DIA DE JERUSALÉM DO ANO 2011 OU YOM YERUSHALAYIM DO ANO 5.771
Hoje é Yom Yerushalayim, o dia para celebrar a Capital Indivisível do Estado de Israel.
TEM COISAS QUE VOCÊ SÓ COMPREENDERÁ VIVENDO
Em mais de meio século de vida assisti a diversas expressões coletivas da nação brasileira e muitas delas remetem à morte. Morte de políticos (Tancredo), de heróis (Senna) ou de ídolos (Mamonas Assassinas). Embora tenha uma predileção pelas mortes, o brasileiro também é dado às comemorações esportivas. E estas foram muitas, principalmente no futebol. Entretanto, a imagem coletiva mais forte que eu guardo na memória não é uma manifestação de vitória, mas sim de derrota. E estas me remetem a uma triste tarde no dia 5 de julho de 1982.
Nas palavras do então presidente, João Batista de Oliveira Figueiredo, o país fazia uma “lenta e gradual” transição democrática e estávamos em plena Copa do Mundo. A Seleção Brasileira, liderada por um ícone desta transição, o revolucionário Doutor Sócrates, jogava embalada por um dos melhores jingles até hoje feito para uma Copa, o clássico Sangue, Swing e Cintura de Moraes Moreira.
Tudo naquela Copa era superlativo. Para muitos analistas, a Seleção de 82 foi a melhor de todos os tempos. Tele Santana era o mestre do futebol arte. Sócrates, Zico e Falcão eram incríveis. Brasil e Argentina fizeram o mais belo jogo de todas as Copas do Mundo até hoje! E nós ganhamos, é claro. Com direito a expulsão justíssima de Maradona, o que foi muito melhor. Uma história quase perfeita.
Mas, aquela Copa ficou marcada por aquilo que passou para a História como “O desastre do Sarriá”. Na semifinal o Brasil enfrentou a Itália precisando apenas do empate. O árbitro seria o israelense Abraham Klein, o mesmo que quatro anos antes, na Copa da Argentina, apitara outro Brasil e Itália onde nós ganhamos de 2 X 1. Melhor ainda, foi Klein quem protagonizou um episódio pitoresco na Copa de 1970 no México. Depois de encerrar a partida Brasil versus Inglaterra, como os jogadores não ouviram o apito ele deixou o jogo prosseguir por mais alguns minutos. Trinta e cinco anos depois, numa entrevista para o jornal israelense Maariv, Klein admitiu ter deixado a partida prosseguir porque estava seduzido pela beleza do espetáculo.
Mesmo com um time irretocável, dirigido por um técnico genial, praticando um futebol tão limpo que mereceu o destaque Fair Play daquela edição e sendo apitado por um árbitro amigo, o Brasil sucumbiu diante de Paolo Rossi. Relembrando aquela fatídica partida, o árbitro israelense declarou: “Depois do jogo, o capitão do Brasil, que na época era o doutor Sócrates, entrou no meu vestiário com lágrimas nos olhos e disse: ‘perdemos o jogo, mas eu não tenho queixas’.”
Eu também não tive queixas. Os milhões de brasileiros não tiveram. Só tinha dor. Naquela tarde cinzenta de 1982, logo depois da partida, eu atravessei dois bairros de uma ainda desconhecida de Fortaleza dirigindo-me ao hotel onde trabalhava. Nas ruas enfeitadas de verde-amarelo o silêncio era perturbador. Pessoas sentadas nos alpendres ou debruçadas nas janelas, apopléticas, nada diziam, choravam. Demorou algumas horas para a cidade, digamos, “engrenar” novamente.
De manifestação definitivamente coletiva, a Copa do Mundo de 1982 foi o episódio em que eu mais vi os brasileiros irmanados. Tanto da alegria prévia, quanto na dor futura. O fato de ter como ídolos os ícones “revolucionários” Sócrates e Serginho Chulapa, fez com que os Esquerdistas deixassem de lado as pendengas contra os militares e apoiassem a Seleção como nunca fizeram antes. Além do mais, tinha o carisma do técnico Telê Santana. Os versos do clássico de Moraes Moreira sintetizam bem o sentimento da época: “Telê, um fio de esperança / De velho, moço e criança / Unindo os corações.” Perfeito! Este era o sentimento coletivo do Brasil no longínquo ano de 1982.
Mas, afinal de contas, além do árbitro Abraham Klein, que é Judeu, o que este texto (até aqui) tem a ver com os propósitos deste blog? Nada! Então, por que estou a escrever sobre isso?
Acontece que hoje é Yom Yerushalayim (Dia de Jerusalém) e nós brasileiros não temos a menor idéia do que vem a ser isso. A não ser aqueles que algum dia teve o privilégio de estar em Jerusalém neste dia. É simplesmente arrebatador!
O Yom Yerushalayim é festejado em Israel no dia 28 do mês de Iyar e é um dos mais novos feriados na história desta milenar nação. Em 12 de março de 1968, um ano após a reunificação da sua legítima Capital, o Governo proclamou a data como Dia de Jerusalém e em 23 de março de 1998 o Knesset aprovou a Lei do Dia de Jerusalém, transformando a data em Feriado Nacional.
Dado o seu pouco tempo de existência, o feriado ainda não atrai tantos visitantes estrangeiros como as outras festas judaicas milenares, mas a cada ano se torna mais forte a presença de apoiadores além fronteira.
Da mesma forma que acontece no Yom Ha’atzmaut, o Dia da Independência, o Rabinato Chefe de Israel estimula que seja feita nesse dia a recitação de Salmos de Louvores (Hallel). A alguma resistência por parte dos Ultra-Ortodoxos na celebração deste dia, mas os Ortodoxos cantam o Hallel e os judeus seculares invadem as ruas de Jerusalém para fazer uma das mais belas festas desta nação ímpar.
Ao contrário do Yom Ha’atzmaut, que é um dia para celebrar a existência e os sucessos do moderno Estado de Israel, o Yom Yerushalayim celebra a reunificação da cidade. Esta é a razão pela qual a citação preferida do dia é o verso 3 do Salmo 122 cuja parte b diz “Ir yahdaiv lah shehubrah”, ou seja, refere-se a Jerusalém como “uma cidade que é compacta” ou “uma cidade que une todos.”
Este Yom Yerushalayim está sendo marcado por protestos contra a proposta do Presidente norte-americano Barack Hussein Obama para que Israel retorne às fronteiras de 1967, antes da reunificação da cidade. Pela disposição dos hierosolimitanos, os planos de Obama estão fadados ao fracasso.
Para homenagear Jerusalém, nosso blog preparou um vídeo com uma das canções mais significativas sobre a cidade. A montagem abaixo apresenta a música Yerushalayim Shel Zahav sob o prisma de diversas interpretações, inclusive a surpreendente performance de dois trabalhadores anônimos na sacada de um prédio na Yaffo Street, no centro de Jerusalém.
Eu vinha descendo a Yaffo, no sentido da Tachana Merkazit para a Cidade Velha, quando observei dois trabalhadores cantando a plenos pulmões a música de Naomi Shemer. Como não estava com a máquina preparada, perdi parte do “show”, mas o pouco que consegui gravar permitiu-me inserir de forma emocionante no clipe abaixo. Que compartilho com vocês com os melhores votos de Chag Yom Yerushalayim Sameach!
A HOMENAGEM DO BLOG
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MEU VÍDEO NA ÍNTEGRA
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Realmente muita bela a canção e as interpretações são riquíssimas em sentimentos!
Shalom a todos!
Enquanto isto, alguns embarcam na voz da campanha da [ONG] Avaaz, acreditando, pois lhes falta conhecimento sobre quem é o verdadeiro povo “palestino”…
A paz do Senhor, estou sentindo falta das suas postagens: belos textos e ricas e confiáveis informações a respeito de Israel. Espero que o senhor esteja bem.