SHAVUOT, A FESTA DAS PRIMÍCIAS.
Hoje, 18 de maio, faz dois meses que estamos em Israel e uma vez mais o país está em Festa. Desde o dia da nossa chegada, em 03 de Nissan de 5770, até hoje, 05 de Sivan de 5770, foram sete grandes feriados. Destes, em apenas dois (Yom HaShoah e Yom HaZikaron) não se ouviu a tradicional expressão “Chag Sameach” (“Boas Festas”) pelas ruas. Não se deseja “Chag Sameach” no Yom HaShoah, feriado memorial que relembra o Holocausto de 6 milhões de judeus perpetrado por Hitler e negado por Ahmadinejad; nem se deseja “Chag Sameach” em Yom HaZikaron, dia em que os israelenses choram os soldados mortos na defesa do seu país e os civis mortos nos atentados terroristas empreendidos por seus inimigos. Estes são dias tristes para os judeus.
Já nestas quarta e quinta será Shavuot e todos estão sorridentes e atarefados pelas ruas, feiras, lojas e supermercados. A azáfama é justificada, pois segundo o Rabino Avraham Cohen a Festa das Semanas é o dia mais importante do calendário judaico.
Como brasileiro, encantado que estou com as coisas deste país, é inevitável para mim traçar paralelos com nossa pátria. E eu os tenho feito desde o primeiro dia que aqui pisei. Mas, hoje, não quero fazer paralelos. Deixo-os para o próximo post. Hoje gostaria de explicar porque esta nação é ímpar e porque todos estão a correr nos preparativos para a Festa de Shavuot.
Shavuot comemora a Entrega da Lei (Torah) para o povo judeu. Esta entrega aconteceu no sexto dia do mês de Sivan do ano 2448. Você tem idéia do que isso significa? Para fazer um paralelo simples, no ano passado o Brasil comemorou os 40 anos do milésimo gol do Pelé. Foi uma festa. No mês passado comemoramos os 50 anos de Brasília. Outra festa. Mas e Shavuot? Por que os israelenses dão tanto valor a esta festa?
Um episódio recente da moderna história de Israel ajudará a responder a esta questão. Um pouco depois da Declaração da Independência, numa das primeiras reuniões do Gabinete do Governo recém empossado, perguntaram a David Ben Gurion se eles passariam agora a escrever a Constituição. Ben Gurion pegou um exemplar do Tanach (Antigo Testamento) que estava sobre sua mesa, levantou-o e disse: “Aqui está a nossa Constituição!”. Ou seja, Israel está comemorando os 3.322 anos da entrega da sua Constituição! E, diferentemente de todas as demais nações, para Israel este documento não só é a sua constituição como a diretriz espiritual do seu povo e de milhões de pessoas ar redor do mundo. É por isso que Shavuot é uma festa muito mais do que merecida.
Além de Shavuot, a festa recebe cinco outros nomes: “Chag HaBikurim” (“Festa das Primícias”); “Zman Matan Toratenu” (“Data da Entrega da Nossa Lei”); “Chag HaKatzir” (“Festa da Colheita”); “Atséret” (“Reunião”) e “Pentecostes” (“Qüinquagésimo”).
“Chag HaShavuot”, o nome principal, significa “Festa das Semanas” e conclui o período de sete semanas da contagem do Ômer, contagem esta começada há exatos cinqüenta dias, em Pessach (Páscoa).
A origem deste princípio está no capítulo 23 do livro de Levítico que registra como deveria ser o procedimento do povo de Israel diante da primeira colheita das suas plantações, tendo a cevada e o trigo como referências principais.
É interessante perceber que na referência citada as traduções brasileiras dificultam um pouco a compreensão da expressão aqui utilizada. A palavra “Ômer”, presente neste texto e em outras passagens do Tanach, foi traduzida por “molho” ou “feixe” nas Bíblias ocidentais. Não está errado, pois Ômer é também uma unidade de medida que equivalia a um molho ou maço de cevadas. Em unidade de medida moderna, um Ômer corresponderia a 395 centímetros cúbicos ou à décima parte de um efá.
Traduzir, portanto, a expressão “Ômer” por “feixe” ou “molho” não está errado, mas deixa de clarificar o sentido judaico da festa à luz das Escrituras, uma vez que esta é a expressão usada pelos judeus até os dias de hoje.
A título de curiosidade, veja como os judeus contavam Ômer no passado e os mais religiosos contam nos dias de hoje.
A contagem deve ser sempre feita de pé após o aparecer das primeiras estrelas que é quando, segundo a tradição judaica, um novo dia começa. Em seguida, diz-se a “brachá” (“bênção”):
“Baruch Ata A-do-nai, E-lo-henu Melech haolam, asher kideshanu bemitsvotav, vetsivanú al sefirat Ha-Omer”.
(“Bendito és Tu, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo que nos santificaste com Teus mandamentos e nos ordenaste contar o Ômer”).
Após a brachá o judeu diz: “Hoje é o dia 1 da contagem do Ômer”. No outro dia, repete a brachá e diz: “Hoje é o dia 2 da contagem do Ômer”, e assim sucessivamente durante 49 dias seguidos.
O segundo nome para esta festa é “Chag HaBikurim”, ou “Festa das Primícias”. E sua referência está no capítulo 26 de Deuteronômio, quando o povo agradecia ao ETERNO a abundância das colheitas. Daí a presença de uma cesta de frutas ou legumes, sempre adornados com feixes de trigo, nas festas de Shavuot.
Dá-se também o nome de “Chag HaKatzir”, ou “Festa da Colheita”, cujo título é baseado no versículo 16 de Êxodo 23: “E a festa da sega dos primeiros frutos do teu trabalho, que houveres semeado no campo, e a festa da colheita, à saída do ano, quando tiveres colhido do campo o teu trabalho.”
Há um nome ainda que é na verdade uma frase, “Zman Matan Toratenu”, cujo significado em hebraico é “Data da Entrega da Nossa Lei”. Esta denominação não consta nas Escrituras e foi agregada aos demais nomes pela tradição popular judaica.
O penúltimo nome também é atribuído à tradição judaica, mas desta vez à tradição rabínica: “Atséret”. O significado em hebraico é “Reunião” e Atséret é o único nome pelo qual Shavuot é chamado no Talmud. Os rabinos do Talmud consideravam Shavuot como o dia de encerramento da festividade de Pessach, que devia ser comemorado como um dia de “reunião solene” e “convocação sagrada”. Os sábios que redigiram o Talmud consideravam que a relação entre Shavuot e Pessach era a mesma entre Atséret e Sucot. Para aqueles rabinos Atséret era a conclusão de Sucot e Shavuot a conclusão de Pessach.
E é justamente aí que entra a importância do último nome para esta festa. “Pentecostes”. E este é o nome mais significativo para os Cristãos Sionistas e Judeus Messiânicos. Pentecostes é a palavra grega para “Qüinquagésimo”, pois em Shavuot celebra-se o Qüinquagésimo dia após o início da contagem dos dias do Ômer.
Mas, por que esta expressão é significativa para Cristãos Sionistas e Judeus Messiânicos? Bem, aqui deixarei que um Judeu Messiânico explique de forma conclusiva. Veja, no vídeo abaixo, Menahem Kalisher , judeu e pastor messiânico em Jerusalém, dar sua explicação para a importância da festa.
Com isso eu termino desejando Chag Shavuot Sameach para todos os amigos do Blog NOTÍCIAS DE SIÃO.
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A VERDADEIRA “FESTA DO INTERIOR”
Shavuot é uma festa campestre e religiosa. Por esta razão as mulheres (principalmente as crianças) enfeitam-se de flores e carregam cestos com primícias da terra para agradecer ao ETERNO pela provisão dada na colheita que se inicia.
Ao longo da história, Israel preservou este mandamento e esta tradição. Assim, dos próprios produtos que, graças à proteção divina puderam ser extraídos do solo, eram separadas as primícias, como oferta. Na época do Templo, Shavuot se caracterizava pelas peregrinações. Grandes grupos de agricultores afluíam de todas as províncias e o país adquiria um aspecto animado e pitoresco. Os peregrinos se organizavam em longas caminhadas, e dirigiam-se para Jerusalém, acompanhados durante o trajeto pelos alegres sons de flauta. Em cestos decorados com fitas e flores, cada um conduzia a sua oferenda: Primícias de trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas, tâmaras. Produtos que deram renome ao solo de Eretz Israel.
Chegados à Cidade Santa, eram acolhidos com cânticos de boas vindas e entravam no Templo, onde faziam a entrega dos seus cestos ao sacerdote. A cerimônia se completava com hinos e toques de harpas e outros instrumentos musicais.
Hoje, não tendo mais o Templo os judeus, Messiânicos ou não, juntam-se aos goyim que amam Israel para agradecer o que O ETERNO tem feito por esta nação.
MEGUILAT RUTE
Entre os costumes e tradições de Shavuot destaca-se a Leitura do livro de Rute. Mas, por que se lê exatamente o Livro de Rute nesta festa?
Os judeus têm explicações interessantes para isso. Entre as quais destacamos as seguintes:
1. O livro de Rute ensina o verdadeiro caminho para o recebimento da Torá.
2. De acordo com a tradição judaica, o rei Davi, bisneto de Rute, nasceu e morreu em Shavuot.
3. A Meguilat Rute, ou o Livro de Rute, descreve a época da colheita em Eretz Israel.
4. Shavuot apresenta dois aspectos que se complementam entre si e que representam a espinha dorsal do judaísmo: a conjunção dos valores éticos universais básicos expressados nos Dez Mandamentos e a identidade nacional judaica. E isso também está presente no Livro de Rute.
5. A Meguilat Rute fala do paralelismo entre a aceitação de Rute da Torá e a aceitação do povo de Israel, ambas feitas no momento de transição a caminho da Terra de Israel e ambas no exílio.
6. Rute apresenta, em suas resumidas palavras, a fórmula da identidade judaica plena. Fórmula que continua válida até os dias de hoje.
7. Ante a súplica de Noemí para que Rute a abandone e regresse a sua terra, Rute responde: “Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rute 1.16)
8. Nesta declaração Rute manifesta sua resposta ao dilema da identidade que ainda hoje continua. Uma resposta simples e completa, destacando três elementos essenciais e impossíveis de serem separados: o Destino Comum (Onde fores eu irei) ; a Identificação com a Nação (Teu povo é o meu povo); e a Crença na Fé de Israel (O teu Deus é meu Deus). Para os judeus, a possibilidade de uma identidade judaica desvinculada de alguns destes elementos não só é incompleta como também é incoerente.
9. Rute não só aceita os ensinamentos da Torá como retorna do exílio para Terra de Israel levando na bagagem uma identidade judaica sólida. Ao começar uma mudança na sua condição humana, Rute escolhe e aceita a totalidade da sua nova identidade.
Gostaria muito de saber se nos dias de hoje as primícias são entregues?
Wladimir, em Israel não se faz mais aquela cerimônia de entrega de alimentos no templo. Até porque não há mais templo. Nas sinagogas há práticas “inspiradas” nas Primícias, mas estas acabam sendo mais doações caritativas do que réplicas das ações que aconteciam no passado. Veja o artigo que fala do fim da safra dos morangos para compreenderes como certas práticas velho-testamentárias acabaram por se incorporar nas tradições judaicas contemporâneas (http://noticiasdesiao.wordpress.com/2010/06/09/tradicao-biblica/). Obrigado por acompanhar nosso trabalho.
Shalom para todos! Que Baruch Hashem continui abençoando a todo seu povo em nome de Yeshua.
Muito bom!