As grandes descobertas arqueológicas nem sempre se dão com pessoas a escavar ruínas. Muitas vezes, elas acontecem nos porões de bibliotecas ou depósitos mal iluminados, locais distantes do terreno a ser investigado. Foi exatamente o que aconteceu com o arqueólogo israelense Dr. Guy Stiebel, especialista em Arqueologia Clássica dos períodos helenístico, romano e bizantino; e profundo conhecedor das investigações feitas na região da antiga Fortaleza de Massada, em Israel.
Certo dia, o Dr. Stiebel estava a observar fotografias aéreas antigas, quando atentou para um detalhe em uma delas. As fotografias haviam sido tiradas por um piloto inglês, ainda nos primórdios da aviação, quando este sobrevoou Massada na manhã do dia 29 de dezembro de 1924. As fotografias foram feitas a uma altitude de 4.500 pés, e os negativos, em alta qualidade e em placas de vidro, encontram-se hoje na biblioteca do Instituto de Arqueologia da University College, de Londres.

Diante daquelas fotografias históricas, o olhar atento do Dr. Stiebel voltou-se para aquilo que parecia ser uma entrada subterrânea, até então desconhecida dele e dos demais arqueólogos, localizada no centro do setor norte de Massada, próximo à entrada das ruínas de uma igreja cristã dos séculos 5 ou 6 d.C.
A suposta entrada, observada por Stiebel, tinha uma forma elíptica e indicava ser uma estrutura feita pelo homem e não algo natural.

Stiebel correu para os arquivos e descobriu que, de fato, outrora havia ali uma estrutura que, dado a uma suposta inutilidade, havia sido coberta pela Autoridade de Parques e Natureza de Israel (INPA) por quase meio século. Ao conseguir autorização para acessar o local, Stiebel pôde constatar que a atitude da INPA acabou por manter aquele solo virgem e perfeitamente conservado.
Munido dessas informações, e com o apoio do estudante de arqueologia Boaz Gross, Stiebel apresentou um projeto para a Universidade de Tel Aviv que foi aprovado. O passo seguinte, foi sensibilizar benfeitores da universidade, visando conseguir financiamentos que viabilizassem as escavações. Não foi difícil. Foi assim que nasceu a Expedição Arqueológica da Família Neustadter.

As escavações foram paralizadas ainda na sua fase inicial em decorrência do surgimento da pandemia causada pelo Covid-19. Mas, e antes disso, um fato excepcional chamou a atenção dos arqueólogos. Ao visitar a caverna, em fevereiro de 2018, Stiebel encontrou um grafite acompanhado de uma inscrição. Este desenho já tinha sido observado em finais do século 19, mas não mereceu a atenção de outros arqueólogos. Entretanto, uma particularidade do grafite, que havia escapado aos olhos de todas as expedições anteriores, incluindo as primeiras visitas da equipe de Stiebel, chamou a atenção. A inscrição está em aramaico e diz: “Senhor Jesus”. Inscrições semelhantes foram encontradas 50 quilômetros ao norte, em cavernas na região de Qunram.
O contexto e o significado da inscrição completa e da pintura que a acompanha estão sob investigações e serão objeto de estudo logo que as escavações recomecem, provavelmente em finais do ano de 2021 ou início de 2022, conforme as coisas correrem em Israel.
“Esperamos voluntários de todo o mundo para virem à lendária montanha e se tornarem parte da história”, afirmou Stiebel na Biblical Archaeology Review numa edição especial sobre a Expedição Arqueológica da Família Neustadter.

VOLUNTÁRIOS PARA A EXPEDIÇÃO
Não se deixem enganar pela expressão “voluntário”. Para fazer voluntariado junto a expedições arqueológicas não basta boa intenção e presteza em se apresentar. Não se chega a um sítio arqueológico perguntando se precisam de voluntários e logo começa-se a escavar. Não é bem assim. Eis aqui algumas observações aos possíveis candidatos a voluntariado na Expedição Arqueológica da Família Neustadter.
Primeiro, os voluntários devem saber que ao invés de receber alguma coisa pelo trabalho, eles devem sim é pagar pelo privilégio de poder fazer história. Os valores são informados individualmente aos candidatos e são acima dos milhares de dólares. As despesas para chegar a Israel ficam também por conta do voluntário.
Os pagamentos podem ser parcelados, mas os voluntários devem completar o pagamento antes do início das escavações. Qualquer atraso sem justificativa implica no cancelamento da inscrição do candidato. E dos valores pagos só lhe serão restituídos 300 dólares. Se o cancelamento se der durante as escavações, não haverá nenhuma restituição.
Durante a participação nas escavações, o voluntário terá acesso à palestras de especialistas de renome mundial e o conhecimento da língua inglesa é imprescindível.

Agora, há uma coisa para a qual o voluntário tem que estar muito atento. Durante a semana, ele ficará alojado no Masada Youth Hostel, onde terá direito a três refeições diárias e a um chá pela tarde, mas nos finais de semana ele deverá deixar o hostel. Neste período, o participante poderá ir para Jerusalém, Tel Aviv ou qualquer outra cidade de Israel, mas os deslocamentos, transportes, alimentação e hospedagem nestes períodos ficam totalmente por conta do voluntário. Há ainda a possibilidade do voluntário permanecer no Masada Youth Hostel nos finais de semana, mas isso tem que ser feito numa negociação direta e prévia – muito prévia – entre o voluntário e o hostel.
As informações complementares, inclusive a enorme lista de apetrechos que o voluntário deve levar, estão disponíveis no website da expedição que pode ser acessado clicando aqui.
Estou aprendendo aqui.