
Mohammed Deif, o líder militar do Hamas, responsável direto pelos ataques do dia 7 de outubro de 2023, foi morto em Gaza. Este ataque foi a maior ação terrorista desde a fundação do Estado de Israel.
Deif, autor do ataque de 7 de outubro, havia sobrevivido a pelo menos sete tentativas de neutralização ao longo dos anos. Embora não tenha perdido a vida nessas ações, ficou profundamente mutilado, perdendo um olho, uma mão e uma perna. O restante do corpo estava tão debilitado que ele vivia preso a uma cadeira de rodas. Mesmo assim, a invalidez não o impediu de arquitetar um dos mais cruéis ataques terroristas da história recente de Israel.
Nesta quinta-feira, 1, as Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram que o corpo resgatado dos escombros de um dos bombardeios realizados em Gaza era de Mohammed Deif. Até o momento, o Hamas não confirmou a informação.
“As FDI anunciam que, em 13 de julho de 2024, caças atingiram a área de Khan Younis, após informações dos serviços secretos, e podem confirmar que Mohammed Deif foi eliminado no bombardeio”, informou o exército israelense, depois de, em 14 de julho, ter presumido sua morte, o que nunca foi confirmado pelo Hamas.
Foi a voz de Deif que anunciou, na madrugada do dia 7 de outubro, a operação terrorista: “À luz dos crimes contínuos contra o nosso povo, à luz da orgia da ocupação e da sua negação das leis e resoluções internacionais e à luz do apoio americano e ocidental, decidimos colocar um fim a tudo isto”, foi a mensagem divulgada no início dos cruéis ataques que ceifaram mais de 1.200 vidas no primeiro dia e outras dezenas nos dias que se seguiram.
Enquanto esta mensagem tomava conta das rádios nacionais, centenas de militantes do Hamas se moviam para a fronteira da Faixa de Gaza e se preparavam para lançar mísseis no território de Israel. As explosões que se seguiram serviram para comprovar ao “inimigo” que ele “precisa de compreender que não pode continuar a divertir-se sem ser responsabilizado”.
Deif, de 58 anos, raramente falou ou apareceu em público. Por isso, quando o canal de televisão do Hamas anunciou que ele iria falar no dia do ataque, os palestinos em Gaza souberam que algo grande estava por acontecer. Nos meses que se seguiram ao 7 de outubro, Deif dirigiu operações militares a partir dos túneis e das ruas secundárias de Gaza, com o apoio de outros terroristas.
Mohammed Deif, cujo nome de guerra significa “O Convidado” — por se esconder constantemente em novos abrigos e casas em Gaza para despistar os alvos que lhe eram apontados — nasceu em 1965, na localidade de Khan Younis, em Gaza. Embora sua família enfrentasse várias dificuldades, ele conseguiu ir para a faculdade, na Universidade Islâmica de Gaza, onde supostamente se formou em Biologia.
Em 1987, Deif juntou-se ao braço armado do grupo terrorista Irmandade Muçulmana, uma organização responsável pela criação de diversos outros grupos terroristas, sendo os mais conhecidos a Al-Qaeda, de Osama bin Laden; a Frente de Salvação Islâmica (FIS), que atua na Argélia; a Jamaat-e-Islami, ativa no Paquistão e na Índia, e o próprio Hamas, do qual ele se tornou o líder militar.
Deif foi responsável pela organização de diversos ataques contra civis israelenses, resultando em quatro guerras: em 2009, 2011, 2014 e 2021. Praticamente todas as formas atuais de terrorismo desenvolvidas pelo Hamas foram concebidas por ele. Foi Deif quem introduziu a prática dos sequestros de civis, idealizou a estratégia de criação dos túneis de Gaza e criou os rockets Qassam.
Entre as ações mais espetaculares atribuídas à mente maléfica de Deif, está o sequestro, o longo cativeiro e a posterior negociação pela libertação de Gilad Shalit, quando conseguiu que Israel trocasse mais de 1.000 terroristas por este único soldado. Muitos dos terroristas libertados nesta negociação estavam no grupo que invadiu Israel na manhã do dia 7 de outubro.
Mohammed Deif tinha um único lema de vida: “Tudo o que Allah decidir, acontecerá”. Faltou combinar com as Forças de Defesa de Israel, cujo lema é “Lehagen al ha-Am, Lishmor al ha-Ḥofesh, veLakhon et ha-Shalom”, ou “Defender a Nação, Proteger a Liberdade, e Estabelecer a Paz”.
ANDS | OBSERVADOR