AÇÃO ESPETACULAR DA FORÇA AÉREA ISRAELENSE LIQUIDA TERRORISTA
Trinta e seis anos depois de assassinar um jovem policial juntamente com um pai e sua filha num ataque terrorista, Israel liquidou ontem o autor do atentado, Samir Kuntar.
Os assassinatos aconteceram em 1979 e são considerados até hoje como os mais cruéis e revoltantes da história recente de Israel. Na oportunidade Samir Kuntar tinha apenas 16 anos.
No início deste domingo, 20, o terrorista, que era considerado um dos mais antigos líderes do Hezbollah, foi morto em um espetacular ataque da Força Aérea de Israel.
Caças israelenses sobrevoaram Jaramana, no sul da capital síria, Damasco, e bombardearam um edifício do grupo terrorista Hezbollah eliminado um dos seus líderes mais odiosos.
UMA MADRUGADA SANGRENTA E INESQUECÍVEL
Paramédicos socorrem Danny Haran e sua filha Einat na praia de Nahariya
Na madrugada do dia 22 de Abril, 1979, um grupo de terroristas da Frente pela Libertação da Palestina (FLP) invadiram Israel, a partir da fronteira com o Líbano.
Composto por 4 invasores, o grupo era liderado pelo mais novo deles, Samir Kuntar, que tinha na época apenas 16 anos. Isso, por si só revela a altíssima e precoce periculosidade do terrorista.
Juntamente com Kuntar estavam Abdel Majeed Asslan, de 24 anos; Mhanna Salim Al-Muayed, de 19 e Ahmed AlAbras, o mais velho, com 30 anos. Todos eram membros da FLP, uma organização terrorista liderada na época pelo seu fundador, Abu Abbas, um terrorista que viria a ser morto em 2004 quando as forças americanas intervieram no Iraque.
O ATAQUE
O grupo partiu do litoral de Tiro, no sul do Líbano usando um barco de borracha motorizado e com o objetivo de atacar a cidade israelense de Nahariya, que fica a apenas 10 quilômetros da fronteira.
Seguindo orientações transmitidas por rádio desde Beirute, o grupo desembarcou na praia e avançou para a cidade.
No julgamento a que foi submetido, Samir Kuntar disse orgulhosamente que apenas ele havia disparado cerca de 30 tiros sobre o jovem policial.
A violência da resposta aos tiros de advertência despertou quase toda a cidade que preparou-se para o pior. O mundo vivia naqueles dias uma onda de ataques terroristas palestinos sem precedentes.
O objetivo do grupo era sequestrar dois ou três cidadãos israelenses levando-os para o Líbano para que pudessem servir de moeda de troca com terroristas presos em diversas partes do mundo.
A primeira casa invadida foi a de um judeu oriundo da África do Sul chamado Charles Shapiro. Só que o invasor, Majeed Asslan, não esperava que o imigrante judeu estivesse armado com uma Magnum .22. Foi recebido a tiros e imediatamente abatido.
O grupo recuou assustado e encontrou um pai a correr para um dos diversos abrigos anti-bombas existentes na cidade. Moshe Sasson levava duas filhas sob seus braços e recebeu uma coronhada na parte de trás da cabeça.
Providencialmente, as luzes da cidade foram desligadas neste momento e Sasson, aproveitando o escuro, deslizou para baixo de um carro salvando-se a si e às filhas.
O grupo invadiu então o apartamento do vizinho de Sasson. Começava a tragédia da família Haran.
Os três terroristas restantes tomaram como reféns o pai, Danny Haran, de 31 anos, e sua filha, Einat, de 4. Depois, vasculharam o apartamento em busca do restante da família. No escuro, a mãe, Smadar Haran, havia conseguido esconder-se juntamente com outra filha, Yael, de 2 anos, e sua vizinha, a esposa de Moshe Sasson.
Danny Haran com as filhas Einat e Yael
A esta altura, a cidade já estava sob domínio do esquadrão de elite Sayeret Golani que não só perseguiu o grupo até a praia como inutilizou o barco de borracha.
Percebendo a impossibilidade fuga e o fracasso da operação, atiraram contra Danny Haran e para certificar-se de que estava realmente morto, mantiveram-no submerso nas águas.
Samir Kuntar passou a atingir a cabeça da pequena Einat dando-lhe violentos golpes com a coronha da sua arma. Depois, tomou uma pedra e esmagou-lhe o crânio.
No apartamento, a tragédia da Família Haran teria ainda o pior dos desfechos. Nervosa, no escuro, trancada em um cubículo com a vizinha e a filha, Smadar Haran, a esposa de Danny, acidentalmente sufocou a criança na tentativa de acalmá-la devido ao choro que revelaria o esconderijo. Yael, de apenas 2 anos, acabou por morrer nas mãos da própria mãe.
Na praia, Mhanna Salim Al-Muayed era morto enquanto Ahmed Assad Abras e Samir Kuntar eram capturados. Terminava uma das mais trágicas noites na memória do povo de Israel.
Einat e Yael Haran
Em 1980, num tribunal israelense, foram lidas as sentenças: Pelo assassinato das 4 pessoas, Samir Kuntar e Ahmed AlAbras foram condenados a 4 penas de prisão perpétua e uma adicional de 47 anos por ferimentos infligidos.
O grupo terrorista Hezbollah justificou a ação como “um protesto contra a assinatura do Acordo de Paz firmado entre o Estado de Israel e o Egito”. Um acordo que vigora até hoje e que tem sido um ponto de equilíbrio para a frágil paz na região.
Tanta violência para protestar contra um Acordo de Paz.
A propósito, Hezbollah em árabe significa “Partido de Allah”. Allah é o deus do Islã. E os defensores do Islã dizem que o Islã é uma Religião de Paz.
ISRAEL E O TRATAMENTO DADO AOS SEUS PRISIONEIROS
Momento em que Samir Kundar era preso por policiais israelenses
Uma vez preso, sob os cuidados e as leis do democrático Estado de Israel, Samir Kuntar passou a ter todas as regalias disponíveis a qualquer preso.
Depois de receber contínuas visitas da árabe-israelense Kifah Kayyal, uma ativista dos direitos humanos dos terroristas presos, acabou por casar-se com ela.
Um ano mais nova que Samir, Kifah, agora com o status de “esposa de prisioneiro”, passou a receber uma bolsa mensal do Governo de Israel, um salário que toda esposa de prisioneiro tem direito. E Samir Kuntar passou a ter o privilégio de receber visitas íntimas. Alguns anos depois divorciaram-se.
Samir voltou a casar-se no Líbano, desta vez com uma jovem milionária, e Kifah, também casada, mora hoje em Ramallah onde continua a defender terroristas. O casal, felizmente para a sociedade, nunca teve nenhum filho.
Na prisão, Samir Kuntar foi autorizado a fazer um curso superior da Universidade Aberta de Israel, tornando-se Bacharel em Ciências Sociais e Política.
Tratado como herói por ter assassinado uma criança de 4 anos, Samir Kuntar sorri junto à noiva milionária Zeineb Barjawiread.
SMADAR HARAN
Impossível imaginar o que passou Smadar Haran para superar o assassinato do esposo e da filha mais velha e a morte involuntária da caçula. Só quem privou da sua intimidade – e talvez nem esses – o sabem.
Anos depois, Smadar Haran casou-se com Yakov Kaiser, um psicólogo clínico que tinha sido gravemente ferido na Guerra do Yom Kippur em 1973, e teve com ele duas outras filhas.
Smadar é hoje uma psicoterapeuta com um mestrado em trabalho social.
LIBERTAÇÃO E HOMENAGENS
Liderança do grupo terrorista Hezbollah recebem Kundar em Beirute
Das 4 penas de prisão perpétua recebidas, Samir Kuntar cumpriu apenas 29 tumultuados anos. Digo tumultuados, porque o seu nome sempre vinha à tona quando alguma ação terrorista forçava Israel a negociar prisioneiros.
No dia 26 de Maio de 2008, as autoridades israelenses informaram que o nome de Samir Kuntar constava da lista de prisioneiros que poderiam ser trocados pelos corpos de Eldad Regev e Ehud Goldwasser, dois ex-soldados israelenses capturados pelo Hezbollah no incidente de Zar’it-Shtula, fato que provocou o início da Guerra do Líbano em 2006.
A 29 de Junho de 2008, o gabinete israelense aprovou a troca e em 16 de Julho as famílias de Regev e Goldwasser receberam os caixões com os restos mortais dos seus filhos. Samir Kuntar estava livre novamente.
Israel recebe os restos mortais dos soldados trocados por Kundar
Ao desembarcar em Beirute, Kuntar foi recebido de forma oficial por uma comitiva que incluía o presidente libanês Michel Sleiman, o primeiro-ministro Fuad Saniora, o Presidente do Parlamento Nabih Berri e diversas outras autoridades civis e religiosas.
O Hezbollah, por sua vez, organizou uma celebração pública em Dahieh, o reduto do grupo terrorista em Beirute. O líder Hassan Nasrallah fez um discurso de boas-vindas e Kuntar voltou a integrar a elite do terror. Trinta anos mais velho e com uma formação acadêmica israelense no currículo, poderia ter escolhido outro destino.
Bashar Assad condecora Samir Kuntar
Em 2008 o presidente sírio Bashar Assad concedeu-lhe a Ordem de Mérito da Síria. Na oportunidade, Samir Kuntar, que tem ascendência drusa, visitou uma comunidade siro-drusa nas colinas de Golan onde afirmou: “O presidente Bashar Assad prometeu-me que irá ajudá-los. Eu lhes garanto que em breve o presidente Assad hasteará a bandeira síria nas Colinas do Golã”, concluiu o terrorista.
Atualmente, Kundar era um mercenário a serviço do Irã.
No dia 19 de Julho de 2008 a TV Al Jazeera transmitiu a recepção que os libaneses deram ao terrorista e o chefe do escritório da emissora em Beirute, Ghassan bin Jiddo, elogiou Kuntar chamando-o de “herói pan-árabe”. Na transmissão, Jiddo anunciou que a emissora estaria organizando uma festa de aniversário para ele que no dia seguinte, 20, faria 46 anos.
Neste domingo, 20 de Dezembro, aos 53 anos, Samir Kuntar foi para o Inferno.
OUTRAS IMAGENS
Aos 82 anos, Nina Haram mostra a foto do filho Danny.
Policial israelense leva o corpo já sem vida de Einat Haran
Karnit Goldwasser (esquerda) chora diante do corpo do marido.
Prédio do Hezbollah bombardeado por Israel – O monstro está morto.
um terrorista a menos