A UNIVERSIDADE HEBRAICA E AS PIRÂMIDES DE KHIRBET MIDRAS
Uma pirâmide enigmática e pouco conhecida a sudoeste de Jerusalém será escavada pela primeira vez neste verão, num esforço para determinar quem a construiu e quando.
As pirâmides judaicas eram construções mais modestas do que as pirâmides egípcias
Os arqueólogos da Universidade Hebraica de Jerusalém começarão a estudar as ruínas de uma pirâmide existente no pequeno sítio arqueológico de Khirbet Midras, localizado nos montes da Judeia ao sul de Beit Shemesh. Embora já tenha sido objeto de estudos, esta será a primeira vez que os arqueólogos escavarão com o objetivo de investigar a base da formação rochosa.
Acredita-se que a pirâmide de Khirbet Midras seja a maior e mais preservada das diversas estruturas mortuárias existentes em Israel, construções que remontam a época do Segundo Templo e as eras romanas. A estrutura foi documentada pela primeira vez pelo ex-diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel Levi Yitzhak Rahmani durante uma pesquisa na região na década de 1950.
Khirbet Midras é um dos locais mais antigos a ser estudados dentro do parque florestal de Adullam e as escavações contarão com o apoio logístico de profissionais ligados aos parques nacionais israelenses.
Embora a ideia do uso de pirâmides como túmulo esteja associada ao Antigo Egito, sabe-se hoje que os judeus também utilizaram as mesmas estruturas no sepultamento dos seus mortos, principalmente entre o final do período do Primeiro Templo e ao longo do período do Segundo Templo. O livro de 1º Macabeus relata que Simão Macabeu erigiu um monumento perto de Modiin com “sete pirâmides uma diante da outra, para seu pai, sua mãe e seus quatro irmãos.” (1º Macabeus 13:28)
“Provavelmente aconteceram aqui sepultamentos judaicos”, disse Orit Peleg-Barkat (imagem ao lado), professora de arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém. Barkat acredita que um dos túmulos esculpidos na encosta calcária, abaixo da pirâmide, pode fazer parte do antigo monumento. Este ano Barkat e sua equipe irão começar a escavar em torno da base da pirâmide na esperança de encontrar evidências que ajudem no processo de datação do monumento, sendo que para a execução do projeto eles precisarão inclusive levantar algumas das gigantescas pedras.
A construção de monumentos para seus mortos, uma prática conhecida entre os judeus por “nefesh”, era prática comum durante os períodos helenístico e romano. Monumentos semelhantes ao de Khirbet Midras foram encontrados não só nesta região como até mesmo em Jerusalém.
A Dra. Peleg-Barkat avisa, entretanto, que quem visitar a região esperando encontrar algo parecido com as pirâmides de Gizé poderá sair de lá frustrado, pois os monumentos judaicos tinham uma formatação muito mais modesta do que as famosas pirâmides egípcias.
A altura original da pirâmide é incerta, mas a base tem cerca de 10 metros quadrados e é composta de cinco camadas de blocos de calcário grosseiramente cortados. O arqueólogo Boaz Zissu, da Universidade Bar Ilan, um profundo conhecedor do local, acredita que a pirâmide de Khirbet Midras tinha originalmente 4,8 metros de altura, enquanto a pirâmide de Gizé tem ainda hoje 146,5 metros de altura.
As escavações em Khirbet Midras começarão no próximo mês de Julho e coincidirão com o período em que NOTÍCIAS DE SIÃO estará em Israel acompanhando um grupo de estudantes brasileiros que farão um curso de arqueologia e história bíblica na mesma universidade responsável pelas escavações, a Universidade Hebraica de Jerusalém.
No próximo ano haverá uma nova turma para este mesmo curso. Desde já fica aqui o convite para os nossos leitores. Participar desta formação é bem mais fácil e acessível do que muitos possam imaginar.
ANDS | TIMES OF ISRAEL