A FACA DE UM TERRORISTA ABATEU UMA FAMÍLIA E FERIU UMA NAÇÃO
Despedida de Dafna Meir no cemitério Har Hamenuhot em Jerusalém
A DOR DE UMA FILHA
Renana Meir tem apenas 17 anos e está debruçada sobre a mãe que, deitada numa maca, está envolta num pano onde pode-se ler uma prece em hebraico. A maca está no chão do estacionamento do cemitério Har Hamenuhot, de Jerusalém, e a mãe de Renana está morta.
Com a voz sufocada pelas lágrimas e cercada por centenas de pessoas, Renana eleva a voz e pede perdão à mãe por não ter conseguido evitar a sua morte, mesmo tendo-se envolvido ferozmente com o terrorista palestino que a esfaqueava.
“Lamento que no seu momento mais difícil eu não fui capaz de ajudá-la”, diz Renana entre lágrimas.
Dafna Meir tinha 38 anos e costumava dizer que a vida era “boa como o mel”. Domingo, 17, ela estava em sua casa, na vila de Otniel no Sul de Hebron, quando um terrorista palestino invadiu a residência e avançou para cima dos seus seis filhos, quatro biológicos, dois adotivos. Ela lutou desesperadamente a defendê-los. Renana tentou ajudá-la, em vão. O terrorista assassinou a jovem mãe e fugiu.
Menos de uma hora antes, Renana e a mãe estavam sentadas na cozinha e conversavam. Mal sabia a filha que seria a última vez que faria isso. As palavras de Renana, a recordar coisas simples do cotidiano das duas, cortam o coração de qualquer um.
“Sentei-me contigo e comi aquilo que você havia preparado para o papai. De repente, você começou a lembrar-se das vezes que lhe procurei para pedir conselhos. Você se lembrou que nesta quinta-feira eu lhe pedi opinião sobre que unha polonesa usar. Eu escolhi a que você sugeriu. Você disse que estava surpresa por eu ter te consultado dizendo que nesta idade a maioria das adolescentes querem fazer exatamente o oposto do que as mães querem que elas façam”, continuou Renana. “Você disse: ‘Eu gosto do fato de que as minhas opiniões são importantes para você’”.
Não há quem resista. Todos choram. Renana então olha para as pessoas, volta-se novamente para o corpo inerte da mãe e diz: “Olha, mamãe, como muitas pessoas se preocupam com você e estão aqui para acompanhá-la em sua jornada final. Você deixou um grande vazio em nossos corações. É difícil para mim imaginar que nós nunca mais vamos tornar a rir novamente juntas. Nós nunca mais vamos mais lutar. Nós nunca mais vamos sentar e beber chá juntas no meio da noite…”
Quem conhece a cultura judaica sabe do papel que uma mãe representa na vida dos filhos. Para uma menina, crescer sem a presença da mãe é mais doloroso ainda. Renana, mesmo nos seus tenros 17 anos, está bem consciente disso. “Eu não perdi apenas uma mãe, mas uma mãe que também era minha melhor amiga”, lamenta.
Natan Meir, o esposo, relembrava a forma como a tinha conhecido, ambos servindo as Forças de Defesa de Israel no sul do Líbano. Foi amor à primeira vista. “Obrigado por todos os momentos que passamos juntos”, disse Natan. “Peço perdão pelos momentos em que eu te magoei. Nosso amor é poderoso demais para desaparecer.”
A dor que se abateu sobre a família estendeu-se aos amigos. Dafna havia trabalhado anteriormente como enfermeira no setor infantil do departamento de neurocirurgia do Centro Médico da Universidade de Soroka, em Beersheba e posteriormente especializou-se em questões ligadas a infertilidade feminina. Depois, dedicou-se a escrever um blog e a ser conselheira on-line. Onde quer que tenha passado, Dafna deixou amigos e boas lembranças.
Natan Meir, com as filhas e o filho, assistem ao sepultamento da esposa e mãe.
ESPOSA E MÃE ÚNICA EM UM MILHÃO
Mas, ao contrário do que muitos possam imaginar, no funeral de Dafna não se ouviu discursos de ódio ou de rancor, algo tão comum nos circos midiáticos em que são transformados os funerais dos terroristas árabes.
“Minha esposa”, disse Natan Meir, “era uma em um milhão. Superou uma infância difícil para se dedicar a preencher o mundo ao seu redor com bondade”. Depois, voltando-se para os presentes, ao invés de clamar por vingança, disse que “agora que o vaso que continha o seu brilho especial” tinha sido quebrado, o melhor que eles podiam fazer em homenagem à sua memória, era “recolher as faíscas” emanadas desse brilho e levar em frente os seus mesmos propósitos.
A superação de uma infância difícil a que se referiu o marido, diz respeito ao fato de que Dafna foi adotada aos 13 anos. Atara, a mãe adotiva, disse que Dafna havia se juntado aos seus seis filhos, quatro meninos e duas meninas, formando uma família completa.
Ao conhecer Natan e preparar-se para o casamento, Dafna foi clara: mesmo que tivessem muitos filhos, ela gostaria também de adotar outras crianças. E foi o que fizeram.
Neste triste início de semana, um jovem terrorista invadiu sua casa e ela defendeu os filhos que tinha. Tanto os biológicos quanto os adotados. Tombou diante do punhal covarde de um terrorista palestino.
Para trás deixou, além de um marido inconsolável, a filha Renana, com 17 anos; Akiva, de 15; Noa, com 11; e Ahava, com 10. Os dois mais jovens, Yair, de 6 e Yaniv, de 4 são, como ela sempre desejou, adotados. E agora todos estão órfãos.
ANDS | JPOST
Meus sentidos pêsames à família de Dafna e que todos não esqueçam seu maior legado: seu lindo sorriso e amor à vida
o coraçao das pessoas de bem, chora por esta familia