SURPREENDENTES DESCOBERTAS NO DESERTO DE TIMNA
O Parque Nacional de Timna é um dos muitos locais surpreendentes do Estado de Israel. Situado ao lado da cidade de Eilat, no meio do deserto, esta antiga área de mineração de cobre, pelas suas características únicas de solo e clima, se tem tornado um dos lugares da Terra Santa onde a preservação de matérias orgânicas se deu de forma extraordinária. E isto é fantástico para os arqueólogos, que lá descobriram registros importantes do passado, tais como tecidos, couros e cordas. “Todos os anos temos encontrado fragmentos de tecidos em nossas escavações”, afirmou o Erez Ben-Yosef, Professor do Departamento de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv e responsável pelos trabalhos de escavação em Timna.
Por conta deste ecossistema único, a região se tem tornado pródiga em permitir a descoberta de fragmentos de tecidos, algo que não é incomum na vida dos arqueólogo, mas que no caso de Timna volta e meia surpreende pela qualidade dos materiais encontrados.
E isto ficou muito claro para o Professor Ben-Yosef quando Naama Sukenik, arqueóloga especializada em matérias têxteis da Autoridade de Antiguidades de Israel, lhe disse que haviam encontrado tecidos tingidos com púrpura real nos materiais enviados pelas equipes de Timna.
Um dos tecidos encontrados pela equipe de Ben-Yosef tinha aproximadamente 3.000 anos e a tinta púrpura real nele contida era daquelas que, na época bíblica, provavelmente teria sido das mais caras. Depois de submeter a amostra a um rigoroso teste de laboratório, os arqueólogos concluíram que se tratava mesmo da cor mencionada diversas vezes na Bíblia pelo nome hebraico de Argaman .
No período dos reis Davi e Salomão região de Timna foi um local de produção de cobre e a descoberta de tecidos com tão nobre tintura surpreender os arqueólogos. Até então era improvável pensar que tal tinta estaria presente no meio do deserto, uma vez que seu processo de fabricação utilizava caracóis do Mar Mediterrâneo, ou seja, de uma região relativamente distante de Timna. A descoberta da equipe de Ben-Yosef não só alterou a forma de pensar dos arqueólogos, como conseguiu fazer uma ligação da região com os relatos e as histórias da Bíblia Hebraica.
As atuais escavações começaram por volta do ano de 2013 e desde então voltou-se a dar mais atenção à teoria de que era exatamente naquele local que se encontrara no passados as famosas Minas do Rei Salomão, uma teoria nem sempre aceita por arqueólogos e historiadores.
O FOTÓGRAFO QUE VIROU ARQUEÓLOGO
As primeiras escavações começaram em meados do Século XX, quando uma expedição chefiada pelo Professor Beno Rothenberg descobriu as ruínas de um templo egípcio. Em 1969, as evidências eram tão fortes que Rothenberg chegou à conclusão de que no local teria havido um complexo de minas e fundições que estavam relacionado com as atividades do Império Egípcio. Estas atividades datavam da época do Novo Reino do Egito, quando aquela nação era muito forte. Este período estendeu-se do Século 13 até meados do século 12 a.C., quase 200 anos antes de Davi e de Salomão e esta foi uma das razões pelas quais as descobertas de 1969 permitiram associar a região às míticas Minas do Rei Salomão.
Nascido em Frankfurt em 1914, Beno Rothenberg imigrou com a família para Tel Aviv em 1933, ano em que Adolf Hitler se tornou chanceler da Alemanha. Sua formação acadêmica foi nas áreas de matemática e filosofia, estudando na Universidade Hebraica de Jerusalém e na Universidade de Frankfurt, onde recebeu seu PhD em 1961.
Antes de se dedicar à arqueologia, Rothenberg publicou vários artigos importantes na área de filosofia e depois de comprar sua própria câmera, em 1945, acabou por se tornar um dos fotógrafos mais importantes nos primeiros anos da história do Moderno Estado de Israel.
E foi através da fotografia que Beno Rothenberg chegou à arqueologia. No início dos anos 1950, ele foi o fotógrafo oficial das expedições do arqueólogo judeu-americano Nelson Glueck e seu interesse e empenho por esta ciência foram tão grandes que ele acabou promovido a supervisor da expedição e, posteriormente, a administrador da equipe de campo.
Foi nestes cargos, e sempre com o apoio de Nelson Glueck, que Rothenberg desenvolveu as habilidades que lhe permitiram embarcar em seus próprios projetos arqueológicos, começando com um levantamento da Península do Sinai em 1956 e, posteriormente, com o trabalho de escavações em Timna.
O SURGIMENTO DA ARQUEO-METALURGIA
As descobertas de Rothenberg em Timna, uma das regiões de produção de metal mais antigas e mais bem preservadas do mundo, o levou cunhar uma expressão até então inexistente, Arqueo-Metalurgia. E foi deste neologismo que surgiu o IAMS, o Instituto de Estudos Arqueo-Metalúrgicos da Universidade do Colégio de Londres, a reputada UCL.
É por estas e outras razões que visitar o sítio arqueológico do Parque Nacional de Timna acaba por ser uma das experiências mais gratificantes para os amantes da arqueologia, para os aficionados por fotografia e, claro, para os estudiosos da Bíblia Sagrada.
Veja a seguir imagens de uma das viagens feitas ao sítio arqueológico de Timna e que recebeu a cobertura jornalística do NOTÍCIAS DE SIÃO. O grupo retratado nesta viagem faz parte dos alunos do Moriah International Center, da Universidade Hebraica de Jerusalém, e teve a coordenação brasileira do Professor e Pastor José Nogueira Filho, de Fortaleza, Ceará.