É POSSÍVEL UMA CANDIDATURA PIOR QUE A DE HILLARY OU TRUMP?
As eleições americanas não se resumem à Trump e Clinton
Se você pensa que existem apenas dois candidatos à presidência dos Estados Unidos da América, saiba que está errado. Evidentemente, a disputa séria mesmo está polarizada, como sempre, entre os candidatos do Partido Republicano e do Partido Democrata, mas há mais do que isso no universo eleitoral norte-americano.
No início da corrida presidencial havia cerca de 25 pretendentes, candidatos estes que foram sendo eliminados ao longo do processo eleitoral. Restam agora quatro. Donald Trump e Hillary Clinton são os mais midiáticos, mas há também Gary Johnson, do Partido Libertário, e Jill Stein, dos Verdes.
Caso você, como eu, pensa que o Donald Trump não é o ideal e a Hillary Clinton é um horror, prepare-se para conhecer Jill Stein.
Se observássemos apenas as origens e os sobrenomes, Jill Stein tinha tudo para ser a candidata ideal. Além de ser judia, pura, Stein teve sua candidatura lançada pelo também judeu, puro, Noam Chomsky. O problema é que os dois além de serem judeus seculares, detestam o Estado de Israel.
Jill Stein nasceu há 66 anos numa comunidade judaica da cidade de Chicago, onde sua família frequentava uma “sinagoga reformada”. Não sei definir bem o que vem a ser uma sinagoga reformada, mas creio que é uma daquelas sinagogas que se encaixa bem numa famosa anedota judaica que compartilharei no final desta matéria.
Segundo a própria Jill Stein, foram os seus “valores reformados” que a levaram a ter posturas radicais, como a adesão incondicional ao movimento Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS), um bem orquestrado plano esquerdista que visa minar a Economia do Estado de Israel.
Com uma plataforma de extrema-esquerda, Stein defende o pleno emprego garantido pelo Estado, uma mobilização nacional como a que aconteceu no fim da Segunda Guerra Mundial (New Deal), luta implacável contra o aquecimento global e redução dos gastos militares norte-americanos em 50%.
Além de apoiar o movimento BDS, Stein não perde uma oportunidade de criticar Israel com palavras duras, acusando-o de “crismes de guerra” e de “pilhagem das terras palestinas”. No documento em que apresenta as suas propostas para a política externa norte-americana, Jill Stein diz o seguinte:
“No que diz respeito a Israel, os Estados Unidos têm incentivado as piores tendências do governo daquele país, uma vez que ele prossegue nas suas políticas de ocupação, apartheid, assassinatos, assentamentos ilegais, demolições, bloqueios, construção de bombas nucleares, detenções indefinidas, punição coletiva e desafio às leis internacionais.”
Esta será a postura oficial dos Estados Unidos no hipotético e remoto caso de uma vitória da judia Jill Stein.
Uma judia para presidente dos EUA com apoio dos muçulmanos
Jill Stein cresceu frequentando a Congregação North Shore Israel (NSCI), uma sinagoga (sic) localizada em Glencoe, subúrbio de Chicago. A NSCI é um daqueles “ajuntamentos” de judeus difícil de descrever. Uma mistura de mula-sem-cabeça com curupira e saci-pererê: seus cultos não têm lógica, sua teologia é contrária à Torá e, embora seja uma instituição religiosa, sua metodologia é secular. Secular e abrangente. Além de acolher a comunidade LGTB, a sinagoga é comandada por quatro rabinos e duas rabinas.
Depois de uma infância marcada pela presença constante nas aulas dominicais – sim, o ensino religioso infantil desta sinagoga acontece aos domingos – após a morte da mãe, em 2010, Jill acabou por afastar-se completamente da fé.
Jill Stein costuma creditar à NSCI, com o seu “judaísmo reformado”, a enorme influência que teve nas suas posturas políticas. “Cresci tendo os valores do Antigo Testamento, a regra de ouro, realmente muito martelados em minha educação”, afirmou.
“Meus pais eram da geração Holocausto”, disse numa entrevista para a revista Forbes. “Eu ouvi, da minha mãe em particular, muitos conselhos sobre responsabilidade social, sobre a importância de não se calar diante das coisas erradas.”
Paradoxalmente, mesmo sendo filha de “pais da geração Holocausto”, Jill Stein escolheu como vice-presidente em sua chapa o muçulmano, não religioso (?), Ajamu Baraka.
Che Guevara na camiseta e Yasser Arafat no coração, eis o vice da judia Jill Stein.
Ajamu Baraka é um muçulmano tipo “barakinha paz e amor”, pois vive a ressaltar “o lado positivo” do islamismo. Como se não bastasse, ele é um discreto defensor do atroz Estado Islâmico (ISIS) e não poupou críticas aos europeus quando estes marcharam protestando contra os ataques de novembro de 2015 em Paris.
Embora apresente-se como uma versão humanista secular, uma espécie de muçulmano híbrido – religioso-ateu – Ajamu Baraka não perde uma oportunidade para atacar Israel, a fé do seu povo e as posturas dos seus governantes.
Baraka ficou famoso também por ser coautor de um polêmico livro que procura jogar nas costas dos ocidentais – e de Israel evidentemente – a responsabilidade pelos atentados do 11 de setembro e pelas dezenas de ataques que ocorreram na Europa depois disso.
O livro tem por título “Another French False Flag? Bloody Tracks from Paris to San Bernardino”, e trata-se de uma coletânea de textos de diversos autores antissemitas, incluindo Ajamu Baraka. Na introdução da “obra” (sentido literal e figurado), o organizador, um famoso negacionista do Holocausto chamado Kevin J. Barret, escreveu o seguinte:
“Se você acredita na versão oficial de que ‘foram os muçulmanos os responsáveis’ pelos ataques de 11 de setembro, você deve pensar que esses suspeitos e ostensivos muçulmanos são uns completos idiotas, totalmente incapazes de ter uma visão estratégica, desesperados para entregarem aos neoconservadores sionistas exatamente o tipo de presidente [dos EUA] que eles querem. É claro que há, sem dúvida, alguns muçulmanos irritados e estúpidos lá fora, mas eles são simplesmente bodes expiatórios e não orquestradores [de atentados].”
Se escolher entre Trump e Hillary é difícil, imaginar a vitória de uma Jill Stein é simplesmente aterrorizador.
“ENQUANTO ISSO NUM SUBÚRBIO DE CHICAGO” OU “UMA ANEDOTA PARA ILUSTRAR”
Conta a lenda que um velho rabino, ultraortodoxo até a raiz dos peiot, dirigia de forma austera uma pequena sinagoga num subúrbio de Chicago (coloquei Chicago no relato para combinar com a história da sinagoga da Jill Stein) enquanto na escola o último filho de uma prole de dez aproximava-se do Bar Mitzvah. Coração mole pelo caçula, pergunta a este o que gostaria de receber como presente em tão importante dia.
– Uma Honda! – Responde o menino.
Uma Honda? Que raios é uma Honda, ficou a matutar o velho rabino, que para marcar a posição do sábio da família recusou-se a perguntar ao filho.
No shabat seguinte confidenciou aos membros do minian o pedido incomum do filho: Alguém sabe o que é uma Honda?, perguntou. Ninguém sabia. Foi aí que o mais jovem dos velhos presentes sugeriu:
– Rabbi, no fim da rua há uma sinagoga liberal. Que tal perguntar ao rabino de lá?
Assim que terminou o serviço, e depois de certificar-se que a distância entre os prédios não excedia os 960 metros permitidos para uma caminhada no shabat, o velho rabino ortodoxo esgueirou-se o mais discreto que pôde até à sinagoga liberal.
De longe avistou o rabino liberal que, só de calções, estava a lavar alegremente o carro no jardim da casa. Ao lado, a esposa abanava freneticamente as brasas de uma churrasqueira enquanto o filho, amigo de escola do seu filho, ouvia qualquer coisa no iPhone. Tudo muito descontraído, afinal era shabat.
– Rabbi – começou meio constrangido o rabino ortodoxo – não me leve a mal, mas podes tirar-me uma dúvida? É que estou a preparar o Bar Mitzvah do meu filho e ele pediu-me de presente uma Honda. Ninguém sabe o que é isso na minha congregação. Podes ajudar-me?
– Na hora! – respondeu o rabino liberal, e explicou: – Honda é a marca de uma moto.
Ao perceber que mesmo assim o rabino ortodoxo não havia entendido, o rabino liberal completou: – É uma espécie de bicicleta, só que motorizada.
O velho rabino ortodoxo por fim compreendeu, agradeceu e ao virar-se para voltar à casa foi interrompido pelo jovem rabino liberal.
– Rabbi, não me leve a mal, mas podes tirar-me uma dúvida?
– Claro – respondeu o rabino ortodoxo.
– O que é Bar Mitzvah?
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