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Terrorismo

As fotos e os fatos que explicam a morte de Qassem Soleimani

A revolta dos iranianos contra os Estados Unidos não se inicia com a eliminação do segundo homem mais influente da República Islâmica do Irã. A história em si, completa, é muito complexa, mas restringindo-se aos fatos mais marcantes, tudo começa em outubro de 1977, quando grupos de estudantes principiam uma série de protestos contra o governante iraniano da época, o xá Mohammad Reza Pahlavi.

Dono de uma visão moderna do mundo, Reza Pahlavi mantinha uma administração laica, onde havia liberdade de expressão, principalmente em relação ao comportamento dos jovens, que podiam ouvir músicas não religiosas, usar roupas ocidentais – inclusive as mulheres – e consumir bebidas alcoólicas.

Tais comportamentos contrariavam os preceitos do radicalismo islâmico e os protestos de um grupo de estudantes, insuflados por lideranças religiosas, acabou por despoletar em 7 de janeiro de 1978 a Revolução Iraniana, movimento este que iria se estender até o dia 11 de fevereiro do ano seguinte. Depois disso, foi implantada a República Islâmica.

O medievalismo se abateu sobre o Irã. Tudo o que representasse o ocidente foi demonizado e, sempre que possível, ostracizado. E nada era mais ocidental naquela época do que as modas e comportamentos exportados por artistas e empresas norte-americanas, que, automaticamente, se tornaram inimigas figadais do novo regime.

Na impossibilidade de destruir os EUA, os estudantes iranianos, uma vez mais insuflados pelos religiosos, resolveram atacar o que de mais americano havia próximo deles: A Embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

Numa clara violação dos princípios do direito internacional, principalmente a Convenção de Viena, que concede aos diplomatas imunidade de prisão e torna invioláveis ​​as instalações de embaixadas por todo o mundo, no dia 4 de novembro de 1979 um grupo de estudantes invadem a Embaixada e fazem reféns 52 diplomatas, assessores e funcionários norte-americanos.

Um dos mais influentes mentores da invasão foi um estudante de 24 anos, chamado Ebrahim Asgharzadeh, que era aluno do curso de engenharia industrial na Universidade Sharif de Tecnologia de Teerã, e hoje, aos 64 anos, é vice-presidente da Câmara Municipal de Teerã.

A tomada da embaixada, que passaria para a história como “A Crise dos Reféns”, durou exatos 444 dias, terminando no dia 20 de janeiro de 1981, poucas horas depois de Ronald Reagan assumir a presidência dos EUA.

Desde então, o fosso que separa os EUA do Irã só tem aumentado e o antigo prédio da embaixada tornou-se um símbolo de protestos contra a nação norte-americana, denominada de “Grande Satã” pelas autoridades iranianas.

Nos últimos dias uma sequência de acontecimentos levou os EUA a tomar uma decisão drástica em relação ao Irã.

Primeiro, o Irã instalou um relógio, em contagem regressiva, marcando data e hora para lançar uma bomba atômica sobre Israel, um país que é aliado dos EUA. O relógio (imagem acima) prevê a destruição de Israel no ano de 2040. Depois, o Irã atacou diversas refinarias de petróleo na Arábia Saudita, um país aliado dos EUA no Oriente Médio e considerado neutro em relação a Israel. Na sequência, o Irã sequestrou um petroleiro inglês no Estreito de Ormuz, sendo, como é notório, que a Inglaterra é um país aliado dos EUA. As agressões seguintes foram diretas e objetivamente contra os EUA, quando os iranianos derrubaram um drone americano de US$220 milhões enquanto este sobrevoava águas internacionais e depois foi coordenou o ataque à embaixada dos EUA em Bagdá.

Qassem Soleimani liderou e/ou colaborou com todas estas ações. Major-general da Guarda Revolucionária Islâmica, Qassem Soleimani está, há mais de 20 anos, por detrás de quase todos os planos terroristas empreendidos pelo Irã não só no Oriente Médio como em outras partes do mundo.

Uma das últimas aparições publicas de Soleimani se deu no final do ano passado, quando no dia 2 de novembro inaugurou uma série de murais anti-EUA estampados nos muros da antiga embaixada dos EUA em Teerã. Diante de uma plateia deleitada de jornalistas, e tendo a bandeira dos EUA como tapete, o militar iraniano fez um duro discurso, desafiando o exército dos Estados Unidos. Donald Trump topou o desafio. Qassem Soleimani perdeu.

Entre as dezenas de imagens pintadas nos muros da antiga embaixada, uma chama a atenção. Nela, um imenso revólver, com as cores da bandeira dos EUA, aparece a atirar, mas a bala, ao invés de ir em sentido horizontal, cai de cima para baixo. Uma imagem profética, pois foi exatamente desta forma que Qassem Soleimani foi morto. O projétil que o matou não veio horizontalmente, mas de cima, de um drone.

IMAGENS DO MURAL NA ANTIGA EMBAIXADA DOS EUA EM TEERÃ

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