COMO DEVE SER A PUNIÇÃO DOS 30 ESTUPRADORES CARIOCAS
Esta semana uma adolescente de 16 anos foi estuprada por 33 homens numa comunidade da Zona Oeste do Rio de janeiro. Em depoimento à polícia, ela disse ter ido à casa do namorado no sábado, 21 e depois não se lembra de mais nada, a não ser que acordou no domingo, violada, numa outra casa da mesma comunidade.
O caso poderia ter terminado por aí, como centenas de outros que acontecem diariamente no Brasil. Mas não, aquilo que começou como uma história terrível evoluiu para um caso macabro depois que um vídeo publicado na Internet revelou que ela não fora vítima apenas de um estupro, mas sim de uma curra coletiva. Trinta e três “homens” (sic) doparam, despiram e violentaram a jovem durante horas seguidas. Após o crime, e com requintes de maldade, deixaram-se filmar ao lado da desfalecida vítima, armados de pistolas e metralhadoras. Depois postaram o vídeo na Internet.
Um agente comunitário que socorreu a jovem disse que ela era “uma pessoa de sorte”, pois no Rio de Janeiro vítimas de casos assim são executadas depois do estupro. A um grande jornal brasileiro uma parente da menina concordou: “É isso que eles fazem, né. Não é normalmente a história que a gente conhece? Eles estupram e matam”.
A resignação da parente da menina estuprada é uma atitude assustadora que parece perpassar toda a sociedade brasileira. Estamos a nos acostumar com a banalidade da violência urbana. Estamos a aceitar com cada vez mais naturalidade algo que deveria arrepiar todo ser humano sensato em qualquer parte do mundo.
Num comunicado à imprensa, o presidente da Comissão dos Direitos humanos na Assembleia do Rio de Janeiro, disse que “a comissão acompanha o caso e PRETENDE oferecer atendimento psicológico e assistencial à vítima”. De concreto… nada.
A comissão, que é tão rápida a agir quando algum bandido é morto pela polícia, inexplicavelmente está calada. Até a manhã desta sexta-feira, 27, quase uma semana após a tragédia, não há nada na página pessoal do presidente da comissão, o deputado antissemita Marcelo Freixo, do PSOL, nem na página oficial da Assembleia Legislativa. Aliás, lá encontra-se apenas o comunicado de que “o empoderamento da mulher será discutido em Nova Iguaçu”.
O ESTUPRO COLETIVO NO RIO DE JANEIRO E O PENSAMENTO JUDAICO
Não é papel das instituições judaicas brasileiras manifestarem-se em casos como estes. Há alguns anos uma família judia foi abalada por uma tragédia parecida – não igual, pois este caso não tem precedentes – e a comunidade apoiou a família abalada. Mas, o que o judaísmo e a Bíblia têm a dizer num momento como este?
Recorro a um texto da organização Chabad para poder lançar luzes sobre o assunto. Fiz apenas algumas interferências linguísticas, sem prejudicar o contexto, e acrescentei links para as referências bíblicas citadas.
A MEMÓRIA DE AMALEQUE
Durante sua pacífica marcha do Egito até o Monte Sinai, os Filhos de Israel foram, certo dia, subitamente atacados por uma tribo feroz e guerreira – os Amalequitas. Foi uma investida covarde sobre uma nação que acabara de reconquistar sua liberdade, após séculos de escravidão e sofrimento. Com este ataque não provocado e traiçoeiro, os Amalequitas demonstraram não ter sentimentos humanos ou consideração. Foi como “Pearl Harbor,” porém muitas vezes pior. Foi um ato de pura perversidade, como a picada de uma cobra que não fornece nenhuma vantagem à própria cobra, mas mata a vítima.
Na batalha que se seguiu, Amaleque foi derrotado, mas não destruído. D’us ordenou a Israel para se lembrar daquele covarde ataque de Amaleque, e na época e local apropriados varrer Amaleque da face da terra. Pois não pode haver paz no mundo, enquanto se permita que os Amalequitas existam.
Amaleque atacou os Filhos de Israel em Refidim, logo após eles terem “murmurado” e duvidado de D’us, dizendo: “D’us está ou não entre nós?” Este ataque ensinou-nos uma lição que, infelizmente, repetiu-se muitas vezes na história do povo escolhido. Sempre que Israel começa a duvidar de D’us e abandona as Suas ordens, ali aparece ” Amaleque.”
Haman foi um descendente direto de Agag, o rei dos Amalequitas poupado pelo Rei Saul (porém que mais tarde foi posto à morte pelo profeta Samuel). A maior transgressão do Rei Saul foi que ele teve misericórdia sobre o líder dos Amalequitas, dando-lhe assim uma oportunidade de procriar muitos mais Amalequitas como ele próprio. Haman foi um deles, como enfatiza muitas vezes o Livro de Ester. Quando o Rei Saul falhou, seu descendente Mordechai o sucedeu. Porém, com a queda de Haman o fim dos Amalequitas não fora cumprido. Muitos Amalequitas sobreviveram até o dia de hoje, e continuam a criar muitos problemas aos filhos de Israel. Hitler foi um dos piores Amalequitas que jamais viveram, e embora ele também, como Haman, tivesse o que mereceu, muitos amalequitas menores que eles, infelizmente, ainda estão à solta.
Por ocasião da festa do Purim há um momento chamado Serviço Matinal onde os judeus leem a “Porção da Torá”, termo que em hebraico significa Parashá, onde a história do ataque de Amaleque é relatada (Êxodo 17:8). No sábado que antecede ao Purim os judeus leem uma Porção especial e adicional da Bíblia, ou seja, uma Parashá adicional, que começa assim: “Lembra-te o que Amaleque fez a ti.” (Deuteronômio 25:17) Os judeus chamam este sábado de Shabat Parashá Zachor, que em português significa “Sábado da Porção Lembre-se”.
E por que os judeus – e todo gentio que confia nas Sagradas Escrituras – devem se lembrar daquilo que Amaleque fez? Por que não devemos perdoar e esquecer neste caso? Isso não é vingança, não é algo proibido na própria Bíblia?
Certamente que a Bíblia proíbe a vingança: “Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado. Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.” (Levítico 19:17,18)
Todos nós, judeus ou gentios, somos proibidos de alimentar ressentimento contra nosso próximo. Somos proibidos, não apenas de ferir, insultar ou envergonhar quem quer que seja, como também de odiar qualquer pessoa em nosso coração, mesmo que não demonstremos abertamente.
Por que, então, somos ordenados a relembrar a atitude de Amaleque? E por que a Bíblia insiste em repetir a ordem “Não se esqueça!”?
De fato, não existe no mundo nação mais misericordiosa que o povo judeu, apesar do fato – ou talvez por causa dele – de que os judeus tenham sido perseguidos e torturados por muitos séculos, e até agora, e infelizmente, eles têm mais inimigos que amigos.
O fato dos judeus terem a sua prática de fé baseada num livro que registra uma história tão perversa e também o fato deste mesmo livro exortá-los a não esquecerem tal perversidade, não faz dos judeus um povo vingativo. E há uma história real que ilustra muito bem isso.
Samuel ibn Nagrela foi um grande estadista e poeta judeu que viveu na Espanha há aproximadamente novecentos anos. Nagrela foi o vizir do Rei de Granada, e certo dia, quando acompanhava o rei em uma visita à cidade, foi amaldiçoado por um homem na presença do soberano. O rei ordenou a Nagrela que punisse o ofensor cortando-lhe a língua perversa. O vizir judeu, no entanto, tratou gentilmente o inimigo, e a mesma língua que antes lançava maldições, agora tinha apenas bênçãos para o misericordioso vizir judeu que o havia poupado. Algum tempo depois, o rei encontrou o infrator, e ficou surpreso ao ver que Nagrela não o tinha punido. Quando pediu uma explicação, Nagrela replicou: “Não apenas cortei fora sua língua maldosa, como também lhe dei outra bondosa em seu lugar!”
O sentimento de vingança é uma paixão que está profundamente enraizada na natureza humana, e difícil de superar. Porém a Bíblia nos ordena subjugar esta paixão (Êxodo 23:4,5). Além da própria Bíblia, o livro religioso judaico chamado Talmud ensina que se um judeu encontrar um inimigo e um amigo em sofrimento, deve ajudar primeiro o inimigo, e só depois o amigo. E a subjugação da paixão humana está no cerne desta atitude, pois nossa tendência natural é ajudar primeiramente o amigo. Esta é a base que faz com que os judeus sejam treinados a serem “os misericordiosos filhos do Misericordioso.”
Já no caso de Amaleque, aos judeus lhes é ordenado lembrar o que ele lhes fez, e a varrer a sua memória da face da terra! A razão para isso é que Amaleque é a encarnação do mal. E nós, judeus ou gentios, jamais devemos fechar os olhos ao mal. Nunca devemos perdoar um assassino não arrependido. Se o fizermos, o mundo não será um bom lugar para se viver. E isso nada tem a ver com vingança. É a lei elementar da sociedade humana. Clemência a quem não a merece é pior que a crueldade.
Se qualquer um pode perdoar prontamente um assassino, não é porque seja bom e misericordioso, mas exatamente o contrário: porque ele não valoriza a vida humana. Estes são os tipos de pessoas que não erguem uma palavra em defesa da vítima desamparada, mas clamam por “misericórdia” para com o pobre, “mal orientado” assassino.
Não podemos reformar um assassino que tenha matado repetidas vezes perdoando-o. Ter compaixão para com ele significa ser cruel para com a humanidade.
Eis porque somos ordenados, judeus ou gentios, a sempre lembrar do que fez Amaleque. Amaleque deve ser destruído, porque o mal não pode ser tolerado.
ANDS | CHABAD
Concordamos plenamente, irmão.
A inversão de valores em toda a sua dimensão. É esta a picada da cobra em África
A Paz do Senhor Jesus!
É, o irmão sempre trazendo boas reflexões. Mas sobre o tal “estupro”, a coisa não foi bem assim não como divulgada pela mídia tendenciosa. E saiba o irmão que os ativistas estão usando esse “estupro” para acusar os evangélicos e suas lideranças de, acredite, cumplicidade.
Excelente texto, ganhei meu dia. Que o Senhor Yeshua te abençoe, amém.