MORAR NUM SÍTIO ARQUEOLÓGICO
Vista aérea de sítio arqueológico encontrado em Nahariya
Danny Kochav, diretor do Kochav Company, viu-se numa situação embaraçosa ao preparar as fundações do seu novo empreendimento imobiliário na cidade de Nahariya, litoral norte de Israel.
Após as primeiras escavações, os operários depararam-se com vestígios arqueológicos e, como é comum em casos como esses na Terra Santa, contactaram com o escritório da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA).
As atividades da Kochav foram imediatamente suspensas e os operários da construtora substituídos por grupos de jovens estudantes do ensino médio da cidade, devidamente supervisionados por arqueólogos do IAA.
Israel Hasson, diretor do IAA, e diretores da Kochav Company observam escavações.
A medida que as escavações prosseguiam e que fragmentos de artefatos eram encontrados, as autoridades perceberam que estavam diante de uma antiga cidadela cananeia de aproximadamente 3.400 anos.
A subsequente datação dos achados arqueológicos revelou que alguns deles provavelmente foram confeccionados 400 anos depois da chegada do patriarca bíblico Abraão à terra de Canaã.
Para Nimrod Getzov, Yair Amitzur e Ron Be’eri, arqueólogos responsáveis pela supervisão do IAA, “a cidadela descoberta foi utilizada como centro administrativo de apoio a marinheiros que navegaram ao longo da costa do Mediterrâneo há 3.400″, em plena Idade do Bronze.
Figuras femininas que datam do período final da Idade do Bronze
Pela disposição do sítio, há uma boa probabilidade que que as edificações tenham pertencido a uma doca existente ao lado da cidadela. Grandes quantidades de cereais, leguminosas e sementes de uva foram encontrados no local, indicativo de que aquele pode ter sido um ponto de comércio marítimo.
Os escavadores encontraram também diversos artefatos antigos e raros naquilo que parecem ter sido quartos da cidadela, incluindo figuras humanas e de animais, moldados em cerâmica. Também foram encontrados armas de bronze e vasos de cerâmica importados.
Fragmentos de vasos de cerâmica, com 3.400 anos, do Chipre e da Grécia
Além das sementes e cereais, a descoberta desses objetos “atestam as amplas relações comerciais e culturais que existiam na época com a Grécia, o Chipre e outras terras adjacentes à bacia do Mediterrâneo”, disseram os diretores.
A escavação revelam ainda que a cidadela sofreu diversos incêndios – ou foi totalmente queimada e reconstruída – pelo menos quatro vezes.
Até aqui, tudo muito natural num país que é um enorme sítio arqueológico a céu aberto. Ações como estas são comuns e via de regra encontra-se alguma coisa aqui ou ali. O que aconteceu em Nahariya no entanto tem tudo para tornar-se algo pioneiro em Israel.
Na última quarta-feira, 6, a Kochav Company informou que está modificando os planos de construção do prédio projetado. Danny Kochav disse que a sua empresa não só irá preservar os restos da antiga cidadela, como incorporará o sítio arqueológico aos próprio prédio em construção.
Ao invés de um estacionamento subterrâneo, o subsolo do edifício abrigará um sítio arqueológico para visitação pública.
Ao invés de estacionamento, um sítio arqueológico na garagem.
O arquiteto Alex Shpol, do comitê regional do Ministério do Interior Para o Planejamento e Construções ajudou no processo de elaboração de novas plantas de modo a permitir que o novo prédio da Kochav Company possa não só ser seguro como atrativo para visitantes.
Os artefatos encontrados pelos estudantes serão expostos num mini-museu que será construído nas dependências do edifício.
Daqui há alguns anos, quem passar pela Balfour Street, no centro de Nahariya, poderá visitar este surpreendente sítio arqueológico com mais de 3.400 anos, ou, se tiver um gosto especial pela arqueologia, poderá comprar um dos apartamentos e morar acima dele.
Isso é Israel, inovando e surpreendendo sempre.
Restos de jarra com carimbo cuja datação mostra ser da média Idade do Bronze
ANDS | BIN | PHOTOS BY IAA
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