− Na Democracia Iraniana, se alguém nega Allah, ou nega a legalidade do sistema islâmico, não pode participar de uma eleição.
MOHAMMAD DIZ, MAHAMOUD NUNCA MAIS. QUEM “SOBREVIVER” VERÁ
Assisti na manhã desta quinta-feira, 15, o jornalista da Euronews, Jon Davies entrevistando Mohammad-Javad Larijani, “Líder do Supremo Conselho do Irã”. Seja lá o que for o que isso signifique, fica no ar a ideia de que se trata de algum órgão responsável pela elaboração de mentiras. Cheguei a esta conclusão depois de analisar as respostas do tal líder, pois quando não usava frases evasivas, as respostas de Mohammad-Javad eram tão contraditórias que nem mesmo o jornalista, que é empregado de uma emissora financiada por árabes, conseguiu entender.
Por exemplo, ao ser perguntado sobre o internacionalmente condenado programa nuclear do seu país, Mohammad-Javad respondeu: “O programa nuclear do Irã é absolutamente transparente e todos o conhecem inteiramente”.
Surpreso, o entrevistador reagiu: “Mas até mesmo os russos, [aliados incondicionais de Teerã], têm dito que o Irã deve manter a promessa de permitir o acesso dos inspetores internacionais ao programa nuclear e não é isso que acontece”. E questionou: “Recentemente, a missão da IAEA [International Atomic Energy Agency] abandonou o Irã de mãos vazias, dizendo que foram obstruídos de todas as maneiras. Onde está a transparência?”
A resposta de Mohammad-Javad Larijani foi um primor: “Nós concordamos com a ‘transparência desenvolvida’ (…). Nós esperamos cooperação do outro lado, devemos ter a capacidade de apreciar a cooperação de outros estados. Nós somos privados de tudo e pedem, unilateralmente, que o Irão seja transparente. É incompatível”.
“Transparência Desenvolvida”!? Embora não faça a mínima ideia do que seja isso, digo: Tudo bem, vocês são maiores, conscientes e, quem sabe, até vacinados, por isso podem dizer o que quiserem, desde que depois, estejam dispostos a arcarem com as consequências. Agora, não me venham falar que o programa nuclear iraniano é “totalmente transparente”, pois isso é mentira.
Outra parte interessante da entrevista foi quando Mahammad-Javad disse que “no Irã nós temos a nossa própria democracia, não baseada num sistema liberal, mas baseada na racionalidade islâmica”. Sem entender bem o que significaria esta “fórmula”, o entrevistador ousou perguntar: “ Poderia explicar o que é Democracia para vocês, pois os líderes da oposição estão sendo presos e não é permitido a muitos candidatos, participarem das eleições? Que tipo da democracia é esta?”
Nova resposta dúbia e nova prova da incoerência, digamos, islâmica: “Aqueles que estão na cadeia não estão lá por causa das suas ideias políticas. Eles atuaram fora da estrutura legal. Para atuar numa sociedade civil, devemos respeitar as leis, mesmo quando não concordamos com essas leis. No Irã, se alguém nega Allah, ou nega a legalidade do sistema islâmico, não pode participar de uma eleição que, por juramento, deve ser disputada por alguém que venha trabalhar para o sistema islâmico”.
Acontece que dois dos presos políticos iranianos são reconhecidamente religiosos, o que levou o jornalista a perguntar: “Está a sugerir que Mirhossein Mousavi e Mehdi Karoubi negam a existência de Allah?”
Nova resposta, digamos, engraçada: “Não. Apenas estou a dizer que eles participaram de um golpe de Estado nas últimas eleições. Não era uma campanha eleitoral. Empregaram mal o entusiasmo da eleição e mesmo antes dos resultados saírem, anunciaram-se como vencedores e pediram que as pessoas viessem para as ruas, derrubassem o governo e criassem um governo novo. Isto é um golpe de estado. Isto é um crime grave”.
Quando o jornalista perguntou se eles “tinham prova” disso, Mahammad respondeu: “Bem, estão sob investigação e a documentação que foi apreendida está a ser analisada. Na verdade, o governo e o sistema judicial estão a tratá-los, de forma suave. Não é do interesse de uma nação tão grande, com confiança no seu poder, resolver estes erros com a pena máxima. O sistema quer tratá-los, com penas suaves”.
Novamente eu digo, tudo bem. Cada país tem a liberdade de implementar o tipo de governo que o povo quiser ou que os seus ditadores estejam dispostos a impor, mas daí afirmar que um regime arcaico, medieval até, venha a ser uma Democracia, é mentira.
A parte boa, ou melhor, a parte menos ruim da entrevista, foi a final, quando o tal “Líder Supremo” deu a entender que Ahmadinejad não é mais uma figura unânime no Irã e que não irá disputar as próximas eleições. Mesmo não sabendo bem o que isso significa, uma vez que de lábios mentirosos podemos esperar de tudo, só de imaginar que não mais ouviremos Mahmoud Ahmadinejad discursando na ONU já podemos considerar esta como a melhor notícia da semana.
A ENTREVISTA
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O Irã, ou Pérsia, não é pacífico. O governo iraniano vive ameaçando destruir Israel e os Estados Unidos.
Será que é uma boa notícia a saída de Ahmadinejad do cenário político?
Já imaginou se entra outro pior que ele? hehehe