REBELDES SÍRIOS CONQUISTAM BASE AÉREA, CAÇAS E MÍSSEIS
E tomam posse de equipamentos antigos, difíceis de serem manipulados e com limitado poder de destruição. Mas, quem os quer contra si?
Militantes de um obscuro grupo ligados a Al-Qaeda juntaram-se aos rebeldes sírios na apreensão de uma base aérea no norte da Síria nesta sexta-feira. O anúncio foi feito através de um vídeo amador cujas imagens estão disponíveis no final deste artigo. Segundo o vídeo, as imagens terão sido feitas pelos próprios militantes.
Não fica claro se os rebeldes foram capazes de garantir a posse definitiva da base após o ataque e alguns analistas questionaram se eles seriam capazes de fazer uso de qualquer um dos mísseis capturados.
No entanto, o assalto reforçou os temores de que armamentos avançados possam vir a cair nas mãos de extremistas e que isso venha a desempenhar um papel cada vez mais importante na guerra civil da Síria.
Outros vídeos, supostamente filmados dentro da base, afirmam que o grupo extremista Jabhat al-Nusra participou na batalha durante a noite perto da aldeia de al-Taaneh, que fica cinco quilômetros a leste da maior cidade do país, Alepo. Os vídeos mostram dezenas de combatentes dentro da base perto de uma torre de radar, juntamente com fileiras de mísseis grandes, sendo que alguns se encontram em carrocerias de caminhões.
Segundo relato de um correspondente da Al-Jazeera, que visitou o local na sexta-feira, o Jabhat al-Nusra assumiu a liderança do ataque matando três guardas e fazendo outros prisioneiros. A Al-Jazeera mostrou uma série de mísseis e edifícios queimados, assim como rebeldes usando máscaras negras.
Rami Abdul-Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, e mais dois ativistas do mesmo grupo que tem base em Aleppo, disseram que o Jabhat al-Nusra não foi completamente responsável pela tomada, mas sim que fez parte de um grupo rebelde mais amplo. Estes ativistas rechaçam a ideia de que o grupo extremista tenha sido o principal autor do ataque.
A captura da base reacende temores de que extremistas possam assumir também o controle do arsenal de armas químicas e biológicas que Bashar al Assad promete usar caso venha a perceber que seu regime poderá cair.
Na vizinha Jordânia, o rei Abdullah II teme que tais armas possam chegar aos terroristas da Al-Qaeda ou outros militantes do Hezbollah, principalmente no Irã, que é aliado de al Assad. Os Estados Unidos enviaram cerca de 150 soldados para a Jordânia, pertencentes em grande parte ao batalhão de operações especiais, para reforçar a defesa militar da Jordânia caso a guerra civil Síria ameace ultrapassar fronteiras.
Acredita-se que a Síria tenha um dos maiores programas de armas químicas do mundo, e o regime tem dito que pode usar as armas contra ameaças externas, embora não contra sírios.
Lideranças ocidentais – e muitos sírios – temem que os extremistas islâmicos estejam desempenhando um papel cada vez maior na guerra civil na Síria, que começou em Março de 2011.
A base capturada nesta sexta-feira faz parte do complexo sistema de defesa aéreo que a Síria construiu em todo o país ao longo dos anos, principalmente para o uso em uma possível guerra contra Israel.
Na semana passada, os rebeldes relataram a apreensão de outra base de defesa aérea fora da capital, Damasco, bem como uma base no sul da província de Daraa. Vídeos postados na Internet mostram rebeldes incendiando veículos e apreendendo dezenas de caixas de munição na base de Daraa.
O ataque dessas bases por rebeldes mal armados tornou-se uma vergonha para o regime de Assad, mas analistas dizem que os mísseis não são susceptíveis de beneficiar os insurgentes.
Tão logo as imagens tornaram-se públicas, diversos analistas de armamentos começaram a tecer comentários, como Pieter Wezeman do Stockholm International Peace Research Institute, que identificou os mísseis como sendo S-75, do tipo “terra-ar” e que, segundo ele, são antigos, difíceis de serem movimentados e com limitado poder de destruição. “Eles são obsoletos e de difícil operacionalidade. Guerrilheiros não treinados dificilmente saberão como utilizá-los”, concluiu Wezeman.
Entretanto, o regime de al Assad recebeu da Rússia nos últimos anos misseis similares, só que muito mais avançados, e só não estavam na base capturada em Alepo provavelmente porque este não é um ponto estratégico prioritário para a defesa.
Desde o início do conflito já morreram mais de 32.000 pessoas na Síria e centenas de milhares de pessoas fugiram para países vizinhos.
NOTA: Informações disponibilizadas pelo Haaretz, pela Fox News, pela France Press e pelo The Middle East Media Research Institute. Publicado anteriormente no Blog Notícias de Sião.
ASSISTA O VÍDEO
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