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A guerra de mentiras contra o teleférico de Jerusalém

Uma das missões do Notícias de Sião é ajudar o leitor a interpretar notícias que são veiculadas a respeito de Israel. Não tomem por pretensão, mas é que, muitas vezes, na correria do dia a dia nos limitamos a ler o que os jornais publicam, sem aprofundarmos necessariamente nos temas lidos. E em grande parte das notícias que falam de Israel, torna-se necessário, imperativo mesmo, conhecer bem a fonte da publicação, os atores envolvidos e a veracidade dos fatos apresentados. Este caso é um exemplo disso.

Israel aprovou, na última segunda-feira, 4, a construção de um teleférico que pairará sobre Jerusalém, permitindo deslocações mais ágeis e uma visão panorâmica da cidade.

Em qualquer país do mundo, tal iniciativa seria recebida de forma efusiva, pois onde quer que existam, os teleféricos são considerados uma mais valia para os visitantes, e mesmo para os moradores das cidades, pois causam um impacto positivo na tão complicada mobilidade urbana de localidades cada vez mais populosas.

Além de encurtar distâncias e melhorar o fluxo do trânsito, o teleférico de Jerusalém contribuirá para atender a duas outras demandas importantes nestes tempos de ações “politicamente corretas”: Ele permitirá um melhor deslocamento de pessoas com mobilidade reduzida, como idosos e deficientes, e diminuirá drasticamente a emissão de Co2, uma vez que o tráfego de veículos na Cidade Velha, principalmente dos ônibus, cairá sensivelmente.

Aquilo que era para ser motivo de festa, foi, paradoxalmente, recebido com uma avalanche de críticas. E críticas que vieram, vejam só, dos próprios judeus.

E aí entra e importância de “interpretarmos” as notícias veiculadas. E tal interpretação começa com uma pergunta simples: Quem são esses judeus?

A mídia internacional tem usado a expressão “controverso teleférico”, enfatizando que uma “organização não governamental arqueológica israelense” interpôs recurso visando barrar o projeto.

A mídia diz ainda que “o projeto foi alvo de críticas de acadêmicos, arquitetos, arqueólogos e grupos de defesa do patrimônio histórico”. E, para dar um toque de importância e credibilidade à informação, cita o nome de uma associação: Emek Shaveh.

Acadêmicos judeus, arquitetos judeus, arqueólogos judeus, defensores do patrimônio histórico judaico, juntaram-se a uma organização judaica, com nome e endereço em hebraico, na condenação ao teleférico. Impossível não concordar com eles! Será?

Vejamos quem são estes “bem-intencionados” defensores da preservação histórica de Jerusalém.

O primeiro resultado apresentado numa busca no Google aponta logo o slogan da organização Emek Shaveh: “Arqueologia à sombra do conflito.” E que “conflito” é esse? O árabe-israelense, é claro.

Ou seja, logo de cara, percebe-se que a Emek Shaveh é uma organização política-ideológica e não científica. E não precisamos nos aprofundar muito nos hiperlinks do site para descobrirmos a serviço de quem ela se encontra.

Logo no início do site, na front page, há um vídeo de 2:38 minutos contando, de forma animada, “a história de Jerusalém”. E é impressionante o que eles fizeram. Os autores conseguiram a proeza de contar a história de Jerusalém, da pré-história aos dias de hoje, minimizando, praticamente escondendo, a presença judaica.

Na narrativa animada do Emek Shaveh, “os filisteus chegaram à região de Jerusalém”, o que, historicamente, nunca aconteceu, e o desenvolvimento da cidade, inclusive na área da medicina, só começou depois da chegada dos muçulmanos, uma afirmação completamente absurda.

Na hora de traçar a linha do tempo, o vídeo da Emek Shaveh diz que ao longo dos séculos Jerusalém sofreu influências dos egípcios, dos cananeus, dos filisteus, dos cristãos, dos muçulmanos, dos cruzados, dos otomanos e até dos camelos. Mas, e os judeus?! Sim, a Emek Shaveh não pode negar que houve um Templo dos Judeus, mas a parte da narrativa que aponta este fato dura exatos 2 segundos. DOIS SEGUNDOS!

Quem assiste à “História de Jerusalém, segundo o Emek Shaveh” e confia neste relato, não tem dúvidas: Os judeus são um povo invasor que tomou a cidade santa dos muçulmanos e quer fazer dela, à força, a sua capital histórica. (veja o vídeo abaixo)

O TURISMO COMO FERRAMENTA IDEOLÓGICA

Para “melhor compreensão” da história islâmica de Jerusalém, a Emek Shaveh realiza diversas “visitas arqueológicas” pela cidade. Veja três desses roteiros. E lembre-se que estamos falando de uma associação “israelense” de arqueologia.

Roteiro 1: Visita ao Cemitério Muçulmano de Manila. Na proposta da visita, a Emek Shaveh informa que “o cemitério remonta ao início do período islâmico” e que “serviu como fronteira ocidental de Jerusalém por mil anos”, sendo local de sepultamento “de algumas das famílias muçulmanas mais importantes de Jerusalém até o início do século XX”.

Se estivesse localizado num país novo, como os EUA ou o Brasil, a visita ao cemitério muçulmano até seria interessante, mas o roteiro se torna arqueologicamente secundário quando levamos em conta que na mesma cidade se pode visitar os túmulos de Ageu, Malaquias e Zacarias, judeus que foram sepultados 5 séculos antes do nascimento de Cristo e mais de 1.000 anos antes da invenção do Islamismo.

Nada disso é levado em conta pela Emek Shaveh, que aproveita a visita para fazer um discurso antissionista, destacando que as lápides do cemitério de Manila “ensinam muito sobre a história da cidade durante o período islâmico”.

Roteiro 2: Cinturão Verde. A segunda opção de visita arqueológica oferecida pela Emek Shaveh leva os turistas numa caminhada que percorre os principais sítios arqueológicos dentro da cidade de Jerusalém. E como não podem contestar cientificamente as descobertas arqueológicas feitas nestes locais, os guias da Emek Shaveh chamam a atenção dos turistas para um suposto “uso dos sítios arqueológicos e das escavações ​​como ferramentas na luta pela opinião pública e como meio de controlar as terras pertencentes aos residentes palestinos”.

Roteiro 3: Vila de Silwan. Na divulgação deste roteiro, a Emek Shaveh diz que as descobertas arqueológicas nesta área “constituem um ponto focal importante de atrito político na Jerusalém Oriental”. E sabem por quê? Porque é exatamente nesta região, historicamente conhecida como Cidade de David, que foram encontrados algumas das mais importantes provas da presença judaica ao longo dos milênios em Jerusalém.

Ao longo do “passeio a pé pelas ruas da Vila de Silwan”, a Emek Shaveh chama a atenção dos turistas para a presença árabe local, destacando a expressão “Silwan”, como forma de evocar um suposto domínio palestino sobre a região.

Se os guias da Emek Shaveh forem suficientemente honestos, eles terão que dizer que a expressão “Silwan” surgiu no período do segundo califado, um sistema monárquico árabe, sob a direção de Umar ibn al-Khattab. Este califado, conhecido como Califado de Rashidun, governou parte do povo árabe do ano 634 ao ano 644… depois de Cristo.

Se os guias da Emek Shaveh forem suficientemente honestos, eles terão que explicar aos turistas que percorrerem com eles as ruas de Silwan, que a palavra Silwan é a variação árabe da expressão judaica Siloé. E Siloé vem a ser a forma reduzida da expressão hebraica Nikbat HaShiloah, ou seja, “Túnel de Siloé”, também conhecido como Túnel de Ezequias.

Ou seja, se os guias da Emek Shaveh forem mesmo honestos, eles terão de dizer que 1.340 anos antes do árabe Umar ibn al-Khattab pisar aquelas terras, o judeu Ezequias já mandava escavar ali o túnel que recebeu o seu nome, cujo relato pode ser visto em 2 Reis 20.20: “Ora, o mais dos atos de Ezequias, e todo o seu poder, e como fez a piscina e o aqueduto, e como fez vir a água à cidade, porventura não está escrito no livro das crônicas dos reis de Judá?”

JORNALISTAS INCAPAZES DE RECONHECER UMA MENTIRA

É claro que nenhum jornalista da chamada grande mídia se debruçou sobre estes fatos, para eles foi mais fácil e cômodo dar visibilidade às palavras de Yonatan Mizrahi, o diretor da Emek Shaveh, mesmo que estas palavras estejam completamente recheadas de mentiras.

Yonatan Mizrahi diz que a construção de um teleférico num local que contém uma grande quantidade de relíquias com valor histórico “é preocupante”, pois, segundo ele, “os sítios arqueológicos da região podem ser danificados”.

Como poderão ser “danificados” se um teleférico opera suspenso no ar?!

A Emek Shaveh usa o mesmo discurso quando tentar barrar as escavações arqueológicas em Jerusalém, pois, segundo eles, no processo de buscar provas subterrâneas da presença judaica, as escavações abalam as estruturas islâmicas que vieram muitos séculos depois.

Isso faria sentido, se as escavações empreendidas pelas autoridades israelenses não fossem realizadas de forma extremamente criteriosas, mas dizer que a circulação de cabines, suspensas a dezenas de metros do solo, “danificarão sítios arqueológicos”, é simplesmente ridículo.

Como ridícula também é a conclusão a que chegou um obscuro site chamado Washington Report. Depois de ouvir Yonatan Mizrahi, o Washington Report disse que a construção do teleférico “servirá para esconder a população palestina local e sua história dos milhões de turistas que visitam Jerusalém a cada ano”.

Como isso é possível que isso aconteça se na própria reportagem do Washington Report aparece uma foto aérea (imagem acima) de uma das casas palestinas, acompanhada da legenda: “As crianças da família Karameh brincam no telhado plano de sua casa em Silwan, no leste de Jerusalém. O projeto do teleférico de Israel está planejado para passar alguns metros acima de sua casa.”

Como é que tamanha visibilidade pode “esconder a população palestina”?! Na verdade, os autodenominados palestinos nunca tiveram tanta visibilidade como terão após a construção do teleférico.

E é justamente isso que deve assustar as organizações ligada à causas antissionistas, como a Emek Shaveh, pois o turista que usar o teleférico poderá ver, do alto, que a vida dos palestinos residentes em Jerusalém não é tão miserável quanto estas organizações pretendem dizer ao mundo que é.

E, para terminar, eis aqui o argumento mais hipócrita e mentiroso usado pelo diretor da Emek Shaveh: “Esta é uma das cidades históricas mais importantes do mundo e o seu caráter precisa ser preservado. Nenhuma outra cidade histórica do mundo construiu um teleférico – e por muito boas razões.”

Causa-me espanto que nenhum jornalista tenha contra-argumentado Yonatan Mizrahi. Há dezenas de cidades históricas espalhadas pelo mundo com cabines de teleféricos balançando sobre suas ruas. E Yonatan Mizrahi não precisa nem ir muito longe para verificar isso, pois ali mesmo, a 25 quilômetros de Jerusalém, está a mais antiga cidade histórica do mundo, Jericó, e os céus de Jericó são cortados diariamente por um moderníssimo teleférico.

Mas, sabem qual a diferença entre Jericó e Jerusalém? Jerusalém é governada pelos verdadeiros donos da terra, os judeus, enquanto Jericó está sob domínio árabe. Eles podem tudo, Israel não pode nada. E o mundo dá mais razão a eles.

EXEMPLOS DE TELEFÉRICOS SOBRE CIDADES HISTÓRICAS

Teleférico de Jericó
Teleférico em Ngong-Ping
Teleférico sobre Vila Nova de Gaia
Teleférico sobre a cidade do Porto
Teleférico de Barcelona
Teleférico em Nova York

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