso sanitário nunca foi usado, logo conclui-se que foi uma colocação “simbólica, depois da qual o Santo dos Santos foi selado até o local ser destruído”.
O encontro de provas deste tipo de profanação é histórico, pois “é a primeira vez que uma descoberta arqueológica confirma o fenômeno”, realçou a IAA num comunicado à imprensa.
Foram ainda encontrados durante as escavações vários artefatos da época do reinado de Ezequiel, sendo que entre eles encontram-se colheres usadas para carregar grãos e frascos que continham uma impressão com o selo do rei além de sinais da preparação do Reino da Judeia para a guerra contra Senaqueribe, o Rei da Assíria, uma guerra que acabou por acontecer no final do Século VIII a.C.
O diretor-geral da Autoridade israelense da Natureza e Parques, Shaul Goldstein, salientou no site da IAA que “Tel Lakhish é um dos lugares mais importantes onde podemos ter provas inequívocas do domínio de Israel sobre a sua terra“, bem como do “cativeiro” a que os judeus foram votados por Senaqueribe, que conquistou a cidade e os levou “a uma vida de exílio que [para muitos] persiste até hoje”.
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