2,5 bilhões de infectados e 53 milhões de mortos antes do final do mês de junho. Os números são dantescos e os cálculos, divulgados nesta sexta-feira, pela BBC, foram feitos por cientistas que tomaram por base modelos de inteligência artificial.
Com quase 1,4 bilhões de habitantes, a maior população do mundo, a China é o epicentro desta catástrofe de dimensões apocalípticas. Os números são assustadores e o símbolo maior da epidemia passou a ser a máscara.
Neste início de fevereiro, a China está a produzir 10 milhões de máscaras por dia. É um verdadeiro “esforço de guerra”. Da mesma forma que aconteceu nos EUA por ocasião da Segunda Guerra Mundial, quando muitas empresas adaptaram suas linhas de montagens para fabricarem produtos estranhos às suas atividades, o mesmo está acontecendo hoje na China. A Foxconn, por exemplo, uma fabricante do iPhone da Apple, anunciou que está mudando parte de sua produção, que passará a fabricar máscaras cirúrgicas equipamentos eletrônicos. A empresa pretende fabricar dois milhões de máscaras por dia até o final deste mês.
Entre 24 de janeiro e 2 de fevereiro, a China comprou 220 milhões de máscaras. O Governo de Macau anunciou a compra de 20 milhões de máscaras. O site de compras online Taobao vendeu, em apenas 2 dias, 80 milhões de máscaras. A província onde fica a cidade de Wuhan dispõe de 500.000 pessoas nas equipes médicas e estas precisam trocar as máscaras 4 vezes por dia. Só para estes profissionais, são necessárias 2 milhões de unidades todos os dias.
Com o alastramento da epidemia, a busca por máscara espalhou-se por diversos países. Em Portugal Maria Dulce Várzea, farmacêutica e dona de uma farmácia em Lisboa, disse ao Diário de Notícias que inicialmente as pessoas compravam as máscaras simples, mas agora começam a pedir máscaras especiais. “Todos os clientes nos pedem máscaras, mas é sobretudo a comunidade chinesa”, disse a farmacêutica, acrescentando que o produto já está em falta “O stock está esgotado, vamos ver se as conseguimos ter na segunda ou na terça-feira”, concluiu.
Numa outra farmácia, também de Lisboa, o funcionário explicou que 90% das pessoas que têm entrado no estabelecimento procuram por máscaras.
Com números tão gigantescos, há duas questões não definitivamente respondidas. Primeiro, se as máscaras faciais descartáveis são realmente eficazes para bloquear micro-organismos patógenos; e, segundo, o que fazer com as máscaras usadas, uma vez que o descarte deste produto pode se tornar um vetor de doença à medida em que os patógenos se multiplicam em suas fibras.
A preocupação é pertinente. E enquanto isso milhões e milhões de máscaras são descartadas todos os dias. O problema pode estar centralizado na China, mas a resposta pode estar surgindo, uma vez mais, numa minúscula nação de Israel.
Duas empresas israelenses, a Sonovia e a Argaman, tomam a frente na corrida para o desenvolvimento de uma máscara mais eficaz e menos poluente para o meio-ambiente. À partir de Ramat Gan e de Jerusalém, locais das sedes das duas empresas, cientistas israelenses desenvolvem máscaras revolucionárias que poderão, em curto espaço de tempo, estar disponíveis em clínicas e hospitais de todo o mundo.
“Israel possui tecnologias que podem apoiar o controle dessa epidemia”, disse Liat Goldhammer-Steinberg, diretora da Sonovia, numa entrevista para a revista eletrônica ISRAEL21c. E uma destas tecnologias é uma máscara especial, de uso prolongado e reutilizável, que está sendo desenvolvida pela empresa que dirige.
Além de laváveis e reutilizáveis, a máscara inventada pela Sonovia tem propriedades antipatogênicas, o que a transforma numa ferramenta de prevenção potente contra o coronavírus e outros vírus responsáveis por doenças mais graves, como a SARS e a MERS.
A tecnologia empregada pela Sonovia no tecido especial usado para a fabricação das máscaras, foi inventada por dois professores de química da Universidade Bar-Ilan. No momento em que a fibra está sendo tecida, injeta-se, de forma mecânica, nanopartículas antivirais e antimicrobianas de zinco e óxido de cobre. O produto final é um tecido que além de repelir o vírus, tem também a capacidade de o neutralizar.
Testes realizados nos laboratórios da empresa, que fica em Ramat Gan, subúrbio de Tel Aviv, mostraram que os tecidos desenvolvidos pela Sonovia bloqueiam, eficientemente, seis tipos de bactérias, incluindo as E. coli e os estafilococos. E a eficácia do tecido permite até 100 lavagens a 75°C ou 65 lavagens a 92°C.
O tecido está ainda em teste e a empresa busca investidores para a produção em escala. A crescente demanda por máscaras e roupas cirúrgicas fez com que a empresa passasse a ser o centro das atenções por parte da imprensa e de vários chineses interessados na invenção.
Liat Goldhammer-Steinberg informou que o tecido até agora produzido é suficiente para a confecção de 5.000 a 10.000 máscaras faciais reutilizáveis. Segundo a diretora, estas primeiras unidades não serão comercializadas, serão distribuídas gratuitamente como forma de atender a esta demanda humanitária.
“Atualmente, o que a China precisa urgentemente é de máscaras médicas, de roupas de proteção e de óculos de segurança”, afirmou Hua Chunying (imagem acima), porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China. É neste cenário que a invenção da Sonovia surge como uma resposta econômica, ecologicamente amigável e, principalmente, cientificamente eficiente.
Além da Sovia, outra empresa israelense, a Argaman, de Jerusalém, também desenvolve uma máscara inovadora para o combate do coronavírus. Da mesma forma que a o tecido inventado pela Sonovia, as máscaras produzidas pela Argamen são antivirais, reutilizáveis e laváveis.
Denominada Bio-Block, as máscaras são feitas num tecido composto de duas camadas, uma camada em algodão incorporado de partículas aceleradas de óxido de cobre, e a outra camada composta por um tecido de nanofibra que bloqueia agentes patógenos.
“Os poros desta almofada de nanofibras são tão pequenos que as bactérias não conseguem passar”, explicou Jeff Gabbay, fundador e CEO da Argaman. O engenheiro têxtil, que também tem experiência em patologia e doenças infeciosas, diz que as fibras da máscara Bio-Block não apenas barra, mas destroem os patógenos que entram em contato com ela. “A máscara bloqueia os vírus, evitando que eles cheguem a um utilizador saudável, mas também mata os vírus expelidos por um utilizador doente”, explica Gabbay.
Da mesma forma que as máscaras inventadas pela Sonovia, as máscaras desenvolvidas pela Argaman são eficientes contra as E. coli e os estafilococos e permanecem inalteradas em 50 lavagens industriais ou 100 lavagens domésticas.
Em casos de grandes necessidades, Israel sempre surge com respostas inovadoras e eficientes, e não está sendo diferente neste momento difícil para a história da humanidade.
ANDS | BBC | ISRAEL21c
Muito esclarecedor!