PRIVILÉGIO DE POUCOS AO ALCANCE DE TODOS
Roberto Kedoshim com alunos de Arqueologia em um sítio arqueológico na Galileia
DOS ROLOS DAS CASAS PERNAMBUCANAS AOS ROLOS DE QUMRAN
Sempre gostei de coisas velhas e, como diria Pascal, por uma dessas razões que a própria razão desconhece, desde a mais tenra idade tive uma visão voltada para a preservação da História.
Na década de 1970, em Salto Grande, São Paulo, passei a guardar exemplares do Pravda, obtidos mediante solicitações enviadas para diversas representações diplomáticas de Brasília, solicitações estas que eram respondidas apenas pelas embaixadas do Reino Unido e da União Soviética.
Também não sei porque guardava exemplares do Pravda, talvez por ter uma tênue ideia de que aquele “império” um dia viesse a ruir e os periódicos, de folhas finíssimas e caracteres incompreensíveis, viessem a ter algum valor no futuro.
Mas não foi o Pravda o primeiro objeto a catalizar minha veia preservacionista, e sim singelos panfletos publicitários das Casas Pernambucanas.
Dez anos antes, quando minha família morava na cidade paulista de Quatá, eu gostava de correr atrás dos Jeeps amarelos que passavam anunciando “flanelas, lãs e cobertores” e a jogar maços de papéis coloridos para o ar. Pegava centenas deles, pois colecioná-los era um dos meus hobbies. Os outros eram papéis de balas e maços de cigarros vazios.
Um dia, fiz uma seleção daquelas publicidades, enrolei-as, envolvi-as num grosso papel para pães – os sacos plásticos, acreditem, ainda não existiam – e escondi aquele rolo num buraco que havia junto ao forro de madeira da minha casa.
“Um dia”, disse comigo mesmo, “se essa casa for demolida alguém haverá de encontrar estes panfletos!” Deveria ter nessa altura 7 ou 8 anos.
Não me lembro se já havia lido a história de Helquias e os carpinteiros e edificadores que, de acordo com o relato de 2 Crônicas 34, encontraram um Livro da Lei escondido numa das paredes do Templo. Provavelmente não, portanto não foi daí que me veio a ideia.
Além do mais, claro, há anos-luz de distância entre o valor das minhas peças históricas para alguns dos achados mais importantes da arqueologia bíblica, mas estas lembranças sempre voltam-me à mente quando leio alguma notícia sobre descobertas arqueológicas.
Das minhas idas e vindas a Israel, poucos lugares prendem-me tanto a atenção quanto o Museu do Livro. É fantástico chegar ali e pensar que estamos tão perto de uma das maiores descobertas arqueológicas da História: os Manuscritos do Mar Morto.
Mesmo chegando tão perto, não é dos originais que nos aproximamos, mas sim de uma cópia fidedigna, pois dos originais só alguns poucos privilegiados podem. No entanto, por um desses milagres da moderna tecnologia, agora qualquer pessoa com acesso à Internet poderá fazê-lo.
Recentemente, Adolfo Roitman, curador dos Manuscritos do Mar Morto, participou de um ciclo de palestras internacionais do grupo AMIGOS DE SIÃO, movimento fundado pelo norte-americano Thomas Larry Gilmer, presidente da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Os AMIGOS DE SIÃO realizam periodicamente os ENCONTROS DOS AMIGOS DE SIÃO, tanto em São Paulo quanto em Fortaleza, sendo que o grupo de Fortaleza é o responsável pelo ciclo de palestras em que participaram além do curador dos manuscritos como o Diretor do Moriah Institute Center, Ariel Horovitz e o Diretor do portal Cafetorah, Miguel Nicolaevsky.
Fui convidado a fazer parte deste ciclo de palestras e terei o prazer de falar aos AMIGOS DE SIÃO no próximo de 07 de Março.
OS MANUSCRITOS DO MAR MORTO ONLINE
PÚBLICO | Portugal
Muitos anos depois de terem sido descobertos, e milhares de anos depois de terem sido escritos, os Manuscritos do Mar Morto estão disponíveis online, desde 2012, através de uma colaboração entre a Google e a Autoridade de Antiguidades de Israel. No total, são mais de cinco mil os documentos e imagens disponíveis em alta resolução, à distância de um clique.
Entre os manuscritos encontram-se fragmentos dos mais antigos pergaminhos bíblicos do Antigo Testamento, entre os quais os referentes aos Dez Mandamentos, aos Salmos, ao Livro de Isaías e alguns textos apócrifos. Existe ainda um capítulo do Gênesis, datado do I século a.C.
Os Manuscritos do Mar Morto incluem as versões mais antigas da Bíblia e outros textos apócrifos e livros de regras do grupo que os compilou, os essênios. Desde que foram encontrados, apenas um reduzido número de investigadores podia consultá-los, o que, ao longo dos anos, tem gerado controvérsia. Foi para fazer frente às críticas e tornar os manuscritos acessíveis a um maior número de pessoas que as autoridades israelitas avançaram com este projeto online.
“Apenas cinco conservadores em todo o mundo têm acesso aos Manuscritos do Mar Morto”, disse à Associated Press (AP) Shuka Dorfman, arqueólogo e diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, acrescentando que o acesso é livre. “Todos podem clicar.”
Esta foi a segunda fase do projeto, que começou em 2011, quando o Museu de Israel anunciou que cinco fragmentos desta vasta colecção ficariam disponíveis online. Desde então, não são apenas cinco, mas todos os manuscritos, praticamente os únicos documentos bíblicos do primeiro século da era cristã (e alguns possivelmente do século III a.C.) que chegaram até hoje.
Na transposição dos documentos para a sua visualização online foram utilizadas técnicas desenvolvidas por especialistas da agência espacial norte-americana NASA. As imagens dos manuscritos têm uma definição 200 vezes superior à de uma câmara fotográfica digital comum, tendo cada uma cerca de 1200 megapíxeis, o que permite uma melhor análise dos documentos e do seu próprio estado de conservação.
Para o responsável da Google em Israel, Yossi Matias, a parceria com a Autoridade de Antiguidades “é mais um passo em frente que permite aos utilizadores de todo o mundo desfrutarem deste tipo de material cultural”. “Estamos a trabalhar para disponibilizar online material importante cultural e historicamente, preservando-o para as gerações futuras”, acrescentou Matias.
Muitos destes manuscritos, descobertos numa gruta de Qumran por um pastor em 1947, têm permanecido guardados no Museu de Israel, tendo raramente sido expostos ao público devido aos cuidados que o seu estado de conservação exige.
Roberto Kedoshim falará no próximo Encontro dos Amigos de Sião
ANDS | PÚBLICO | AP
Parabéns Roberto, pelo blogue que sempre consulto e recebo atualizações, e pela participação no Ciclo Internacional de Palestras no Encontro dos Amigos de Sião.
Realmente é de emocionar a visita ao Museu do Livro. Em várias oportunidades de viagens a Israel lá estive, e desejo retornar mais vezes.
Oro pela Paz de Jerusalém.
Fraterno abraço.
Obrigado por seu apoio, Daniel. É gratificante ter leitores do seu nível prestigiando nosso blogue.
Cordial Shalom,
Meu nobre amigo, sou funcionário público federal, resido em Florianópolis/SC, e estou próximo de minha aposentadoria, estou com 54 anos de idade, pretendo residir em Israel, é possível? Desde já agradeço sua atenção e aguardo resposta.
Atenciosamente,
Ledenir Machado Rodrigues
Ledenir, há diversas formas de fixar residência em Israel, sendo que a mais prática é ter descendência judaica e requerer autorização junto a organizações voltadas para este fim. Uma das mais ativas é a Nefesh B’Nefesh, que pode ser contactada através do seguinte website: http://www.nbn.org.il/ Caso não seja judeu, há sim possibilidades, por exemplo através da contratação de alguma empresa. Mas, saiba que trata-se de um empreendimento bastante complicado. Agora fica aqui uma importante observação: Nunca, mas nunca mesmo, tente fazê-lo de forma clandestina, como algumas pessoas fazem em relação aos EUA ou à Europa. Em Israel isso não funciona nunca. Normalmente os clandestinos acabam presos, processados ou, no melhor dos cenários, deportados.