Jennifer e Nicholas Thalasinos – Ela gentia e ele judeu messiânico
TERRORISTAS MUÇULMANOS MATARAM JUDEU MESSIÂNICO
Publicado originalmente no Cafetorah
Os cineastas judeus Joel e Ethan Coen criaram uma intrincada e intrigante história no cult movie Queime Depois de Ler. Na engraçadíssima comédia, Brad Pitt e Frances McDormand encontram um CD com trechos das memórias de John Malkovich, um ex-agente da CIA. Pensando tratar-se de documentos sigilosos, passam a extorqui-lo. No meio de tudo surge um George Clooney completamente aparvalhado, que em nada lembra o charmoso Clooney da Nespresso.
No final do filme, e depois de idas e vindas ilógicas e cheias de surpresas, o chefão da CIA, J. K. Simmons, indaga a um subordinado: “O que foi que aprendemos com este caso?” O agente, também perdido, responde: “Não sei”. “Eu também não”, diz Simmons, que antes de fechar a pasta encerrando o caso, conclui: “Acho que aprendemos a não voltar a fazer o mesmo… Embora eu não tenha a menor ideia do que foi que fizemos”.
Lembrei-me deste filme enquanto me debruçava sobre o caso de Nicholas Thalasinos, um judeu assassinado na tragédia que esta semana ceifou 14 vidas e deixou 18 feridos em San Bernardino, Califórnia.
Poucas horas antes de ser assassinado, Thalasinos postou uma mensagem enigmática no Facebook. Comentou que fora ameaçado por um muçulmano e concluiu: “Oh, este não é a pessoa que eu citei anteriormente. Aquele era muito pior”.
TENTANDO ENTENDER O CASO
Nicholas Thalasinos tinha sido inspetor de saúde no Condado de San Bernardino, mas estava trabalhando no Inland Regional Center, um dos 21 centros de reabilitação para pessoas com deficiência de desenvolvimento dos EUA, uma espécie de APAE norte-americana.
Na quarta-feira, 2, cerca de 80 colaboradores da instituição estavam realizando uma típica confraternização de final de ano quando um casal entrou na sala onde eles se encontravam atirando, aparentemente a esmo, e matando 14 pessoas, inclusive o judeu Thalasinos.
Como é comum nos dias de hoje, tão logo anuncia-se a morte de alguém, corre-se à Internet para ver quais foram as últimas coisas postadas nas redes sociais. E foi aí que depararam-se com o último post de Nicholas Thalasinos (imagem ao lado), que numa tradução livre diz o seguinte:
“Vejam a mensagem que me enviou o neurocirurgião antissemita Med Ali Zarouk:
‘Vocês nunca conseguirão fazer [de Israel] um país para os judeus, porque vocês são criminosos e covardes, vocês estão apenas usando os EUA e a Europa para lutarem por vocês, logo vocês terão o traseiro chutado, você vai morrer e nunca mais vai ver Israel como um país [estabelecido], acredite em mim, nunca!’”
“Além de apresentar ortografia e gramática impecáveis”, escreve, irônico, Thalasinos, “ele parece esquecer Israel já é um país. Ele também diz que sou judeu – o que para mim é um grande elogio, e só por isso já merecia meu abraço. Mas, de qualquer forma o meu novo hobby é bloquear trogloditas antissemitas. Que isso sirva de aviso aos outros”.
E depois, Thalasinos conclui o post com a frase enigmática: “Oh, este não é a pessoa que eu citei anteriormente. Aquele era muito pior”.
Brincando de jornalismo investigativo, fui ver quem eram os personagens envolvidos e acabei dentro de um enredo digno dos irmãos Coen.
Nicholas Thalasinos era um judeu americano, reconhecia Yeshua como Messias e por isso está enquadrado naquilo que se costuma chamar de Judeu Messiânico. Em entrevista ao Los Angeles Times a esposa, Jennifer Thalasinos referiu-se ao esposo como um “born again”, que é a forma como os americanos referem-se aos crentes não pentecostais, tipo Batistas ou Presbiterianos.
Jennifer disse ao Times que Nicholas era um fiel praticante que fazia questão de ostentar símbolos da sua religião e do seu povo. Era comum vê-lo usando tzitzit ou prendedores de gravatas com a Estrela de David, e isso é o que se pode ver nas fotos postadas por ele nas redes sociais.
“Nicholas converteu-se há alguns anos e desde então tornou-se um crente fervoroso que fazia de tudo para servir ao Senhor trazendo mais pessoas para Ele”, afirmou Jennifer, uma não judia com quem Thalasinos estava casado há 14 anos.
Judeu americano, messiânico e assimilado.
Entre os colegas de trabalho de Thalasinos encontrava-se outro inspetor de saúde, um norte-americano de origem paquistanesa chamado Syed Rizwan Farook.
Syed Farook, por sua vez, era um muçulmano praticante e não assimilado. Casou-se com a paquistanesa Tashfeen Malik e era tido por todos como um “muçulmano moderado”, que nunca teve problemas com Thalasinos. “Se tivesse, meu marido teria me falado”, afirmou Jennifer, dizendo-se chocada.
Só que na manhã da quarta-feira, Syed Farook e Tashfeen Malik irromperam a sala onde estava acontecendo a comemoração dos funcionários do Inland Regional Center, fortemente armados, e começaram a atirar matando 14 pessoas, entre elas o judeu e colega de trabalho, Nicholas Thalasinos.
Na fuga, agentes da Swat abateram a dupla antes que eles conseguissem explodir a SUV que dirigiam e que estava repleta de explosivos.
Na tarde desta sexta-feira, 4, o FBI concluiu que o ataque teve conotação religiosa, classificaram como “ataque terrorista” e ligaram os seus autores ao grupo extremista Estado Islâmico.
Simpatizando islâmico da Ucrânia ameaça judeu americano que é assassinado por muçulmanos paquistaneses moderados dos Estados Unidos: confusão.
O QUE APRENDEMOS COM ISSO
Quem observa o facebook de Med Ali Zarouk, o suposto neurocirurgião citado por Thalasinos, vê que o rapaz está mais para surfista do que para neurocirurgião. Não há nada (aberto) no seu profile que indique que ele tenha ao menos uma boa escolaridade, daí os erros ortográficos e gramaticais apontados por Thalasinos.
Que é simpatizante do islã, está claro. Que está cheio de amigos muçulmanos, também. Que está agora irremediavelmente vigiado pela Interpol, não tenham a menor dúvida.
Mas, o que tem a ver um falastrão ucraniano – sim, Zarouk mora em Cracóvia – que ameaçou de “morte breve” um judeu americano residente na Califórnia, que acabou assassinado, no mesmo dia, por um paquistanês-americano, juntamente com sua companheira, uma paquistanesa-paquistanesa?
A história é muito confusa. De concreto, sabemos poucas coisas:
1. Thalasinos usava a Internet, principalmente o Facebook, para atacar radicais islâmicos. Foi isso que o levou às ameaças de Zarouk.
2. Syed Farook e Tashfeen Malik eram muçulmanos moderados que radicalizaram-se à partir dos doutrinamentos do grupo extremista Estado Islâmico.
3. Não está claro se “a pessoa” que Thalasinos “citou anteriormente”, e que “era muito pior”, é o ex-colega de trabalho Syed Farook ou algum outro muçulmano por ele “bloqueado” no seu novo hobby.
4. Não está claro se o ataque ao Inland Regional Center tinha por objetivo matar Thalasinos e as outras 13 pessoas morreram por estar no lugar e momento errados.
5. Mas, de uma coisa estamos absolutamente certos: Não há islamista moderado que resista a uma boa doutrina islâmica.
CAUTELA E CALDO DE GALINHA…
Se você tem algum entrevero com antissemitas, mesmo que pela Internet, esteja atento pois eles comunicam-se entre si. Não importa se você está em Tel Aviv, Lisboa, Fortaleza ou São Paulo; e eles em Paris, Londres, San Bernardino ou na Ucrânia.
No filme dos irmãos Coen, o diretor da CIA vivido por J. K. Simmons termina o filme concluindo que não aprenderam nada com a intrincada história.
Eu, como expectador, vendo morrer todos os personagens que tentaram chantagear a CIA, aprendi que com a CIA não se deve brincar.
E depois de mergulhar nos detalhes que cercaram o atentado ao Inland Regional Center, aprendi que com o Islã também não se brinca.
ANDS | LOS ANGELES TIMES
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