DIFERENÇAS E SIMILARIDADES ENTRE O PESSACH JUDAICO E A PÁSCOA CRISTÃ
“Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. O cordeiro será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. E comereis apressadamente; esta é a Páscoa do Senhor. E eu passarei pela terra do Egito esta noite, e ferirei todo o primogênito. E aquele sangue vos será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue, passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de mortandade, quando eu ferir a terra do Egito. E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (Excertos de Êxodo 12:2-13).
O QUE MUITOS CRISTÃOS TALVEZ NÃO SAIBAM SOBRE A PÁSCOA
IMPORTANTE: Se você é cristão, sugiro que antes de ler o texto que vem a seguir, assistas a este pequeno vídeo.
O Pessach, do hebraico פסח, cujo significado é “passagem”, é também conhecido como a Páscoa judaica. Trata-se do nome do sacrifício executado em 14 de Nissan, segundo o calendário judaico, e que precede a Festa dos Pães Ázimos, ou Chag haMatzot. A festa celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Sh’mot (Êxodo). De acordo com a tradição, fundamentada nos relatos bíblicos, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando D’us enviou as Dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, o profeta Moisés foi instruído a pedir para que cada família hebreia sacrificasse um cordeiro e molhasse os mezuzót (umbrais) das portas com o sangue de um cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos. Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo e ervas amargas. À meia-noite, um anjo enviado por D’us feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo. Como recordação desta liberação, e do castigo de D’us sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacrifício de Pessach. É importante notar que Pessach significa a passagem, porém a passagem do anjo da morte, e não a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho ou outra passagem qualquer, apesar do nome evocar vários simbolismos.
Um segundo Pessach era celebrado em 14 de Iyar, para que pessoas que na ocasião do primeiro Pessach estivessem impossibilitadas de ir ao Tabernáculo por motivos de impureza ou viagem. A celebração do Pessach na época do Segundo Templo caracterizava-se por ser uma das três festas de peregrinação a Jerusalém, que está localizada no alto de montanhas. Um mês antes da festividade, a capital de Israel tinha suas estradas reformadas e poços restabelecidos para garantir o conforto dos peregrinos. Geralmente todos aqueles que distanciavam trinta dias de jornada “subiam” para as festividades, o que aumentava a população de Jerusalém cerca de 50 mil para cerca de três milhões de pessoas. Estes peregrinos geralmente hospedavam-se na cidade e aldeias vizinhas, acampando ou instalando-se em casa de conhecidos.
No passado, os judeus subiam à Jerusalém por ocasião do Pessach.
Na manhã do dia 14 de Abib o chametz (alimento fermentado) era eliminado e os sacerdotes do Templo preparavam-se para o Pessach. O trabalho secular encerrava-se ao meio-dia e às 15 horas iniciavam-se os sacrifícios. A oferenda de Pessach constituía-se de cordeiros ou cabritos, machos, de um ano de idade, e abatidos pela família (era permitido um cordeiro por família) em qualquer lugar no pátio do Templo.
O shochet, uma espécie de açougueiro, efetuava o abate, e o sangue era recolhido pelos cohanim (plural de sacerdote) em recipientes de prata e ouro, que passavam de um para outro até chegar ao cohen (sacerdote) próximo ao altar. Este derramava o sangue na base do altar. Depois, o recipiente vazio retornava para novo uso. Estes recipientes não podiam possuir fundo plano, para evitar a coagulação do sangue. Em seguida, o animal sacrificado era pendurado, esfolado e, depois de aberto, tinha suas entranhas limpas de todo e qualquer excremento. A gordura das entranhas, o lóbulo do fígado, os dois rins com a gordura que há sobre estes e da cauda até a costela eram retirados. Estas partes eram colocadas em um recipiente específico sendo depois salgados e queimados sobre o altar. As oferendas de Pessach eram feitas em três grupos que contavam com trinta homens cada um. O primeiro grupo deveria entrar e quando o pátio do Templo estivesse cheio os portões eram fechados.
Na sequência da cerimônia os levitas entoavam o Halel (הלל), que significa “louvor”, uma oração baseada nos Salmos 113 a 118, oração esta que era repetida até que todos houvessem sacrificado os seus animais. A cada vez que o Halel era entoado os cohanim tocavam três toques de uma trombeta feita de chifre, chamada shofar. Os toques recebiam os nomes de de Tekiá, Teruá e Tekiá.
Concepção artística de como terá sido os sacrifícios do Pessach no Templo
Após a oferenda das partes do sacrifício serem queimadas os portões eram abertos, o primeiro grupo saía e entrava o segundo e reiniciava-se o processo. E o mesmo acontecia com o terceiro grupo. Após todos terem saído, lavava-se o pátio da sujeira que ali acumulara utilizando-se um duto de água que atravessava o pátio do Templo. Quando se queria lavar o chão era fechada a saída e a água transbordava inundando o recinto. Depois abria-se a saída e a água escoava, deixando o chão completamente limpo.
Ao sair do Templo, cada família carregava seu animal sacrificado e o assava, fazendo em suas casas uma ceia festiva, onde todos se vestiam de branco. Esta ceia seguia os princípios do atual Seder de Pessach, com exceção da inclusão do cordeiro pascal. Após a ceia, muitos iam para as ruas festejar, enquanto outros iam para o Templo, que abria suas portas à meia-noite. Com a destruição do Segundo Templo e a impossibilidade de haver um local de reunião e sacrifício, tornou inviável a continuação dos sacrifícios de cordeiros. Foi à partir de então que houve a transformação do Pessach em uma noite de lembranças, sem o sacrifício pascal.
Queima do chametz numa residência judaica
Mesmo não havendo mais o Templo, o Pessach continua sendo uma festa central para o Judaísmo e serve como uma conexão entre o povo judeu e sua história. Antes do início da festa, os judeus removem todos os alimentos com fermento (chametz) de seus lares e os queimam. Não é permitido permanecer com chametz durante a Pessach. Os objetos que contenham chametz sem possibilidade de “purifica-los” são escondidos, e outros, passíveis de um processo de casherização (“adequação”), são mantidos. Aqueles que podem ser cozidos passam pelo fogo e os que não se cozinham são passados pela água.
Depois do meio-dia do dia 14 de Nissan e durante todo o período de duração da festa é proibido a realização de qualquer trabalho servil, no entanto os judeus que disponham de empregados não judeus (goim) podem permitir que estes realizem trabalhos.
A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites (somente na primeira em Israel) é realizado um jantar especial chamado de Seder de Pessach (Ordem do Pessach). As famílias religiosas permitem participar apenas judeus ou não judeus (gentios) convertidos ao judaísmo. Trata-se de uma cerimônia longa, onde a história do Êxodo é narrada e onde são feitas leituras das bênçãos e das histórias de um livro específico chamado Hagadá. Neste livro encontram-se parábolas e canções judaicas.
Para os judeus, o Pessach é realizado como a obra perfeita para toda a humanidade, enquanto os cristãos vêem Jesus, cujo nome em hebraico é Yeshua, como “O Cordeiro Perfeito” derramando o seu sangue em favor de toda humanidade, para livrá-la da morte e perdoar seus pecados, como está escrito “… pois Yeshua, nosso Pessach, foi sacrificado por nós” (1 Corintios 5). Mesmo os cristãos são exortados a celebrar a festa sem o fermento (chametz) da maldade e da malícia, mas com o ázimo (matzah) da sinceridade e da verdade” (1 Coríntios 5).
O apóstolo João quando viu Yeshua disse: “… Eis o Cordeiro de D’us, que tira o pecado do mundo”! (João 1:29b). O Cordeiro de Pessach tornou-se símbolo do preço pago por D’us pelo resgate de Israel e do mundo inteiro. Assim sendo, também ao cristão foi ordenado cumprir o mandamento de celebrar o Pessach (“estatuto perpétuo”) como ensinado nas Escrituras Sagradas, comendo pães ázimos e ervas amargas para que possamos lembrar quão amargo é viver na escravidão e no sofrimento do Egito (símbolo do mundo e do pecado). Fazendo assim, estarão obedecendo ao mandamento. “Naquela noite comerão a carne assada ao fogo, com pães ázimo e ervas amargas”. (Êxodo 12:8)
Além de celebrar Pessach, os cristãos deveriam esforçar-se por fazer com que esta mitzvah (mandamento) fosse conhecida por todos, pois isso foi ordenado pelo próprio D’us: “Portanto, guardai isto por estatuto para vós e para vossos filhos, para sempre. Quando vossos filhos vos perguntarem: que cerimônia é esta? Respondereis: Este é o sacrifício do Pessach ao Eterno, que passou por cima das casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu os Egípcios e livrou as nossas casas. Então o povo se inclinou e adorou”. (Êxodo 12: 24, 26,27).
O cristão pode, com toda liberdade e sem nenhum preconceito, restaurar as raízes bíblicas judaicas da sua fé, saboreando as comidas simbólicas do seder que têm como intenção ajudar a obedecer às Escrituras Sagradas e a vivenciar o sofrimento e a redenção do povo de D’us.
Uma clássica família judia em torno da mesa posta para o Seder de Pessach
O SEDER DE PESSACH
A cada geração todo ser humano deve se ver como se ele pessoalmente tivesse saído do Egito. Pois está escrito: “Você deverá contar aos seus filhos, neste dia, “D’us fez estes milagres para mim, quando eu saí do Egito…”
Esta é a ordem que é seguida no Seder de Pessach:
Kadesh (קדש – santificação) – Recitação do kidush e a ingestão do primeiro copo de vinho.
Urchatz (ורחץ – lavagem) – Lavagem de mãos. Karpas (כרפס) – Mergulha-se karpas (batata, ou outro vegetal), em água salgada. Recita-se a benção e a karpas é comida em lembrança às lágrimas do sofrimento do povo de Israel.
Yachatz (יחץ – divisão da matzá) – A matzá é partida ao meio e embrulha-se o pedaço maior e separando-o de lado para o Afikoman .
Maguid (מגיד – conto) – Conta-se a história do êxodo do Egito e sobre a instituição de Pessach.Inclui a recitação das “Quatro perguntas” e bebe-se o segundo copo de vinho.
Rachatzá (רחצה – lavagem) – Segunda lavagem de mãos.
Motzi Matzá (מוציא מצה) – O chefe da casa ergue os três pedaços de matzá e faz as bençãos das matzot .As matzot são partidas e distribuídas.
Maror (מרור -raiz forte) – São comidas as raízes fortes relembrando a escravidão e o sofrimento dos judeus no Egito.
Korech (כורך -sanduíche) – Faz-se um sanduíche com a matzá, maror e charosset.
Shulchan Orech (שולחן עורך) – É realizada a refeição festiva. Tzafon (צפון – escondido) – Aqui é comida a matzá que havia sido guardada.
Barech (ברך – Bircat HaMazon) – É recitada a benção após as refeições.Bebe-se o terceiro copo de vinho.
Halel (הלל -louvor) – Salmos e cânticos são recitados. Bebe-se o quarto copo de vinho.
Nirtza (נירצה – ser aceito) – Alguns cânticos são entoados e têm-se o costume de finalizar o jantar com os votos de LeShaná HaBa’á B’Yerushalaim – “Ano que vem em Jerusalém” como afirmação de confiança na redenção final do povo judeu.
O Afikoman refere-se à uma porção de matzah que é partida, escondida em algum canto da casa, e depois de encontrada por uma criança é comida ao final da refeição. Matzot Matzá é um pão sem fermento utilizado na comemoração de Pessach. Chag Matzot (festa dos pães ázimos) é o nome dado ao sete dias de comemoração após Pessach.
De acordo com a Torá é proibido ingerir chametz durante este período. Sete dias você comerá matzot, mas no primeiro dia manterá a levedura fora de sua casa; porque aquele que comer pão fermentado será cortado do povo de Israel. O primeiro dia será uma festa, e o sétimo dia será uma festa; nenhuma forma de trabalho será feita, exceto o trabalho que gera alimentação. Observe este dia de uma geração em geração para sempre. No décimo quarto dia do primeiro mês ao por do sol comerás pão sem levedura, até o vigésimo primeiro dia do mês à noite (cf Êxodo 12:14-18).
“E Moisés disse ao povo: Lembre-se deste dia no qual saiu do Egito, da escravidão; pois por força de sua mão, D’us te tirou daquele lugar, e nenhum pão fermentado será comido. Você está se libertando neste dia do mês de Abib. Assim, quando D’us o levar para a terra dos Canaanitas, dos Hititas, dos Amoritas, dos Hivitas, e dos Jebuseus, que Ele jurou a seus pais lhes dar, uma terra onde flui o leite e o mel, você manterá este serviço neste mês. Sete dias você comerá pão sem levedura, e no sétimo dia será uma festa de homenagem a D’us” (Êxodo 12, 3-6).
Samaritanos preparando cordeiros para o sacrifício de Pessach
CURIOSIDADES SOBRE O PESSACH JUDAICO
1. É costume se estudar as leis referentes a Pessach trinta dias antes da festividade. Em Israel, é fornecida farinha e outras necessidades aos pobres para que nada lhes falte em Pessach.
2. O dinheiro para estas necessidades é originado de um imposto à comunidade. Os primogênitos devem jejuar na véspera do Seder para relembrar a salvação dos primogênitos das pragas do Egito.
3. As sinagogas costumam executar um Sium Massechet, onde o primogênito que presencie o Sium não precisa realizar o jejum.
4. Os judeus caraítas defendem que a palavra Pessach seja utilizada apenas em referência ao sacríficio, e não à festividade de Chag haMatzot.
5. Os judeus samaritanos, que defendem a santidade do monte Gerizim, continuam realizando os sacrifícios pertinentes à Pessach até os dias de hoje (foto acima).
6. Como não é economicamente viável jogar fora vários chametz, como por exemplo bebidas alcoólicas derivadas de cerais e de alto valor, como whisky, existe uma forma tradicional de venda do chametz, a Shetar harshaá.
7. A Páscoa cristã pode ter origem na festa judaica, mas as festividades populares de hoje não são nem sombra do verdadeiro Pessach, pois está repleta de simbologias pagãs que nada tem a ver com a ordenança bíblica.
HAGADAH
Hagadá ou agadá, do hebraico הגדה (“narração”), é o texto utilizado para os serviços da noite do Pessach. Contém o registro da história da libertação. Além da narrativa da história em si, a Hagadá contêm as orações, as canções e os provérbios judaicos que acompanham esta festividade. Na verdade, não existe um texto único de Hagadá, pois os diversos ramos do judaísmo têm suas variantes, conforme a orientação dos rabinos de cada sinagoga. Também corporações e instituições podem ter seu texto particular de Hagadá, como a da foto acima, que pertence ao acervo da família Rothschild.
O QUE MUITOS JUDEUS TALVEZ NÃO SAIBAM SOBRE O PESSACH
IMPORTANTE: Se você é judeu, antes de ler o texto que vem a seguir, sugiro que assista a este pequeno vídeo.
O FERMENTO E O CORDEIRO
“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que uma pitada de chametz faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do velho chametz, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem chametz. Pois nosso Cordeiro de Pessach foi sacrificado. Por isso celebremos o seder sem qualquer vestígio de chametz, o chametz da impiedade e do mal, mas com a matzah da pureza e da verdade” (1 Coríntios 5:6-8).
Jovem judeu ortodoxo procurando, diligentemente, vestígios de fermento antes do início do Pessach.
Yeshua HaMashiach é frequentemente retratado no Novo Testamento como cordeiro e também como sacrifício. Em João 1:29, 36 ele é chamado de “o Cordeiro de D’us, aquele que tira o pecado do mundo”. Em Atos 8:32, Lucas cita Isaías 53:7-8, que fala do Messias como um cordeiro levado ao matadouro, e faz ligação explícita com Yeshua. E o livro da Revelação (Apocalipse) está repleto de passagens sobre o Cordeiro que foi sacrificado (Rv 5:6-13; 6:1, 16; 7:9-17; 12:11; 13:8. 11; 14:1-10; 15:3; 17:14; 19:7-9; 21:14, 22-23; 22:1-3). O livro de Judeus Messiânicos (Atos dos Apóstolos) diz que a morte de Yeshua substitui de forma eficaz os sacrifícios pelo pecado. Romanos 3:25 implicitamente faz uma ligação entre a morte sacrificial de Yeshua e outro feriado judaico, o Yom Kipur, pois naquela passagem ele é chamado de “kapparah”, o encobrimento ou propiciação “pelo pecado”. E isso não é inconsistente com o fato de ele ser também o Cordeiro pascal; na realidade ele dá novo significado para todos os feriados judaicos.
ALGUNS DOS TEXTOS ACIMA REFERIDOS
“No dia seguinte João viu a Yeshua, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de D’us, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
“Um homem etíope, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. [Filipe lhe perguntou]: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; e quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Yeshua” (Atos 8:27-35).
“Todos pecaram e destituídos estão da glória de D’us; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Yeshua HaMashiach. Ao qual D’us propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de D’us” (Romanos 3:23-25).
O CORDEIRO PASCAL
A morte de Yeshua é a morte do Cordeiro pascal, como pode-se ver descrito em João 19:33,36: “Mas, quando chegaram a Yeshua, viram que ele já estava morto; por isso, não lhe quebraram as pernas… Porque estas coisas aconteceram para que se cumprisse a passagem do Tanakh: ‘Nenhum dos seus ossos será quebrado’ [Êxodo 12:46, que se refere ao Cordeiro pascal]”. Da mesma forma, na última ceia, que é normalmente entendida como uma refeição pascal, Yeshua se referiu ao matzah partido como seu corpo e ao vinho como seu sangue derramado que estabeleceu a Nova Aliança (11:23-26, Mateus 26:26-29). E o texto de 1 Pedro 1:19 deve ser considerado uma alusão a Yeshua como o cordeiro pascal, pois fala de “o sangue da morte sacrificial de Cristo, como o de um cordeiro sem defeito ou mancha”; o cordeiro pascal também deveria ser “sem defeito” (Êxodo 12:5).
Na noite da saída do Egito, na Páscoa original, cada família sacrificou e comeu um cordeiro, depois de passar seu sangue nos umbrais da porta da casa, de forma que o anjo da morte “passaria por cima” daquela casa e não mataria o primogênito da família; enquanto isso acontecia, o anjo da morte matava os primogênitos das famílias do Egito (Êxodo 11:4-7; 12:3-13, 21-23, 29-30). Assim, a importância mais direta do Messias ser o nosso Cordeiro pascal é que, por causa da sua morte, o anjo da morte vai passar por cima de nós no julgamento final; em vez de morte, nós teremos a vida eterna. “Porque D’us amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
No grego, a passagem citada no início deste texto (1 Coríntios 5:6-8) não traz a palavra “cordeiro”, mas diz literalmente, “Pois o Messias, nossa Pessach, foi sacrificado”. Isso é um reflexo de Êxodo 12:11 (“Essa é a Pessach de Adonai”) e de 12:21 (“… e imolai a Pessach”), na qual a ausência da palavra “cordeiro” no hebraico chama a atenção para a total identificação entre o evento da Páscoa e o Cordeiro pascal – um não existe sem o outro. Da mesma forma, não há como escapar da destruição completa – a morte eterna no juízo final – sem a confiança no Messias, que é a nossa Páscoa.
Na primeira Páscoa, prescreveu-se uma festa anual, na qual cada família mataria e comeria um cordeiro como uma lembrança da saída do Egito (Êxodo 12:3-14, 21-18). Na época de Yeshua, o evento central da Páscoa era o sacrifício de um cordeiro, realizado no Templo, para cada família. Quando Paulo escreveu a primeira carta aos Coríntios, de onde foi extraído o texto inicialmente citado, este ainda era o costume. Em um seder azkenazi moderno não há cordeiro pascal, porque os rabinos determinaram que se o cordeiro não puder ser sacrificado no Templo (o que se tornou impossível depois da destruição no ano 70 E.C.), ele não deve ser comido na Páscoa em hipótese alguma. Em seu lugar, um pernil é servido no kearah, o “prato seder”, junto com os outros itens cerimoniais necessários à refeição, o que serve de lembrete que esses sacrifícios de fato aconteceram (no entanto, os judeus sefarditas comem cordeiro na Páscoa). Hoje, quando um judeu messiânico guarda o Pessach, faz a identificação de Yeshua, o Messias, com o Cordeiro pascal. Isso lhe dá um novo e rico sentido, que se soma às camadas tradicionais de significado dessa festividade.
Chag Pessach Sameach Lekulam!
NOTA: O texto deste post está baseado em artigos publicados na Hagadah da Beit Tefilah Rechovot, em artigo publicado no Cafetorah, em notas da Wikipedia e no Comentário do Novo Testamento Judaico, de David Stern. A redação, organização e formatação atual foi feita pelo diretor do Blog Notícias de Sião amparado em textos da Torah, do Tanakh e do Novo Testamento da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
ESSA É A VERDADEIRA PÁSCOA E SEU SIGNIFICADO, O QUE SE FALA POR AI É PURO PAGANISMO!
MARAVILHOSA EXPLICAÇÃO!!! HAG PESSACH SAMEACH DESDE O BRASIL A TODOS VOCÊS, QUERIDA FAMILIA KEDOSHIM!!! O SENHOR YESHUA SEJA GRANDEMENTE LOUVADO!!!
Oi, Roberto.
belíssimo texto, maravilhoso presente para todos que acompanham seu blog.Lembremos da salvação que o nosso D’us nos enviou, o seu plano de resgate de tantas vidas através do seu Filho, Amém.
Chag Pessach Sameach!!
Fabiana Leite
Embora atrasado, Chag Pessach Sameach para você e sua família também, cara Fabiana. Sou muito grato pela sua fidelidade ao nosso blog. No amor de Yeshua, Roberto Kedoshim.
Republicou isso em O Ideal e o Possívele comentado:
Pessoal, esses dias estou sem tempo para o Blog, mas isso não significa que deixarei vocês, Oh amados (trinta e oito) leitores. Segue oportuna postagem sobre diferenças entre a Páscoa judaica e a Páscoa cristã.
Fonte Original: Blog Notícias de Sião!
Republicou isso em jesusavedme.
Que explanação formidável! Tivemos nosso Pessach no TBI con Pr. Alexandre seguindo passo a passo!
No amor de Yeshua! Chag Pessach Sameach Lekulam!